50.Airdrop

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— Que idiotice estava fazendo?

— O que acha que estava fazendo?

Ele ia de um lado a outro revirando o olhar e mexendo as mãos nervoso. Eu sentada ao canto jogada, mirava o chão com os dedos entrelaçados, um vazio, junto com o arrependimento.

— Você tem uma caixa para pegar, sabe disso? Está maluca? Se jogando em um bando de Clikers? - Era como eles chamavam os estaladores.

— Não foi nada pessoal.

— Não foi nada...- Ele parecia frustrado com minha afirmação — Você é debochada até morrendo Hazel, poderia ter virado um agora mesmo ou sido destrossada, você tem consciência que tem gente precisando do que tem lá - Ele fazia um gesto de pensamento — Crianças, seu amigo está lá sem recuperação, já pensou isso em sua cabeça dura? Que a vida dele depende de você.

— Eu já entendi Tank. - Estava nula a sentimentos até ali, indiferente se minha morte fosse dolorosa, talvez o atormento e o castigo fossem antecipados antes por mim mesma.

— Não porra - Ele socou a parede próxima e se voltou serrando o maxilar — Você não sabe, não tem ideia do que passamos lá, pra você estar aqui brincando com a gente, sua egoista.

Isso foi a gota d'água me chamar de egoísta justo eu a boa samaritana a tudo e todos, eu carregava um fardo maior que o meu próprio, era injusto me condenar e me responsabilizar de vidas que eu nem sequer me ofereci a ajudar. Me levantei furiosa e o empurrei na parede e dei um tapa que de verdade doeu mais em mim que nele, seguido de um transbordar de lagrimas suavemente em meu rosto, o mesmo virou a face furioso junto com suas mãos no local.

— Não coloque em mim uma responsabilidade que fui obrigada a ter, se querem alguém para pegar a caixa volte aos seus e diga que perdeu essa pessoa. - Minha voz firme voltava ao normal por mais que minha aparecia não parecia ser das mais apresentáveis.

Ele sarcástico sorriu e passou os dedos em sua boca que sangrava.

— Eu sabia que era um erro, dês que o Riot concordou em te deixar viva e ainda confiar em uma forasteira.

— Eu concordo com você, sou forasteira sim, eu não tenho lugar, eu estava tentado achar o meu, mas vocês me atrapalharam.

— E acha que se matar antes de nos pagar, vai te deixar em paz?

— Qualquer coisa que me desligue deste mundo me deixaria em paz. - Disse em tom baixo e choroso.

Ele colocou a mão na cintura e respirou fundo olhando para cima, mais impaciente que eu.

— Estava tentando se matar mesmo então?

Comecei a juntas as lenhas restantes  ao chão para acendemos de novo.

— Não Tank. Estava fazendo amizade com os estaladores, aliás muito legais, apesar de serem um pouco grudentos.

Um silêncio se instalou e se quebrou logo em seguida com nossa risada vergonhosa em unísono. Ele acabou se agachando para me ajudar e através da luz da lua tocou minhas mãos sem querer, um choque ardeu em meu corpo como um flashback.

— Foi mal! Esses dias estão sendo ruins pra mim. - Disse tentando me desculpar sem a palavra, ele se levantou neste momento e limpou as mãos uma na outra.

— Vamos colocar as barricadas nas portas, e partimos amanhã.

Passando para o outro cômodo onde viemos, o segui confusa.

— Como assim partimos amanhã?

— Vou... - Ele empurrava de volta o armário pesado a porta - Vou me certificar que vai chegar, só pra ter... certeza.

Julgamento ao Amanhecer - Zumbie™Onde histórias criam vida. Descubra agora