Estância Cabello

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A menina carregava uma expressão confusa. Tinha cabelos castanhos longos, as bochechas gordinhas e um queixo bem desenhado. Camila perdeu as palavras por um momento.

- O que foi que aconteceu?

- Bom... você parecia em disparada, eu... parei o cavalo.

- Meu cavalo. – ela pareceu se lembrar do que acontecera. – Onde está?

- Ele saiu... – ela apontou pras árvores. – Eu não sei.

- E me parou por quê então? Com vontade de morrer se jogando na frente do cavalo dos outros por aí?

- Não. Definitivamente não. Me parecia em apuros e eu...

- Eu não estava em apuros.

Camila sorriu da teimosia.

- Tudo bem. Mas se machucou? Precisa de alguma assistência?

- Sim. – ela se levantou. – Preciso encontrar meu cavalo.

- O quê? Mas...

Ela não deixou Camila terminar, apenas saiu tempestivamente pela estrada.

Camila sorriu observando-a.

- Vai ficar o dia todo aí? – Sara chamou.

Camila negou e voltou a entrar no carro.

- Encontro estranho. – Sara comentou despretensiosa.

- Muito. Você viu como ela vinha? Ia cair em menos de 30 metros.

- Claro que vi. Não entendo nada de cavalo, Camila, mas você derrubou a mulher. Isso ficou claro.

- Não foi minha intenção. – Camila murmurou parecendo emburrada. Pelo retrovisor, conseguiu ver o carro de seu pai se aproximando.

- Eles já tão aqui. Vamos logo.

Sara ainda sorriu, mas não comentou nada.

-/-

As terras da Estância Cabello eram fartas, isso sem dúvida, mas pareciam abandonadas. O pasto estava mal cuidado e as poucas vacas estavam magras e com aparência ruim.

- O que será que aconteceu aqui? – Camila murmurou.

Sara não respondeu, também parecia lamentar o mau uso daquele lugar. Seguiram pela estrada até chegarem à sede. Era um sobrado enorme que se erguia no topo da colina. Parecia velho e mal cuidado, como tudo ali, mas ainda assim era bonito.

Os quatro chegaram até a sala, que dava acesso a vários cômodos. Tinha uma sala de trabalho a direita, que continha uma biblioteca particular e uma mesa. Do outro lado estava a cozinha e ao lado esquerdo da escada que ficava no centro da sala, estavam dois quartos.

Uma senhora muito velha saiu da cozinha e pareceu sorrir quando viu os quatro.

- Alejandro? Pensei que não viria.

O homem apenas assentiu, mas não respondeu.

- Dona Eduarda.

- Imagino que essa seja sua filha. Camila. – ela apontou.

- Sou eu, sim. – ela se aproximou. – Muito prazer, dona Eduarda.

- Essas são Sara, uma amiga, e Celeste, a esposa do meu pai.

Dona Eduarda analisou as duas e ficou em silêncio.

- Muito prazer, dona Eduarda. – Celeste se pronunciou depois de um tempo constrangedor.

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