15 - Liberdade

454 60 24
                                    

Notas:
Segura peão que esse capítulo ficou enorme.
A história finalmente vai começar a caminhar pra um fim (aleluia). Estou animada pra terminar pra poder dar andamento às minhas próximas ideias.
Além disso, fica o aviso aqui – este capítulo contém menções de ansiedade e crises de pânico, homofobia e (mini spoiler que já ta na capa) conteúdo explícito.
Tomem cuidado e sejam cientes de seus limites, mas, como sempre procuro prezar a saúde mental de vocês e a minha, tudo vai acabar bem, confiem em mim!
Obrigada, sinceramente, mais uma vez para quem ainda me acompanha. Independente da quantidade, seja 1 ou 1000 leitores, escrevo de coração.
Chega de balela.
Boa viagem!



Toda sensação de exaustão precisa de um descanso.

Toda tensão precisa de um alívio.

Todo medo precisa de um acolhimento.

Depois de tantos anos dedicando sua vida a um trabalho incessante, um dia de completo descanso como o que Dean teve foi a recuperação de um fôlego que ele há muito havia perdido. Principalmente por ter passado ao lado de Cas.

A partir dali, os dias decorreram mais facilmente. Dean pode finalmente começar a dedicar tempo a seu currículo, ao seus pensamentos e à novas possibilidades.

Ficou tanto tempo preso aos carros, às ordens de seu pai e a uma imagem de si mesmo que não era totalmente verdadeira, que ele sente agora que precisa buscar chaves - provavelmente enferrujadas - para abrir um baú de desejos e sonhos fechado durante anos.

Dean meramente teve infância. Em sua juventude, procurou descontar todos os seus ressentimentos em garotas, relacionamentos curtos, cervejas, passeios com Sammy depois de ganhar seu impala. Agora, enquanto adulto, sente que precisa retomar anos de sua vida, talvez praticamente ela toda, para descobrir o que fazer a seguir, como recompensar os anos que viveu reprimido.

Os primeiros dias foram os mais complicados. Apesar de parecer teoricamente simples escrever um currículo, procurar lugares novos sem nenhuma pressa, na prática é totalmente diferente. Como alguém que passou tanto tempo com apenas uma ideia de vida deixa ela para trás e recomeça? Dean não faz ideia para que lado ir. A única certeza que tem é a de que não quer ver motores, pneus ou qualquer outra peça automobilística tão cedo, ou nunca mais.

Castiel atua como seu firme apoio. No início da semana, enquanto não trabalha em sua peça ou leva Jack para a escola, dedica horas pacientes de conversa com Dean, o ouvindo, tentando o aconselhar, constantemente reafirmando que ele poderia tomar o tempo que precisasse.

Mas Dean está cansado de deixar o tempo passar.

Exceto quando passa tempo ao lado dele, ajudando-o a cozinhar, assistindo qualquer coisa na TV, fingindo ficar ao celular quando na verdade observa Cas se concentrar em frente a tela do computador, escrevendo novos roteiros e consertando antigos.

O cotidiano com Cas é certamente agradável, a companhia dele e de Jack preenchem o vazio que antes habitava em seu peito. Mas mentiria se dissesse que não sentia receios vez ou outra acompanhados de uma vontade de ir embora, deixando de ser uma pedra no sapato dos outros.

Contudo, tais sentimentos sempre acabam amenizados pelas atitudes de seu anjo. Seu carinho e seu amor.

A semana passa devagar, mas não de uma maneira lenta e tediosa e sim calma.

Na quarta e quinta-feira, Dean tira as tardes para andar pela cidade, deixando alguns currículos espalhados. Vez ou outra sente seu corpo enrijecer ao ver um homem alto, moreno e de idade mais avançada, sua mente o enganando e assumindo ser seu pai. Para seu alívio, não teve a infelicidade de encontrá-lo nesse meio tempo.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora