Des(encontro)

305 27 9
                                    


Camila não respondeu. Sorriu, achando que aquilo era brincadeira do destino. Não podia ser mais uma coisa dando errada naquele momento, não é?

- Celeste... vai pra casa. Tá muito tarde.

A outra suspirou, sabia que Camila teria aquela reação.

- Tudo bem, eu vou. Fica com o Vênus, desculpa ter pegado seu cavalo.

- Não... vai com ele, tá muito tarde. Eu vou com a Sara.

Celeste assentiu e deu as costas, deixando Camila sozinha. A Cabello tirou o boné da cabeça e se escorou na árvore, observando Celeste cavalgar pra longe.

- Me desculpa, Alejandro. – Camila sussurrou ao vento, sentindo o peso da culpa em seu coração. – Eu não tenho mais raiva.

Esperava que as palavras chegassem a seu pai de alguma forma, mas sabia que aquilo era consolo para si mesma. Preferiu ir embora sozinha, nem mesmo voltou à roda com seus amigos, foi caminhando no sentido da casa da Estância.

Chegou em silêncio. Pela janela da cozinha viu Vênus desarreado, o que indicava que Celeste já estava ali. Bebeu um copo de água e sentou à mesa da cozinha, pensativa. Mil coisas passavam pela sua cabeça naquele momento.

Camila foi tirada de seus pensamentos ao ouvir Sara e Ava chegando. Pôde acompanhar pelo barulho quando as duas desceram do carro, entraram em casa – deixando as chaves na mesinha da sala, e quando Ava se despediu de Sara com um beijo, passando para seu quarto sem reparar a presença de Camila na cozinha.

Sara pareceu ter a mesma ideia de Camila e passou pela cozinha pra tomar água.

- Camila? – ela perguntou alto quando viu a amiga. – Meu Deus, achei que ela tivesse te matado.

Camila riu. – Não pareceu preocupada quando chegou abraçadinha na Ava.

Camila provocou e Sara bateu em seu braço.

- Cala a boca, maldita. E conta logo o que aconteceu com a Celeste.

Sara achou um final de doce na geladeira e pegou duas colheres pra dividir com Camila enquanto ela contava.

- Ela disse que tá apaixonada por mim.

Sara deixou a colher cair. – O quê?

- Disse que tá apaixonada por mim.

Sara continuou encarando Camila em silêncio, tentando entender.

Camila riu.

- O que foi, Sara?

- Desculpa, é que... o quê?

Camila desatou a rir.

- Sara, eu tenho tanta coisa pra te contar. Você nem imagina.

- Então conta, Camila. Porque pra mim isso tá sem pé nem cabeça. Não era com a filinha do coronel que você estava envolvida?

- Começou no dia que eu fui na fazenda do Pete saber sobre a dívida da minha avó. Lembra que eu cheguei chamando ele e falei que não ia entregar as terras? Até pedi pra ele ir embora.

- Sim. Sim. Você jogou dinheiro na cara dele. – Sara lembrou risonha.

Camila revirou os olhos se lembrando mais detalhadamente. – Aí eu fui pro quarto. Você foi atrás de mim, e logo a Celeste pediu pra conversar comigo.

- Meu Deus, o que foi que aconteceu ali?

- Ela me beijou.

Sara ficou um tempinho em silêncio, até que caiu na gargalhada. A loira ria tanto que tinham lágrimas em seus olhos.

AraguaiaOnde histórias criam vida. Descubra agora