dois

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Tive que ficar trancada no meu quarto até a noite, pois meu pai estava resolvendo seus negócios. Ouvi até minha madrasta passar chorando no corredor, aí tinha! A porta do meu quarto foi destrancada o que indicava que eu poderia andar pela casa, sai de meu quarto e fui até o primeiro andar direto para o escritório do meu pai, a porta estava entreaberta possibilitando escutar a conversa dele com o Robert.

— E a Melinda?– meu pai perguntou

— Foi retirada imediatamente, ele nem deve ter percebido.– Robert o responde

— Ainda bem, Thomas está tentando me agradar, se ele souber da minha filha tentará me ameaçar e assim será pior.– meu pai suspirou — Não quero ter a ideia de perde-la novamente.

Revirei os olhos e sai dali indo em direção a cozinha, não era tudo isso que meu pai sentia por mim, eu era apenas uma moeda de troca, pra algum negócio futuro dele. Ele deve imaginar que pode me oferecer em um dos negócios fracassados dele. William me falava isso direto e até dava a opção de nós dois fugirmos, mas agora ele nem se importa.

Já ouviu aquele ditado não é?

Mente vazia é oficina do diabo.

Uma bela idéia se passou pela minha cabeça, depois de tanto pensar decidi que não iria ser uma boneca de pano na mão de meu pai, e nem posso esperar que William me tire desse inferno, eu tenho que sair por conta própria e talvez se eu derrubasse meu pai com a ajuda de algum inimigo dele eu poderia me ver livre, mas o trauma sobre meu sequestro não ajudaria. E foi por isso que fui dormir pensando nisso.

E acordei decidida a investigar mais.

Thomas, eu já tinha um nome e com sorte o encontraria. Voltei até o escritório do meu pai desta vez vazio, ele gostava de passar o dia fora de casa. Olhei as gavetas da escrivaninha até achar um documento de contrato assinado por Thomas Shelby, um sobrenome forte só espero que ele não tente me matar ou sequestrar. Antes de ler todo o endereço que havia no papel escuto um barulho de estrondo da porta sendo batida e largo o documento de imediato.

— O que está fazendo?– William pergunta com uma cara de poucos amigos

— Estava procurando um brinco que deixei cair aqui outro dia.– digo colocando as mãos pra trás.

— Você não sabe mentir pra mim.– tento segurar um sorriso mas não consigo, abaixo a cabeça e olho para os meus pés.

— Já eu nunca consegui decifrar nenhum de seus olhares, sorrisos ou expressões faciais...– digo me aproximando dele cautelosamente.— Isso seria amor Will?– o provoco e ele revira os olhos.

— Saia daqui antes que seu pai chegue.– ele diz sem me olhar nos olhos e eu paro bem a sua frente.

— Lembra quando você me fez gemer em cima daquela escrivaninha?– digo com a minha voz adocicada e passo a mão em seu terno — Nesse dia havíamos bebido todo o estoque de whisky...– sorrio vendo ele ficar vermelho — Sinto saudade da sensação...

— Eu não posso te dar isso.– ele segura minhas mãos e olha no fundo dos meus olhos, ele estava quase chorando, e então eu me dei conta do que realmente estava acontecendo, no dia que eu fui sequestrada William voltou sem mim e teve que dar uma explicação a ele.

— O que ele fez?– vejo ele abaixar a cabeça envergonhado — Me diga William o que esse cretino fez!

— Quando eu voltei sem você, ele já sabia de tudo, o mesmo tempo que você ficou em cativeiro eu fiquei trancado apanhando dos homens dele, ele deixou que eu voltasse ao posto mas se eu sair da linha...– ele parou de falar e me olhou novamente

— Ele tiraria sua vida.– presumi mas ele negou com a cabeça

— Ele tiraria a sua vida.– solto minhas mãos das dele imediatamente e o encaro incrédula — Ele ameaçou a sua vida! Eu não poderia arriscar isso porque eu te amo Melinda.– ele quase grita e eu me sinto vazia por dentro, meu próprio pai me mataria, isso me deu mais motivação para o que eu estava prestes a fazer.

Eu precisava agora chegar até a casa de apostas dos Shelby, em Birmingham.

Falling - Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora