Capítulo 06

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"Voy sintiendo el fuego en mi interior
Me muero por conocerte, saber qué es lo que piensas
Abrir todas tus puertas y vencer esas tormentas que nos quieran abatir
Centrar en tus ojos mi mirada, cantar contigo al alba"
(Sin Miedo A Nada – Álex Ubago)

Chegando ao hospital, me informei sobre o estado de saúde e sobre a cirurgia à qual meu paciente seria submetido.

Mateo estava com uma obstrução intestinal, decorrente da expansão de tamanho daquela massa abdominal que identifiquei logo na primeira consulta.

O resultado da biópsia indicava que se tratava de fato de um tumor maligno e o plano inicial da equipe médica era de reduzir o tamanho da massa através de quimioterapia antes de operar, para aumentar a chance de sucesso. Porém, a massa cresceu muito rápido e com isso acabou obstruindo e comprometendo o funcionamento do intestino dele, caracterizando assim, uma emergência cirúrgica.

Cheguei em pouco tempo e pedi autorização do cirurgião no comando para participar do procedimento. Uma vez autorizada, corri até o vestiário para vestir meu scrub esterilizado e me preparar.

Mateo ainda estava acordado quando adentrei a sala de cirurgia e as enfermeiras preparavam as máquinas e equipamentos em volta dele, que observava tudo parecendo bastante assustado. O monitor cardíaco ao lado dele confirmava, mostrando uma frequência cardíaca levemente acelerada.

– Oi, amiguinho. Como você está?

Perguntei, me aproximando dele.

– Carina! Quando eu perguntei, o médico barbudo disse que você não estava no hospital hoje.

Mateo disse, bravo, como se alguém o tivesse enganado.

O médico barbudo em questão era um outro pediatra do hospital, que provavelmente o atendera mais cedo neste dia.

– Eu não estava mesmo, mas quando me avisaram que você estava chamando por mim, eu vim correndo!

Sorri e ele sorriu de volta, mesmo parecendo ainda tenso.

O anestesista se aproximou de Mateo com a máscara de sedação e disse:

– Com licença, garotão. Vou colocar isso no seu rosto e você vai dormir, está bem?

O pequeno se assustou mais uma vez e virou o rosto na minha direção, falando:

– Não deixaram minha mãe vir comigo.

Fiz sinal para que o anestesista recuasse e esperasse um pouco até que o paciente estivesse mais calmo.

– É porque só podem entrar aqui os médicos e os pacientes, querido.

Expliquei e ele continuou, na esperança que fôssemos voltar atrás e permitir que sua mãe descesse:

– Mas ela não ia atrapalhar, só ia segurar minha mão.

– Eu sei, meu amor. Mas olha, eu vou estar aqui e posso segurar sua mão. O que você acha?

Ofereci, percebendo que a analgesia era só o que faltava para começarmos o procedimento e todos na sala estavam aguardando.

– Você vai ficar aqui o tempo todo?

Ele perguntou.

– Sim. O tempo todo!

Respondi para tranquiliza-lo.

– Tudo bem. – Mateo respondeu, me entregando uma de suas mãozinhas. – Mas eu não estou com sono!

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