Angel

5 - Presença

10 anos depois.
Alguns dias anteriores à briga.

Assim como predito por Sam, a garota com quem Dean se relacionava na época de sua peça durou pouco tempo, e logo Dean se encontrou solteiro mais uma vez. Mas não foi a primeira nem última vez que tal situação aconteceu ao irmão mais velho.

Ao longo do tempo, Dean se relacionou com mais algumas mulheres. Sempre ia a bares ou lugares do tipo para conhecê-las; quando dava certo e as noites casuais se transformavam em algo mais fixo, ele começava um novo namoro, que na maioria das vezes não durava mais que uma ou duas semanas.

O seu único relacionamento que se tornou exceção a este caso foi com uma mulher chamada Lyla. Dean realmente se viu aos poucos se apaixonar por ela no início. Além de bela, com seus cabelos cacheados, lábios tentadores e pele marron, Lyla era inteligente, compreensiva e partilhava de diversos gostos em comum a Dean. Tudo funcionava perfeitamente entre eles.

Até que Dean começou a se afastar, suas inseguranças o consumiram e, entrando em um acordo, os dois decidiram que era hora de parar. A relação não funcionava mais como no início, as intimidades haviam esfriado e as conversas eram cada vez mais escassas.

Felizmente, Lyla era perfeitamente complacente e não carregou nenhum tipo de remorso de Dean depois dos três anos de união entre eles.

Apesar disso, mesmo alguns dias após o término terem passado, sozinho em sua casa, Dean se culpa pelo ocorrido. Encarando a tv, sem absorver sequer uma cor do que via, está submerso demais em seus pensamentos, suas culpas e seus medos.

Ele sente como se devesse ter se esforçado mais com a mulher, como se tivesse falhado miseravelmente em algo que a vitória parecia eminente. Ele pensa também como falaria ao seu pai sobre o assunto. Claro, o motivo de todos aqueles pensamentos eram causados por John, afinal de contas, é ele que faz questão de constantemente pressionar Dean para que arranje uma mulher, se case e construa logo uma família. "Família é o que ficará ao seu lado quando todos os seus amiguinhos te abandonarem, então, trate de ter a sua logo", é o que ele sempre diz.

Do que adiantaria, entretanto, continuar com Lyla apenas para agradar seu pai? Do que adiantaria prender uma mulher - que merece muito mais - a alguém como ele, tão instável e tão insuficiente?

São estes questionamentos que o fazem continuar olhando a tv à sua frente por minutos, até conseguir enfim fechar seus olhos, balançar sua cabeça e despertar dos devaneios. Seu celular está em sua mão, e desistindo de hesitar, ele desbloqueia o aparelho e disca o número que já sabe de cor, apertando em seguida no botão de ligação.

O apelido, que até hoje permanece, logo aparece frente a seus olhos.

"Anjo".

Dentre todos esses anos que se passaram desde o dia em que eles se conheceram, a amizade que nasceu entre os dois se fortificou de tal maneira que atualmente nenhum dos dois vivem um dia sem conversarem um com o outro. Castiel é a única pessoa com quem Dean não sente medo de falar sobre o que vem em sua mente, ele sempre compartilha coisas sobre seu dia e se agrada quando escuta a mesma coisa vindo do outro.

A relação que eles possuem é de total conforto, eles sabem que podem contar um com o outro para qualquer coisa, e dessa vez não seria diferente.

Quando se arriscava caminhar por considerações mais profundas, Dean imaginava como seria se relacionar mais profundamente com Castiel. Como em um... namoro. O pensamento o amedrontava, a primeira coisa que lhe vinha à mente após pensar de tal maneira seria a reação de seu pai. Dean sabe que John é extremamente tradicionalista e que um relacionamento com outro cara nunca seria aceito por ele. Mas, claro, ele apenas pensava nisso de maneira hipotética. Afinal, ele não está fora do armário e nem sabe se sairia algum dia. Se sente mais seguro assim.