Araguaia

DNA

Camila estava com dificuldades de se recuperar. Estar longe de Hailee era difícil, mas saber que seus sentimentos eram impuros era muito pior. Sentada à mesa durante o almoço, a Cabello estava com a mente longe. Não conseguia desviar os pensamentos da notícia que recebera de manhã e nem dos olhos de Hailee brilhando em lágrimas.

Talvez fosse a parte que mais doía em Camila. Ver Hailee invadir seu quarto com a expressão desesperada e os olhos claros de lágrimas quebrou seu coração. A cena dificilmente sairia de sua mente.

- Camila? Camila? – dona Eduarda a chamava.

- Oi.

- Você vai ficar bem. – ela segurou umas das mãos de Camila por cima da mesa.

- É difícil de acreditar.

Dona Eduarda apenas acenou em concordância.

- Olha, o comprador tá falando comigo. – Sara interrompeu as duas. – Ele vem agora à tarde.

Camila apenas balançou a cabeça, e Sara não quis forçar a barra com a amiga.

Depois do almoço, Sara e Camila foram até o campo de girassóis onde se encontraram com o comprador. O rapaz, definitivamente, não era dali. Tinha a pele bronzeada, era alto, dos cabelos revoltos. Usava óculos escuros, bermuda clara e uma camisa regata e um tênis all star.

- Boa tarde. Sara, certo?

- Isso. Essa é a Camila.

- Olá.

- Vem, eu vou te mostrar o campo. – Sara acenou para o homem a seguisse, tomando a frente já sabendo que Camila não tomaria.

Camila sentou na porteira e observou enquanto Sara fazia negócio com o rapaz. Os dois conversaram por um longo tempo e o homem caminhou por toda a plantação, observando.

Quase duas horas depois, os dois se aproximaram de Camila novamente.

- Ele assinou contrato.

Camila sorriu.

- Que bom.

- Assim que voltar para o hotel, vou transferir o dinheiro para sua conta, Camila. A minha família fazia negócios com a sua avó, não preciso nem ver os girassóis pra saber como vão nascer.

- Ouvi falar dos girassóis daquela época também. Essa é qualidade que estamos buscando.

O homem assentiu para Camila, e logo deixou a Estância.

- Não vai nem dar um sorrisinho? Nossa primeira safra.

- Vou pagar o Pete ainda hoje.

Sara acariciou a perna de Camila. – Nossa primeira safra, Cami. As coisas vão se ajeitar.

Uma hora depois, o celular de Camila apitou com a notificação de seu banco de que o dinheiro do rapaz tinha caído em sua conta. A Cabello imediatamente abriu seu bloco de notas onde organizava suas finanças e separou a quantia que daria a Pete Steinfeld.

Avisou a Sara aonde iria e deixou a Estância, indo direto a um caixa eletrônico na cidade. Sacou o dinheiro e dirigiu até a fazenda dos Steinfeld. Seus pensamentos revoltos voltaram e pareciam ficarem mais fortes à medida que se aproximava da enorme casa dos Steinfeld.

Desceu do Jeep de Sara e pediu a uma funcionária que fosse anunciada para Pete. A mulher voltou alguns minutos depois permitindo a entrada de Camila.

- Parece que aprendeu umas boas maneiras de uns dias pra cá.

- Eu vim pagar o que te devo, só isso.

- Pagar o que me deve? Isso é sobre a Estância? Porque se for, agora não há necessidade, você é minha fi...