Capítulo 05

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"Something must've gone wrong in my brain
Got your chemicals all in my veins
Feeling all the highs, feeling all the pain
Let go on the wheel, it's the bullet lane
Now I'm seeing red, not thinking straight
Blurring all the lines, you intoxicate me
Just like nicotine, heroin, morphine
Suddenly, I'm a fiend and you're all I need
All I need
Yeah, you're all I need"
(Never Be The Same - Camila Cabello)

– Alô?

Atendi o celular de dentro do consultório mesmo, já que a espera do hospital estava vazia por algum tipo de milagre e eu não tinha mini pacientes para atender de imediato.

– Oi, Carina! Tudo bem?

Reconheci a voz de Cristián e percebi que não tinha lido o nome do chamador antes de atender.

– Oi, Cris! Tudo sim, e com você? – Perguntei, segurando o celular entre o ombro e a cabeça, para deixar minhas mãos livres o suficiente para fazer rabiscos nos papéis rascunho que ficavam em cima da minha mesa – Essa noite eu tenho plantão, mas a gente pode combinar amanhã, se quiser.

Falei, achando que poderia prever o assunto da ligação, já que nossos contatos costumavam se resumir a esse tipo de combinado.

– Não, na verdade não foi para isso que liguei. – Ele falou, meio sem jeito, do outro lado da linha. – Estava pensando sobre o que a gente conversou noutro dia, sobre futebol. Acho que nunca é tarde para conhecer e começar a gostar do esporte, e tenho um ingresso a mais para a partida contra o Getafe no Sábado! Sofia vai estar comigo e minha mãe vai vir para levá-la ao estádio. Que tal se você for com as duas?

Ele perguntou e eu soltei a caneta em cima da mesa num susto. Éramos amigos de cama, como assim de repente ele já queria que eu conhecesse a mãe dele?

– Uau, Cristián... é um convite e tanto. Eu nem sei como agradecer. Acho que é... Não sei se é uma boa, eu realmente não faço ideia do que acontece dentro do gramado, talvez tenha outra pessoa que você possa levar que vai aproveitar mais a oportunidade. Não?

Tentei explicar, gaguejando.

– Eu ganho ingressos para todos os jogos, Cari. Não vai ser esforço nenhum, só achei que seria legal para você conhecer, sentir a energia. – Ele explicou – Além do mais, os ingressos são do camarote. Se a partida estiver péssima, pelo menos lá tem comida e wi-fi.

Ele riu e eu ri de volta.

– Vamos! Você deve isso à Carina de alguns anos atrás que queria conhecer um estádio de futebol e não pôde.

– Certo. Eu topo!

Concordei, no impulso.

– Ótimo. Vou buscar a Sofia depois da escola na Sexta e minha mãe vem de Guadalajara no sábado de manhã. A gente combina qual o melhor horário para vocês se encontrarem!

– Tá bom. A gente se fala! Obrigada pela lembrança.

– Não tem de quê. Nos falamos! Tchau.

– Tchau.

Desliguei o telefone não acreditando no que acabara de fazer.

– Amanda, você não acredita no que eu fiz.

Corri até o consultório da ortopedia e falei, assim que vi a sala vazia.

– Lá vem.

Ela se preparou para receber a notícia, fechando algumas abas no computador para prestar atenção em mim.

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