+18| Já teve a breve sensação de que sua vida estava escorrendo por entre seus dedos, como meros grãos de areia, e você não pôde fazer nada?
Foi com aquele tipo de sentimento desesperador que Dulce Maria sentiu ao abrir os olhos numa cama de hospita...
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Hoje era o tão aguardado aniversário de dez anos da Alice. Com ajuda de Anahí, planejamos a festa dela com antecedência, mas mesmo assim ainda batia um certo nervosismo de algo ter saído errado e não atingir as expectativas da minha filha, que já era pra lá de geniosa.
Olhei para os ponteiros do relógio mais uma vez e bati os pés, agoniada com aquele atraso.
— Vamos, Lis! — Gritei no corredor pela segunda vez. — Se você se atrasa assim só para um aniversário, imagina no dia do seu casamento.
Não demorou para uma garota magricela e de cabelos castanhos claro aparecer bicuda no meio do corredor. Apesar da pouca idade, Alice já estava bem desenvolta e de estatura esguia. Minha menininha estava crescendo rápido demais.
— Que saco mãe, parece até que o aniversário é seu! — Alice retrucou com impaciência, me olhando de uma maneira quase mortal. Revirei os olhos, mas não deixei de sorrir ao vê-la tão linda vestida com aquela fantasia. — Odiei a porcaria dessa roupa, estou parecendo uma idiota.
Prendi o riso. Realmente a fantasia não tinha nada a ver com o jeito pouco dócil de Alice, mas não deixava de ser bonita. Fora que tinha sido encomendada pela avó dela.
— Deixa de bobagem menina, está linda. — Falei enquanto fechava a porta de casa. Cumprimentei com um leve aceno o vapor que cuidava da nossa segurança e ele foi nos seguindo mais atrás pelo morro.
— Ah claro, tirando o fato de que todos vão rir de mim, principalmente o babaca sem noção do Valentim. — Ela continuou com o seu ataque de histeria, e eu me perguntei em silêncio como uma criança podia ser tão rabugenta como ela. — Vocês tão achando que eu sou o quê? Uma palhaça? Olha só pra isso! — Reclamou, segurando na ponta dos dedos um tule rosa que fazia parte da decoração da sua roupa.
— Foi a vovó Alê que escolheu, Lis. Não vai falar isso na frente dela, pode ficar triste com o seu mal agradecimento. — Murmurei um pouco mais séria. Alice bufou, mas não deixou de concordar com a cabeça.
Precisamos andar um pouco até chegar onde aconteceria a festa de Alice, que já estava cheia de convidados. A casa da minha sogra estava toda enfeitada com balões coloridos e uma decoração bem moderna da Barbie, onde as cores preto e rosa pink predominavam no ambiente.
A chegada de Alice foi recebida com muita saudação, e apesar de às vezes ser um pouco ranzinza, ela ficou feliz com tudo e logo já estava correndo pela casa junto as outras crianças.
— Querida, minha netinha está tão linda! — Dona Alessandra apareceu com um sorriso aberto no rosto e me puxou para um abraço. O seu namorado, que ela conheceu na igreja, estava ao seu lado e me cumprimentou com um aceno de cabeça.
— Ela adorou tudo, Alê. — Menti, escondendo o fato de que Alice odiou a fantasia. — Cadê o Christopher? — Perguntei, e olhei para o jardim da casa procurando por ele.