𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟼 - 𝙳𝚞𝚛𝚊𝚗𝚝𝚎

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Remexi os meus dedos com impaciência, observando os presos saindo dos pavilhões com escolta dos policiais, e em questão de segundos dominarem todo o pátio junto com seus familiares

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Remexi os meus dedos com impaciência, observando os presos saindo dos pavilhões com escolta dos policiais, e em questão de segundos dominarem todo o pátio junto com seus familiares. Alguns rostos já eram conhecidos por mim, semana passada encontrei de longe com Poncho e o Sabiá.

— E aí — Relíquia se jogou no banco à minha frente, me olhando de supetão. Já estava fazendo visitas a ele há quase um mês, mas ainda assim não me acostumei em vê-lo tão perto de mim, vivo.

Era estranho, às vezes. Eu chorei a sua morte, vivi o luto da sua perda. Porém, estava muito grata por estarmos juntos agora. E somente aquilo importava.

— Como você está? — Perguntei, e ele deu de ombros, puxando o jumbo da minha mão. A sentença de Christopher tinha saído ontem à noite, ele pegou uma pena de cinquenta e nove anos por inúmeros crimes cometidos ao longo dos anos.

— Estava esperando pegar mais alguns anos de tranca, pô. Esquenta com isso não. — Respondeu com total indiferença e abriu a marmita que eu lhe trouxe. Suspirei. Sabia que ele não estava nada bem, Relíquia e os outros soldados estavam em Bangu 1, presídio de segurança máxima. Fugir daqui era como encontrar uma agulha no meio do palheiro.

— Você está muito magro, e meio pálido. Não anda se alimentando direito? — Indaguei com preocupação. Já não bastava aqueles ferimentos de pancadas no rosto dele, com certeza estava apanhando a troco de nada dos carcereiros.

— Eu tô na porra de um presídio, não no resort de férias, Dulce. — Revirou os olhos e começou a comer daquele jeito que eu detestava.

— Olha, eu sei que está triste...

— Eu não tô triste. — Relíquia voltou a me interromper. Bufei, vendo que pelo menos algo nele não estava diferente, continuava insuportável e grosseiro como antes.

— Dá para você ser menos orgulhoso, por favor? Eu te conheço, Christopher. Sou eu, lembra? A sua mulher, mãe da sua filha. — Segurei o seu braço, e ele levou os olhos para aquele pequeno gesto. — Eu sei que as coisas estão estranhas entre nós, porque apesar de te ver, ainda não tivemos tempo de conversar. Mas eu te amo, sempre vou te amar, e estou aqui com você agora. Não vou te deixar, entendeu? Nunca, nem pense nessa hipótese.

Ele negou com a cabeça, no entanto pegou a minha mão e depositou um beijo ali. Eu dava muito valor para toda e qualquer demonstração de afeto que Relíquia me oferecia na frente de outras pessoas, porque eu sabia o significado disso para ele, da dificuldade que ele sentia para expor os próprios sentimentos e mesmo assim tentava fazer algo por mim.

— Fala tu aí Relíquia, não vai me apresentar tua dona? — Um garoto sorridente parou ao nosso lado, e ficou me encarando com curiosidade.

— Vai se foder, Jax! — Relíquia rebateu e olhou feio para o garoto. — Já te passei a visão, vou botar fogo em tu enquanto você dorme, filho do caralho.

Dono do Morro 3 [M] [EM BREVE SERÁ RETIRADA PARA REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora