14 - Descanso

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A primeira manhã em um local que não seja o habitual, mesmo sendo um lugar conhecido, faz com que percepções dos arredores levem um tempo a se encaixarem. É assim que Dean se sente ao abrir os olhos, encarar um teto que não é seu, sentir uma maciez incomum do colchão sob seu corpo e, além de tudo, a afeição de uma presença ao seu lado da qual não está acostumado a ter.

Dean se gratifica por estar ali, mesmo que preguiçosamente.

— Bom dia. – A voz de Cas soa suave, recém acordada.

— Hmn...

— Como se sente?

— Tô bem... cansado... exausto... bem. Você? – Dean não se mexe, seus olhos fechados novamente, sua única atenção voltada a escutar a voz de Castiel.

— Eu avisei. – Cas ri, percebendo a quantidade enorme de sono que Dean ainda sente. – Eu estou bem. Você devia dormir mais.

— Concordo... mas não quero ser um estorvo–

— Dean. A gente falou sobre isso, você não é.

— Ok, ok... tem certeza?

— Claro que sim. – Deitando-se de lado, Cas toca com delicadeza o rosto de Dean, deslizando seus dedos ao longo dos cabelos atrás de sua orelha. – Como eu disse ontem, você vai descansar a partir de agora e vai fazer isso até se sentir bem.

A onda de conforto e acolhimento que percorre cada centímetro do corpo de Dean também é algo que Dean não está acostumado a sentir.

— Cas.

— Sim?

— Não mereço você.

— Dean. Não pense assim. Eu só sou eu... você merece coisas boas.

— Mas você é bom demais.

— Não, eu só tento fazer o melhor pro seu bem. Isso deveria ser o básico pra você e não algo tão extraordinário.

— ... essa semana foi uma merda. Acho que a melhor coisa que recebi do meu pai foi um "até amanhã".

E ainda foi um até amanhã forçado, já que um funcionário se despedira de John e ele teve de responder. Dean estava logo ao lado dele no momento, acabou recebendo o olhar rápido do pai. Talvez nem tenha sido direcionado a ele, mas pensar em coisas "boas" que recebeu do pai apenas o desanima já que elas mal existiam.

— O melhor que ele vai receber de mim vai ser um soco.

Dean ri e Castiel se contenta.

— Nah... não vale à pena.

— Esquece ele. Descanse mais.

— Você vai ficar?

— Você quer que eu fique?

— Quero.

— Então eu fico. – Castiel sorri mais uma vez, seus braços dando abertura para que Dean se aproximasse de novo, e assim ele faz.

Seu cansaço é notável, tanto que leva pouquíssimo tempo para adormecer novamente. Talvez fosse um efeito das carícias de Cas, mas isso ele descobriria com o tempo, um tempo que espera que se repita.

Depois de cerca de uma hora, tendo o sono de Dean se aprofundado, o anjo se levanta com todo o cuidado do mundo, fazendo o possível pra não acorda-lo. Ele faz sua rotina matinal, toma café com Jack e enfim sente todas as coisas voltarem ao lugar em que pertenciam.

Castiel fora concedido para cuidar de Dean, caira do céu por causa de Dean e toda sua existência sempre foi ligada ao rapaz. Após a briga, foi como se seu objetivo no mundo desaparecesse. Não iria deixar de zelar pelo Winchester, mesmo que de longe, mas a aparente ruptura entre eles era clara em demonstrar que nada seria o mesmo.

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