57. Trap

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Algumas pessoas desabam e nunca mais levantam, outras recolhem os próprios cacos e os colam com as  partes afiadas virada para fora

Uma das piores sensações antes da morte era o decorrer dela, uma ânsia infinita o desespero a realidade distorcida. Nunca tive medo dessa velha amiga obscura, em dias sombrios ela me acompanhava como a velha amiga que era. Meu propósito neste conto era se o que estava fazendo valia a pena, depois de um tempo cansava de todo esse ato heróico, e a dúvida que me atormentava era se eu morreria como herói ou viveria o suficiente para se tornar uma vilã.

— Vem eu te ajudo - Hanna puxava meu braço e com a outra mão me erguia da areia quente.

Não estávamos exatamente dentro da Califórnia, havia uma fronteira entre o nosso destino e nós, ofuscado pela clima seco e árido do deserto arbóreo extenso ao longo do caminho.

— Obrigada, estou bem - Retirei o braço já conseguindo me recompor da imersão escura e fria de quase morte — Obrigada pelo... Pela ajuda.

O cara que havia me salvado surgiu em um espaço de tempo curto e coincidência duvidosa, nada me tirava da cabeça dele ser alguém familiar.

— Ah, da próxima vez tenta não se jogar da porra de uma ponte, americanos - Sem paciência ele balançou a cabeça em sarcasmo, puxou seu barco mais a encosta e retirou o cilindro de oxigênio das costas.

— Na próxima eu pergunto ao zumbi se ele poderia me jogar para o outro lado, se não o fosse incômodo, tipo essa areia - Peguei um pouco dela e joguei em seu corpo.

Hanna ainda ficou pedindo desculpas ao estranho, caminhei para longe e as duas foram atrás de mim.

— Hazel qual seu problema? Ele te salvou, sua grossa - Kenna tentava falar enquanto corria ao meu lado.

— Não pedi para me salvarem.

— A pelos céus Hazel, não faça drama agora, agora não. - Hanna revirava os olhos caminhando ao meu lado.

Depois de uns 10 metros acabei me sentindo tonta e caindo de joelhos ao chão, minha cabeça latejava como nunca antes, meus braços iam em direção a ela e me debruçava ao terreno arenoso de dor.

O homem passava por mim, jogando areia enquanto carregava os aparatos de pesca, Hanna ainda correu em direção ao mesmo.

— Hey, espera pode nos ajudar?

— Não Hanna ... - Eu me negava ajuda

— Cala a boca Hazel, olha minha amiga pode ser um pouco grosseira as vezes, mas eu juro ela não faz mal a ninguém... Que ela não queira - Hanna apaziguava com um sorriso e engolia a seco cada frase mentirosa que dizia com doçura — Pode nós ajudar a levar ela? Pelo menos até uma parte longe deles - Apontou para os zumbis encima da ponte.

— Eu não tenho nada haver com isso, não ache que sou amigo por que ajudei a vocês - Ele dava de ombros e voltava a sua direção.

— Eu posso te dar armas.

— Não preciso de armas.

— Posso consertar a vara de pesca, meu pai me levava para pescar quando era mais nova, sei desatar o nó de qualquer puxador.

Ele olhava por cima do ombro e revirava o olhar andando em minha direção.

— Vem aqui.

O desconhecido soltou seus objetos e me ergueu me carregando no colo.

— Não não você não vai...

— E melhor não me aborrecer. Você - Mirou a Hanna — Leva minhas coisas, a menina da uma arma a ela e manda na frente.

Julgamento ao Amanhecer - Zumbie™Onde histórias criam vida. Descubra agora