Apaixonada

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O sol despontava no Araguaia.

Era o primeiro dia de obras e à mesa do café da manhã da Estância, todos pareciam animados. Sara e Camila falavam sobre o gancho inicial em dinheiro que a Cabello e Griffin haviam dado. Claro que a contribuição da garota não chegou nem perto da contribuição de Griffin, mas isso era só um detalhe. Ela havia usado de seu último salário da fazenda dos Lance e ele havia doado uma parte que seria aplicada na agência de turismo.

Celeste, diferente do resto das mulheres, comia em silêncio. Elas respeitavam seu luto, portanto, a deixavam quieta em seu canto. Isso ou simplesmente não faziam questão de puxar assunto. Poderia muito bem ser qualquer um dos dois.

- E você, Celeste? – Dona Eduarda finalmente chamou sua atenção. – Vai ver as obras ou parte hoje mesmo do Araguaia?

Por algum motivo, a mesa toda parou de falar para escutar a resposta da morena.

- Na verdade, não pretendo ir embora, dona Eduarda.

Sara ergueu as sobrancelhas e logo tentou disfarçar, voltando a encarar sua comida. Trocou um olhar rápido e muito esclarecedor com Ava – e a mulher pensava como ela. Era definitivamente muito estranho Celeste querer ficar.

Camila chegou a engolir seco. Mas se dona Eduarda ou Celeste chegaram a perceber, não disseram nada. A senhora apenas disse:

- Bom pra você.

Camila, Sara e Ava estranharam a resposta atravessada, mas esse era apenas o jeito de dona Eduarda. Voltaram a conversar animadas, deixando novamente Celeste de lado. Depois de alguns minutos, a mulher pediu licença e se levantou, saindo da cozinha.

Camila levantou bruscamente e saiu atrás dela.

- Celeste. – chamou.

A morena parou próxima às escadas, no rumo de seu quarto.

- Oi, Camila.

- Está tudo bem com você?

- Sim. – e ficou um tempo em silêncio. – Eu te disse aquele dia que queria ficar por aqui. Agora não tenho mais motivo pra ir embora.

Ela enfatizou pra se certificar de que Camila não tinha se esquecido daquele dia. Infelizmente, ela ainda se lembrava.

- Entendi. Eu só quero acertar umas coisas contigo. Te avisar que não precisa ir embora daqui se não quiser, e que pode aparecer nas obras quando quiser. Você é bem vinda aqui, Celeste, apesar de tudo.

Claramente, Celeste não gostou de ouvir aquele apesar de tudo, mas Camila não conseguiu segurar. Antes que ela pudesse dar as costas, Camila a segurou levemente pelo braço.

- Espera. Eu quero falar com você sobre as coisas que eu disse aquele dia. No dia que vocês foram.

- Não tem o que falar.

- Tem, sim. Agora que você vai ficar quero deixar claro que minha posição não mudou. Você pode ficar aqui, sim, nessa cidade, nessa casa, pode acompanhar as obras, tranquilo. Mas a minha posição não vai mudar.

Celeste apenas assentiu e deu as costas à Camila, deixando a mulher sozinha na sala. Logo Sara e Ava saíram da cozinha.

- Vamos então? – Ava chamou. – Eu estou muito animada!

Camila sorriu. – Eu também. Estou nervosa.

- Relaxa, Cami. Você é perfeita pra isso.

E as três partiram no Jeep de Sara. Saíram totalmente das terras da Estância e dirigiram quase dez minutos até transpassar a cerca das terras de Griffin Steinfeld. A maioria dos trabalhadores já estavam ali e se separavam em alguns grupos de conversa. Quando as três mulheres desceram do carro, todos se aproximaram.

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