Eu nunca fui livre em toda a minha vida, por dentro sempre me persegui. Eu me tornei intolerável a mim mesma, vivo numa dualidade dilacerante, tenho uma aparente liberdade, mas estou presa dentro de mim, entretanto eu criei resiliência ao longo do tempo e sei que tenho diferentes versões para cada pessoa, a pessoa que você pensa que é existe apenas para você, há mil versões diferentes de você para todas as pessoas a quem se relacionou baseadas em experiências e momentos compartilhados, então criamos uma auto cobrança de suprir as expectativas, mas não podemos controlar completamente como os outros nos vêem, o importante é ser autêntico consigo mesmo porque independente das milhões versões que existe a que você sente é a mais importante e significativa a qual tem que se importar, afinal a única que você escolhe ser.
Você nunca será capaz de experimentar tudo, então por favor, faça justiça poética a sua alma e simplesmente experimente a si mesmo.
KENNA
Os dias pareciam longos e por mais que na maioria das vezes estivesse dopada me sentia exausta, quando não surtava e batia no vidro. Brian havia me levado a uma sala branca de vidro blindada, não ouvia ou via nada do outro lado a não ser a voz no microfone quando se dirigiam a mim, mas mesmo assim uma voz distorcida que me deixava louca.
Continuavam a tirar sangue de mim dia após dia, as vezes 3 vezes no dia, o que tanto faziam? Estava servindo de algo pelo menos? Fazia 3 semanas ali, não sei quanto mais aguentaria. A única pessoa que eu sempre via ao longe através da enorme janela atrás de mim era Liam, ele vinha todo dia há 3 andares acima jogar pedrinhas lá de fora. Nos separamos após a divisão de celas, nunca mais o vi somente quando numa noite observei sua lanterna ao longe piscar na forma de código, pois Hazel havia me ensinado por um tempo a se comunicar assim, os únicos gestos que fazia era de ok, mas ao longo do tempo aperfeiçoamos nossas conversas, na última semana ele não apareceu mais.HAZEL
Sai da clínica médica com novas roupas, uma camisa justa preta e calças jeans cor caqui, um par de botas negras junto a uma jaqueta verde-oliva robusta.
2 semanas destruída naquele leito, entretanto os cuidados enigmaticos de Brian me enclausulavam.
Imediatamente após sair dali fui em direção ao andar em que Kenna estava, ou que o Doutor dizia estar, tinha que ver com meus próprios olhos a merda que havia feito e me arrependido por algum motivo.
Brian me autorizou a alta e fez questão de me acompanhar ao encontro de Kenna.
— Antes de ver ela - Ele abotuou seu jaleco branco e colocou as mãos nos mesmos bolsos me mirando — Fique ciente de que tudo que fizemos até agora foi por um ideal, por que você e eu olhamos além da dor e sabemos que para coisas boas acontecerem tem que existir sacrifícios e nos dois sabemos a cruz que carregamos.
O olhava semicerrando os meus grandes olhos âmbar.
— Pode ter certeza que a cruz que eu carrego, não é a mesma que a sua.
Ele tinha uma visão fugaz como se quisesse me enforcar ali mesmo, mas que por outro lado detinha algum sentimento de gratidão por mim.
Entramos no andar e vi Kenna logo a frente na sala de vidro, corri em sua direção e bati ali para que me ouvisse.
— Ela me escuta? Me ouve?
— Vá em frente. - Ele deu um comando para que eu fosse para um lado que possuía um microfone e chamei pela menina. Por um momento ela se assustou.
— Kenna! Você me escuta?
Ela balançava a cabeça.
— Que bom! Vamos sair daqui logo logo. Brian vai nos soltar.
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Julgamento ao Amanhecer - Zumbie™
Mystery / ThrillerPor sobrevivência ela enganou a morte Por liberdade ela se tornará uma arma ☢︎︎Reviravoltas extremas, não se apegue a personagens, não confie neles. Uma pandemia letal transformou o mundo em terra de ninguém. A história conta a trajetória de uma ex...