Capítulo 10

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"Sé que es mentir decirte que no me gustas
Si quieres la verdad, el amor me asusta
Y aunque me quede callada
Y aunque te baje la mirada
Sé que por dentro soy tan feliz
cuando tú me buscas
...
Si tu me sigues hablando
Vas a hacer que me enamore"
(Flores – Tini)

– Oh meu Deus, não acredito!

Eu disse, me aproximando do homem que avistei de longe sentado em uma das cadeiras da cafeteria do shopping.

Cristián se vestia do que quase podia ser considerado um disfarce: o boné de alguma grife famosa cobria seus cabelos, enquanto uma jaqueta jeans que tinha uma gola alta, cobria praticamente metade de seu rosto.

A fama paga bem, mas tem seu preço também. Para mim, que não abro mão da minha própria liberdade, ter que ir ao shopping vestindo um disfarce para ter alguns minutos de paz me parecia um preço bem caro.

Observando-o de longe, tão bem escondido, até me questionei como pude ter tanta certeza que era ele antes de abordá-lo. Talvez tenham sido os olhos, que, mesmo distraídos na tela do celular que ele manuseava, ainda eram os olhos de Cristián e eu os reconheceria a quilômetros de distância.

– Cari! – Ele exclamou, depois do pequeno susto por ter sido reconhecido e um leve delay até me reconhecer. – Como você está?

– Tudo bem! E você? Como foi de viagem?

Perguntei, me lembrando que em uma troca de mensagens recentes ele havia adiantado que teria uma semana movimentada pelos jogos fora e que não estaria na cidade até quinta-feira, que era justamente o dia em questão.

– Acabei de chegar, acredita? Tenho uma reunião com meu empresário e ele sugeriu que fosse aqui, então vim. E você? O que faz aqui?

As cafeterias do shopping sempre me parecem o lugar ideal para pessoas de negócios se encontrarem e abrirem seus laptops para conversarem sobre questões empresariais enquanto desfrutam de um delicioso café. Era uma pena que, em geral, minhas reuniões referentes a trabalho acontecessem dentro de salas do hospital.

– É uma boa pergunta! – Eu ri. O que eu fazia no shopping mais chique da cidade quando só olhar para as vitrines das lojas dali já estourava meu limite do cartão? – Quebrei meu oftalmoscópio em uma consulta e precisava de um novo. Tenho crédito na loja de equipamentos médicos daqui, por isso eu vim! Amo o café desta cafeteria, então sempre que venho, faço essa parada obrigatória antes de ir embora.

Expliquei, mostrando a sacola na qual coloquei o oftalmoscópio que comprei, junto de uma lanterna clínica que, bom, eu não precisava, mas estava na promoção e eu pensei "ah, por que não?"

– É realmente um ótimo café! Entra aí, falta um pouco até meu empresário chegar... Eu cheguei bem cedo.

Cristián ofereceu e eu pensei mais uma vez "ah, por que não?" antes de aceitar.

– Hum.. Tudo bem! O que você pediu?

Perguntei, adentrando a cafeteria e me assentando no lugar à frente de Cristián, que provavelmente estava reservado para o empresário, mas que seria meu até que ele chegasse.

– Um Caramel Macchiato.

Ele respondeu, chegando mais perto para apontar para a bebida específica no cardápio que eu observava.

Uma curiosidade sobre Cristián é que ele está sempre cheiroso. Algo em mim sempre se questionava se mesmo dentro de campo com todo aquele suor ele conseguia se manter cheiroso assim, porque não houve sequer um momento em que não me surpreendi positivamente pelo perfume que exalava dele.

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