17 - Promessa

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Dean Winchester, acima de tudo, sempre tem o amor.

Amor o suficiente para se importar, amor o suficiente para deixar tudo para trás, numa fração de segundos, a favor de alguém em perigo. Por mais que esse alguém fosse quem fosse; alguém que corroborou com tantos sentimentos ruins dentro de si, que o dera traumas, que não o acolhera o suficiente na vida para que Dean se amasse o suficiente.

A beleza da existência de Dean é o seu amor, mas é também o seu problema.

Somente no meio do trajeto para a oficina é que ele se dá conta de que não deixara nenhum aviso ou recado para Castiel, tendo agido por um forte impulso após a ligação. Seus nervos se agitam com isso, mas ele procura ameniza-los. Explicaria tudo para ele depois, Cas certamente compreenderia.

O impala corre através das ruas em emergência, ultrapassando um ou dois faróis vermelhos, Dean nem mesmo se importando com as consequências que podem recair sobre si, apenas focado em chegar até seu pai o mais rápido possível.

Ao ver a picape de John estacionada em frente ao seu comércio, Dean sente seu corpo gelar. Seria a primeira vez que veria seu pai frente a frente depois de tudo que aconteceu. Ele deseja que as coisas pudessem ser diferentes, e não pela última vez.

Estacionando seu carro, seus pés se movem no automático, mas caso parasse para pensar claramente, conscientizando-se melhor sobre seu contexto, eles com certeza não funcionariam assim tão fácil. O automático é essencial para Dean agora.

Quando atravessa a porta de entrada, ele visualiza o salão escuro, apenas uma luz de fundo acesa. Os carros vazios em conserto, os carros desmontados, as ferramentas; a ausência de pessoas, clientes e funcionários resulta em um aspecto um tanto quanto sombrio que atinge diretamente os sentimentos do Winchester.

— Pai!? – Dean chama, sua voz encerrando-se no salão vazio após um curto eco. Não havia ninguém na parte frontal da loja, onde os automóveis e equipamentos ficam. O rapaz da ligação dissera ter um acidente. Mas nada indicava um acidente, nada fora do lugar, nenhum indício de ferimentos. – Pai! Onde você tá!?

A falta de algo grave em evidência alivia Dean, que já havia imaginado diversas cenas desesperadoras em sua cabeça durante o trajeto, mas junto ao alívio também veio a suspeita. Tudo está muito quieto, muito contraditório à situação que lhe foi informada minutos atrás.

Contudo, considerando a luz de fundo que emana em meio a escuridão da entrada da oficina e do anoitecer, Dean pensa que talvez o homem da ligação tivesse levado John para seu escritório, para a sala dos funcionários - qualquer lugar mais confortável.

— Aqui! – Uma voz chama, provinda do corredor ao fundo.

Dean reconhece a voz, é a mesma voz que ouviu pedindo ajuda pelo telefone.

A passos lentos, ele então caminha para o corredor que leva para as outras salas da oficina. Seus pés parecem já não funcionar mais no automático, um medo começa a cobrir seus sentidos. Medo do que poderia encontrar. Medo de ver seu pai machucado. Medo...

De tudo ter sido uma mentira.

— Pai...? – O tremor de Dean se torna mais intenso, seu real medo mais nítido em sua cabeça.

Alcançando a sala do escritório de John, Dean encontra o mesmo sentado em sua cadeira, seus cotovelos sobre a escrivaninha e suas mãos unidas em frente ao seu rosto, impossibilitando que suas expressões sejam vistas. O escritório é iluminado apenas por um alto abajur no canto da sala, e os calafrios de Dean aumentam significativamente.

— Você tá bem? – Sua voz não sai tão firme como imagina que sairia, ele dá alguns curtos passos para o interior do lugar a fim de tentar ver seu pai melhor - que ainda não apresentou qualquer resposta.

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