𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟻 - 𝙳𝚞𝚛𝚊𝚗𝚝𝚎

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— Dá para fechar essa porra de boca? — Grunhi assim que aquele idiota começou a falar merda de novo

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— Dá para fechar essa porra de boca? — Grunhi assim que aquele idiota começou a falar merda de novo. Não estava mais aguentando ouvir vinte e quatro horas por dia a voz daquele doente do caralho, moleque era pior que mulher, pô. Não fechava a matraca um só minuto.

— Qual foi, cara? Vai me negar voz, é? Tô falando as coisas contigo na moral. — Ele bufou, me encarando serinho.

Não aguentava mais, precisava dar um jeito de fugir daquele inferno. Uma semana já tinha sido o bastante para me torturar ali dentro, principalmente quando o meu companheiro de cela era esse indivíduo.

Poncho e os outros moleques da facção tiveram sorte e foram distribuídos no pavilhão D, onde inclusive Escobar estava preso, e eu fiquei com esse fodido em outro pavilhão do presídio. Jax pegou sete anos por artigo 157 e o nome dele estava limpo antes disso, com certeza minha tranca seria muito maior.

— Vai receber visita amanhã? — O irritante continuou tentando puxar assunto. Revirei os olhos e fiz uma força do caralho para afastar a ideia de matar esse cara sufocado a noite.

Não rendi. Quem sabe se eu continuasse ignorando a presença dele, ele desistiria de conversar comigo. Mas fiquei pensando na pergunta. Sabia que o meu rosto estava em todos os canais de televisão, e que naquela altura Dulce já devia saber que eu não estava morto e que cai agora na invasão.

Então por que a mina não veio me ver, tá ligado? Porra, será que ela me trocou por aquele filho da puta do Guilherme de novo e me esqueceu, pô? LK não me deu essas ideias não, e ele estava de olho nela a maior cota.

Vacilei demais na invasão. Marquei bobeira quando fui atrás do comandante daquela milícia desgraçada e se depender deles agora vou apodrecer aqui em Bangu. Estou fodido, sei que vou pegar uma pena grande. Minha única saída daqui seria bolar um plano para dar fuga com meus aliados.

Ouvi o movimento na frente da minha cela e o carcereiro abriu o cadeado, outro policial veio pra cima de mim e me pegou pelo braço. Tentei me debater, mas o filho da puta desceu a coronhada na minha cabeça.

— Vão levar ele pra onde? — Jax se levantou de uma vez, vindo pra cima de nós. O carcereiro fechou a grade e empurrou ele pelos ombros. Moleque era pouco envolvido com a facção, não manjava dos bagulhos ainda.

Não via maldade, pô.

Vão me levar pra salinha de tortura, já sabia que uma hora ou outra iam me enquadrar para arrancarem de mim informações da facção. Mas não iria tirar o peito da reta, da minha boca eles não saberiam de nada. Sou traíra não, pô. Vou com os meus até o final.

— Anda logo, seu merdinha! — O comédia me empurrou pelas costas, me fazendo apressar os passos pelo corredor. Ele não tinha ideia de com quem estava lidando, ia gravar bem aquele rosto porque na hora certa ele ia ser cobrado.

Me arregaçaram na porrada a tarde inteira, mas não abri minha boca pra nada. Assim que cheguei no presídio, um irmão veio me dar o aviso de que se eu abrisse a boca ia rodar. Sou sujeito homem, porra. Quando assumi o Chapadão, jurei que nunca trairia o movimento, e eu tinha palavra.

Dono do Morro 3 [M] [EM BREVE SERÁ RETIRADA PARA REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora