Capítulo 24

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"Hablemos de ruina y espina
Hablemos de polvo y herida
De mi miedo a las alturas
Lo que quieras, pero hablemos
De todo menos del tiempo
Que se escurre entre los dedos
...
Maldita dulzura la tuya"
(Maldita Dulzura – Vetusta Morla fr. Carla Morrison)

– Dr. Armando?

Chamei, vendo que o médico comia um lanche na cafeteria.

– Olá, Carina! Como foi com Isabel?

Ele perguntou, preocupado ao me ver.

– Armando, ela me implorou para dizer a ela se souber de alguma alternativa. E eu sei de uma alternativa! Não posso continuar fingindo que não.

Desabafei, sendo totalmente inconveniente por atrapalhá-lo durante um momento de sossego, mas – dessa vez – não me importando nem um pouco com isso.

O médico suspirou.

– De quantos euros estamos falando? – Perguntei – Só para eu ter uma ideia, assim posso me convencer de uma vez por todas que é impossível conseguir toda essa quantidade de dinheiro em tão pouco tempo. Ou traçar um plano para ajudá-los a conseguir.

Armando suspirou novamente, tirando seu celular do bolso e fazendo algumas pesquisas antes de me responder:

– Acredito que só a extração das células estaminais, o armazenamento delas e o processo de transplante custaria, em média, 6.000 euros. Se isso der certo, ainda teremos as novas sessões de quimioterapia, com os novos fármacos, que ficaria em média mais uns 10.000 euros por sessão. Eu diria que Mateo precisa de umas 10 para vermos algum resultado... Uns cento e dez mil euros, só para começar. Teríamos que checar a disponibilidade desse serviço ser feito aqui no hospital, caso contrário, precisaríamos encaminhá-lo a outro hospital, em outra cidade, para dar sequência ao tratamento e aí haveria mais gastos com acomodação e transporte.

– Isso já não seria tão caro! Eu acho que é possível, Dr. Armando, se mobilizarmos várias pessoas.

O médico me olhava com estranheza.

– Você teria que arrecadar quase quatro mil euros por dia para conseguirmos chegar ao valor final em um mês, Carina. – Ele disse, me devolvendo um cálculo matemático feito na calculadora do celular – Isso é muito dinheiro. Mateo tem pouco tempo.

Refleti por algum tempo e percebi que Armando tinha razão.

Suspirei, me sentindo sem saída.

– Admiro seu esforço, Carina. Mas acho que já é hora de parar.

O médico disse, com um pouco mais de firmeza.

– Tudo bem. Você tem razão – Assenti, cabisbaixa. – Desculpe incomodar.

– Não por isso!

Armando finalizou, em tom de despedida.

Saí caminhando pelo terraço, derramando algumas lágrimas pelo caminho. No caminho de volta para a área de atendimentos, passei pela brinquedoteca das crianças mais uma vez e os funcionários continuavam ali, limpando e desinfetando cada peça antes de posicioná-las nas prateleiras.

Algumas caixas ao fundo continham brinquedos que ainda aguardavam para serem limpos e guardados e, quando me aproximei delas, algo me chamou a atenção. Uma das caixas de papelão que estava servindo de embalagem para os brinquedos, parecia já ter sido algum dia a embalagem de garrafas de vinho. Na lateral, observei uma logomarca que parecia familiar e o nome que soava mais familiar ainda.

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