Relíquia reagiu de um jeito bem melhor se comparado com a época de Alice, por exemplo, que ele quebrou a casa inteira só por saber que teríamos um filho. Claro que não pulou de alegrias ou esboçou um sorriso, para ser bem sincera eu nem esperava por isso, mas ele aceitou.
Da melhor forma possível, Relíquia aceitou a minha nova gravidez e não falou nada que pudesse me desanimar ou relembrar a pessoa ruim que ele era antigamente.
Sei que tinha tido uma infância difícil e de muita dor, antes de me conhecer ele só via um filho como uma garantia de poder, um herdeiro para substituí-lo quando morresse, mas agora era diferente. Eu sei que era. No final das contas, Relíquia acabou se apaixonando pela Alice tanto quanto eu.
— Tenho uma notícia para te contar, Lis. — Falei, abrindo um sorriso para minha caçula. Era estranho pensar que daqui alguns meses eu seria mãe de outra criança também, e que Alice seria a filha mais velha.
Pelo canto do meu olho esquerdo, vi Relíquia apoiado no batente da porta, de braços cruzados e olhos atentos em nós duas sentadas no sofá. Ele não sabia, mas a sua presença ali, naquele momento, era importante pra mim e significava muito.
— Boa ou ruim, mamãe? — Alice perguntou com os olhos estreitados em desconfiança.
Dei risada e a puxei para um abraço carinhoso.
— Err... muito boa! — Respondi depois de fingir um suspense. Alice abriu um sorriso banguelo e me olhou com ainda mais curiosidade, balançando as perninhas na ponta do sofá.
— Então conta logo, mamãe! Por favor!
— Em breve teremos um novo integrante em nossa família. — Falei por fim, encarando o rostinho ansioso dela. — Alguém que você pediu muito.
— Não acredito, mamãe! — Alice gritou, pulando do sofá. — Vamos ter um bebê? É sério? — Seus olhos brilhavam mais que duas pedras preciosas de Ônix. — Vou ter um irmão ou irmãzinha?
Olhei para Relíquia, que parecia concentrado na reação de Alice ao saber da novidade. Ele não demonstrava nada, mas sabia que estava feliz só de ver a felicidade da nossa filha.
— Sim, meu amor. A mamãe está esperando um bebê. — Concordei com um aceno, achando engraçado toda aquela empolgação.
— Obrigada, papai! — Disse de repente e correu até a porta para abraçá-lo com força pela cintura. — Você é o melhor!
Olhei por cima do meu ombro a demonstração abrupta de carinho, podia até jurar que Relíquia estava em pânico com aquilo, não sabia nem o que fazer com as próprias mãos.
Segurei a risada. Alice com certeza veio ao mundo para testar todos os limites do pai.
— Ei, é a mamãe que está com o bebê na barriga. — Murmurei, fingindo ceticismo com a reação dela.
— Mas foi o papai que cumpriu com a promessa. — Lis retrucou, ainda o encarando com uma admiração surpreendente.
Se ela soubesse que a promessa só foi cumprida graças a mim, porque se dependesse de Relíquia ela nunca teria um bebê para chamar de irmão.
— Se liga aí, marrentinha. — Relíquia murmurou pela primeira vez, me olhando com um ar de deboche. — Ela tá com dor de cotovelo, pô.
Alice deu risada e o segurou pela mão, puxando até que se sentasse ao meu lado no sofá. Coloquei a mão por cima do meu ventre e acariciei ali, da mesma forma que costumava fazer quando soube da existência de Alice. Não tinha nenhum volume ainda, mas sabia que em breve ela começaria a crescer.
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Dono do Morro 3 [M] [EM BREVE SERÁ RETIRADA PARA REVISÃO]
Fanfic+18| Já teve a breve sensação de que sua vida estava escorrendo por entre seus dedos, como meros grãos de areia, e você não pôde fazer nada? Foi com aquele tipo de sentimento desesperador que Dulce Maria sentiu ao abrir os olhos numa cama de hospita...