Capítulo 17

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"No te rogaré, porque ¿qué más da?
Y sí lloraré, tú ni cuenta te darás
Llegará ese mes, flores faltarán
Dolerá por tres, pero se dividirán

Todas esas ganas de hablarte
Lo siento pero no es normal
No poder dormir sin soñarte
Me duele una vida contigo
Pero me duele más dejarte atrás

Prefiero perder a un amigo
Que no poder volver a verte más, a verte más"
(÷ Dividido – Aitana)

A noite de hambúrguer terminou tarde da noite com Amanda e eu fazendo planos e mais planos para sua futura vida em Nova York. Nos empolgamos tanto que fomos dormir de madrugada e, com isso, acabei nem me lembrando dos planos de ligar para Cristián e conversar com ele.

– O que há de tão engraçado? Também quero rir.

Perguntei, no dia seguinte pela manhã, adentrando a antessala do "sossego" médico, onde, nas mesas redondas nas quais os médicos costumam comer ou sentar para conversar em seus momentos de tempo livre, um grupo de quatro internos ria observando a tela de um celular.

A manhã de quinta-feira era fria e nebulosa, mas tinha tudo para ser só mais um dia de trabalho normal.

– O que foi?

Repeti a pergunta, percebendo que eles diminuíram as risadas ao me verem aproximar.

– Não é nada engraçado. – Uma quinta colega, que estava deitada em um dos sofás mais ao fundo da sala, comentou, em tom de desaprovação – Tem um vídeo íntimo correndo pela internet, de uma menina perdendo a virgindade. Todos os homens de Madrid devem tê-lo recebido, porque hoje no metrô a caminho do hospital isso era tudo sobre o que eu ouvia. Não sei que tipo de senso de humor eles têm para achar algo engraçado nessa situação, mas a mim me dá asco. Esse vídeo certamente foi compartilhado sem autorização dela. Vocês são podres!

A moça disse, parecendo farta de ouvir as risadinhas e comentários sobre o vídeo.

– Fala sério, parece um bezerro.

Um deles comentou, arrancando novas risadas dos outros três. Movimentei a cabeça em negação e, antes que pudesse dizer algo para repreender a atitude dos rapazes, o que segurava o celular o virou em minha direção como se quisesse que eu me juntasse ao momento divertido que eles estavam dividindo ali.

Logo eu.

O capítulo sobre o vídeo íntimo que tive exposto era uma parte da minha vida sobre a qual, via de regra, eu não comentava com as pessoas que me conheceram após o episódio. Uma exceção era Amanda, com quem dividi a história em algum momento ainda no primeiro ano que começamos a estudar juntas e, a outra exceção, era Cristián, com quem comentei em algum momento de pouca lucidez, no curto período que fazia desde que nos conhecíamos.

Para mim, não tocar mais no assunto era como negar a existência do ocorrido e fingir que tudo não havia passado de um pesadelo ou qualquer outra coisa que não fosse real, exatamente como eu queria que tivesse sido, muito embora, no meu subconsciente e na minha memória eu soubesse exatamente o quão real tudo aquilo foi.

– Deixe ela decidir se tem graça ou não, Mirella. Não seja uma estraga-prazeres.

O rapaz disse, enquanto observava minha reação ao olhar para a tela daquele celular. Meu primeiro impulso foi de resistir a compactuar com mais exposição na vida daquela garota e desviar o olhar, mas algo naquele vídeo me prendeu.

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