Araguaia

Noiva

oi! feliz ano novo.

Camila não desceu para o café da manhã naquele dia. Em seu quarto ela repassava os momentos que teve ao lado do pai. Gostaria que as mágoas que guardava fizessem ser mais fácil perdê-lo, mas não faziam. Ainda doía mais do que ela poderia admitir.

O céu do Araguaia estava diferente aquele dia, como se acompanhasse o humor de Camila. A menina sabia que era bobeira, mas sorriu quando viu as nuvens tampando o sol.

Saiu do quarto quando já era perto da hora do almoço e, para sua surpresa, encontrou Sara, Ava e Griffin conversando no escritório.

- Dia. – ela cumprimentou.

- Cami! Bom dia. – Sara cumprimentou de volta e os outros dois só sorriram.

- Como está, Camila? – Griffin perguntou.

- Eu nem sei. O que estão fazendo?

- Verificando com Griffin o que a Hailee falou ontem sobre as terras. Se poderíamos construir nas terras deles. – Sara respondeu.

- E está dando certo?

- Sim, claro. Eu não me importo com aquelas terras e com elas produzindo eu ganho mais do que com ela parada. Das terras da Hailee, vamos usar pouca coisa. Não vai nem fazer diferença pra ela.

Camila assentiu e automaticamente deixou de prestar atenção. Os outros continuavam conversando sobre o projeto, mas Camila já tinha se desligado dali. Novamente as lembranças de seu pai inundavam seus pensamentos.

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Depois do almoço, Camila buscou Vênus em um dos piquetes da Estância. Cavalgou em silêncio pelos campos observando o pasto.

As lágrimas vinham em seus olhos várias vezes, mas ela apenas fechava os olhos com força e segurava seu choro e sua dor. Não daria aquele gostinho ao pai. Soltou as rédeas do cavalo e deixou que o animal conduzisse o caminho. Chegou a sentar-se de lado, sentindo o vento gelar seu rosto.

Alejandro e Camila nunca tinham se dado muito bem. Claro que o fato de Alejandro ter deixado Camila com os Lance não tinha ajudado, mas mesmo antes daquilo os dois já não se entendiam muito bem. Camila era marrenta, fazia coisas do seu jeito. Seu pai gostava das coisas do seu jeito também. Mas geralmente isso envolvia dar ordens à Camila, e a menina não aceitava muito bem.

Em geral, a vida dos dois juntos não era pacífica. E quando se separaram, Camila simplesmente não fazia questão de falar com seu pai, que retribuía. E ficavam os dois cada um em canto.

Sem saber muito bem como, Camila se viu cavalgando na beira do rio. Vênus agitava a areia abaixo de suas patas e percorreu um longo caminho antes que Camila puxasse suas rédeas, diminuindo a velocidade.

A figura dentro do rio deixava Camila no mínimo curiosa. Hailee estava de shorts e camiseta e brincava na água. Parecia meio sem sentido, já que não fazia tanto calor assim. Cabello ficou ali observando.

Hailee notou sua presença depois de longos minutos. Sorriu levemente e saiu do rio, se aproximando do cavalo.

- Não me parece o clima exato pra um banho de rio. – Camila comentou quando a outra se aproximou.

- Eu precisava pensar um pouco. A água me ajuda.

Camila apenas assentiu.

- Vem. Quem sabe a água não te ajuda também.

Camila analisou a proposta por um segundo e logo estava descendo do cavalo. Levou Vênus até uma sombra e amarrou as rédeas do animal. Deixou por ali o boné azul marinho que usava, junto com a camisa de flanela e as botas. Dobrou a barra da calça e se juntou à Hailee dentro do rio.