51. Energized

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— Pelos céus o que fizemos lá?!

— Todas as merdas loucas que fizemos está noite vão ser as melhores memórias.

— Como assim? Quase viramos peneiras.

— É... E eu me senti tão viva. Eu sangrava e sentia meu braço sento estilhaçado e...

Congelado meu olhar permanecia, até virar me aprofundando no fundo dos olhos claros de Tank que dirigia com apenas uma das mãos, e que confuso me olhava várias vezes preocupado.

— Você é mulher mais maluca que já conheci.

O vento em meu rosto deturpava meu cabelo, que o soltei logo em seguida, me debrucei fora da janela e gritei o mais alto possível enquanto abria meus braços, em devaneio fechei os olhos e sentia o ar quente em meu rosto, junto aos raios de sol  escorregou uma única lágrima aquela guardada ao fundo de minha alma escura, que liberou todo o resto de trevas instalada e indagada em meu peito, corpo e mente, trazendo meus conceitos, valores e a mim mesma átona, a menina que se tornou alguém maior superando as expectativas alheias, possuía mágoas, vergonha, arrependimentos, dores, cicatrizes e um fardo maior que ela mesma, mas que carregava mesmo assim por que desistir não era comum em seu vocabulário.
Amou, odiou, matou, conheceu a morte e tomaram chá, quem diria que o que lhe motivasse a continuar fosse ela mesma, e a promessa de que missões são dadas e que você não chegou tão longe para não lutar, por que se for pra morrer que seja atirando.

— Seu braço está roxo Hazel, temos que parar pra cuidar disso.

Já de volta ao banco do passageiro, havia esquecido meu braço completamente não por que a adrenalina tomava meu corpo, mas pela fivela de sinto que prendia meu sangue.

— Aí meu deus esqueci completamente.

— Podemos parar na estrada e ficar até o amanhecer.

— Não. Ao relento é muito perigoso, vamos voltar a casa está a uns 10 minutos daqui.

Partimos de volta a casa do lago, não tirei o cinto até lá por ter receio de sobressair uma hemorragia e Tank me carregar de um lado a outro, quando chegarmos decidiria o que fazer. Já na casa sai do carro primeiro e esperei o mesmo estacionar a caminhonete, porém era um desastre fazendo baliza para deixar mais rente possível ao lado do recinto em um ponto estrategicamente cego. Cheguei ao lado da janela com o carro todo torno ao meio da avenida.

— Tank, saia do carro, eu faço a baliza e você retira a caixa de trás, vamos sai logo.

Ele fez caras e bocas, mas acatou o que disse e saiu desprendendo a caixa das cordas do carro. E com um braço só, fiz em 10s, tempo recorde.

— Porra foi bem rápida pra quem está perdendo o braço.

— Engraçadinho, anota mais essa na conta.

Adentramos o local que se encontrava da mesma forma, logo os sintomas de dor chegavam assim que me sentei.

— Onde colocou a caixa?

— A coloquei mais atrás, assim ninguém conseguirá ver ao lado da caçamba de lixo.

— Ótimo, agora me ajuda.

— Quer que eu decepe o braço? - Disse Tank dobrando os joelhos perto de mim.

— Vamos ver se não está tão mal, se eu desmaiar por ter atingido algo importante, jogue meu corpo no rio.

— Pode deixar.

Logo que retirei o torniquete o sangue se esparramou e me joguei um pouco afrente derramando tudo no chão, Tank correu até a caixa para pegar algum mantimento que não tínhamos pois parecia estar grave,  eu pressionava o mais forte possível, porém a dor era lacerante demais, retirei a mão assim que ele chegou com álcool, derramei o bastante e ardeu tanto, mas tanto que rangi os dentes e me contorci por quase 10 segundos que pareciam minutos, não tinha tempo para isso, esterilizei tudo e procurei a bala de dentro do meu braço, um pouco acima do cotovelo, exatamente no meu bíceps, a bala não atravessou então fiquei muito tempo procurando o bendito projétil que destilou fragmentos que me dariam dor a vida inteira, impossíveis de se tirar sem cirurgia, mais uma dor para conta falida de Hazel Miller.

Julgamento ao Amanhecer - Zumbie™Onde histórias criam vida. Descubra agora