1 - Prefácio

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Depois de tantos anos de amizade, tantas memórias construídas e momentos compartilhados, Dean e Castiel estavam em um território confortável de convivência. Suas essências, seus gostos, suas piadas internas, suas vidas; são todos fatores que os dois dividiram ao longo dos anos e que atualmente forma o que eles sabem sobre um ao outro e o que significam um ao outro. Eles são, basicamente, inseparáveis.

Até que Castiel decide contar toda a verdade para Dean.

Nos últimos dias, as coisas entre os dois atingiram níveis antes não explorados. Eles se uniram ainda mais, riam mais, ficavam ainda mais tempo juntos. A cada dia que passa, Castiel sente que deveria expor todos os segredos que guardara desde o início. Fazia tantos anos que o conhecia, que fica cada vez pior não ser completamente sincero com Dean, e ele sente que poderia não aguentar mais segurar, explodindo com os fatos a qualquer momento. O dilema entre ser completamente transparente e proteger o seu companheiro da verdade o angustiava mais e mais.

Se ele contasse tudo, Dean poderia não o perdoar, ao passo que, se ele não contasse, viveria uma vida carregando um peso de culpa, por omitir algo importante daquele que tanto se importava e tanto prezava.

É assim que, depois de dias incríveis na companhia do rapaz, o moreno decide finalmente abrir o jogo, chegando à conclusão de que independente de qual fosse a reação de Dean, não era justo ele continuar sem saber sobre tudo, tudo aquilo que poderia mudar sua vida, mudar sua forma de pensar e até mesmo, quem sabe, mudar a forma como ele via a si mesmo. Principalmente por isso que Castiel toma tal decisão. Acima de qualquer coisa, ele precisa fazer isso pelo bem da melhor companhia que já tivera em toda a sua existência.

Após mais um dia trabalhando em mais uma apresentação de sua peça, o ator mal pode acreditar quando enfim vê sua casa através da janela do impala. Dean, como de costume, sempre que suas folgas na oficina batem com dias de apresentação de Castiel, o ajuda como pode, aproveita para passar o tempo ao lado dele e ao final, leva ele e seu filho Jack para casa. Jack, que tem 15 anos e é filho adotivo de Cas, adora a companhia de Dean e sabe que o pai compartilha do mesmo sentimento.

Mesmo que o moreno tivesse seu próprio carro e sua carteira de motorista, Dean sempre argumenta que é muito melhor ser deixado em casa após um dia cansativo do que ter que dirigir cansado até sua devida casa. Além do mais, não é como se Castiel não preferisse a carona dele, portanto apenas aceitava de bom grado. Ademais, Dean sempre passava o trajeto comentando de forma animada sobre a peça e elogiando, sempre ao som de sua playlist de rock clássico que os acompanhava através do rádio.

Depois de estacionar o carro em frente à casa, Dean não nega o convite de Cas para entrar. Logo, em poucos minutos os três se encontram no interior da residência.

— Acho que vou beliscar alguma coisa na cozinha, vocês querem? – Jack pergunta aos dois.

— Eu estou bem, Jack. Obrigado. – Dean nega de forma gentil.

— Pode ir, filho. Se quiser pode pegar um dos chocolates hoje. – o pai concede com um sorriso.

— Sério?! – Jack se anima. — Valeu, pai! – E assim segue seu caminho para a cozinha.

Os dois adultos agora se encontram a sós mais uma vez naquele dia. Sorrisos esboçam em seus lábios com memórias do dia ainda frescas em suas mentes.

— Então... tem planos pra amanhã? – Dean pergunta depois de um breve momento de silêncio.

— Ah, na verdade não. Só rotina, levar e buscar Jack na escola, organizar algumas coisas no teatro...

— Que horário ele sai da escola amanhã?

— Bem, ele tem aulas complementares na parte da tarde, então ele fica quase o dia todo lá... deve sair por volta das sete da noite.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora