dezessete

8.4K 820 56
                                    

Assim que pisei em Small Heat de novo todo mundo direcionou o olhar pra mim, a rua de casa estava cheia de carros e de homens. Eu passei o dia todo fora e resolvi voltar só a noite e quando vi aquela cena me arrependi por isso.

— Onde você estava?– Thomas pergunta e vem correndo a minha direção, sua respiração estava ofegante ele parecia preocupado. — Alguém te machucou?– ele pergunta segurando meu rosto e procurando com o olhar algum ferimento

— Eu estou bem.– respondo anestesiada por sentir seu toque. Uma tola.

— Suspendemos as buscas chefe?– um de seus homens pergunta enquanto todos nos encaravam.

— Sim, podem relaxar agora...– Thomas responde e segura minha mão, todos vão dispersando enquanto ele me guia até dentro de nossa casa — Você não pode simplesmente sumir assim Melinda.

— Eu só fui esfriar a cabeça, você não disse que eu era livre pra fazer o que quiser sem seguranças nas minhas costas?– pergunto nervosa

— Estou começando a repensar sobre isso.– ele diz e tira o paletó o jogando no sofá, ele se senta e passa as mãos sobre o rosto. Parecia exausto, me sento ao seu lado o encarando e ele tira as mãos do rosto e continua a olhar pro chão.— Amanhã haverá uma emboscada para seu pai, os Lee's e nós vamos derruba-lo e eu quero que fique em casa e segura.– ele finalmente me olha nos olhos.

— Você vai acabar com ele sem saber o motivo de ele querer me matar?– pergunto

— É por isso que fiquei preocupado hoje, ele tem que achar que está sofrendo trancada em casa, quase morta ou ele mesmo vai fazer isso se te achar.– ele explica e então eu entendo

— Eu fui até a casa dele hoje, nem pensei nisso.– ele suspira pesado — Mas não nos vimos, eu só mandei um segurança dar um recado a Sofie.

— Tudo bem.– continuei olhando seu rosto, analisando-o e então meu olhar teimoso foi até sua boca e parou ali, ele percebeu isso mas não se moveu, só ficou me olhando.

— Está tudo bem agora...– digo ainda olhando sua boca e ele assente, nossos rosto começam a se aproximar delicadamente coloco meus lábios sobre os seus, e me afasto antes que ele mesmo faça isso e eu me humilhe mais ainda, encaro seus olhos claros.

Sua mão vem em direção ao meu rosto o segurando e ele me beija com vontade, como se esperassemos muito tempo por isto, o beijo tinha calor, desejo e algo a mais. Me coloco sobre seu colo e continuamos o beijo com volúpia, eu queria mais dele, queria Thomas inteiramente, e não entendi este sentimento repentino, mas estava feliz só dele retribuir um beijo, ele parou o beijo como se estivesse saindo de um transe, ele me tirou delicadamente de seu colo e se levantou do sofá enquanto eu só conseguia olhar pra baixo com vergonha, pode ter sido ruim?

— Amanhã bem cedo, esteja na casa da tia Polly, fique com ela e protegida.– ele pede e sai da sala rápido, me martirizo por este momento de fraqueza mas ao mesmo tempo desejo que aconteça de novo.

Fiquei mais alguns minutos anestesiada na sala e depois subi para meu quarto, deitei a cabeça no travesseiro e peguei no sono de tanto pensar no dia de hoje. Acordei vendo a luz do dia dominar o quarto, me vesti e fiz minhas higienes, desci para a cozinha e a casa estava silenciosa, isso queria dizer que Thomas já havia saído. Tomei meu café e em seguida peguei meu casaco e um chapéu, eu tinha que ir até a casa da Polly mas primeiro eu iria falar com Sofie. Peguei um táxi e fui até o café, me sentei em uma das mesas e fiquei esperando impaciente, ela tinha que aparecer. Depois de quase trinta minutos ela apareceu, acompanhada de cinco seguranças e um deles era William. Ela não parecia nada animada, sem brilho.

— O que aconteceu?– perguntei assim que vi seu rosto levemente machucado, o olho coberto por maquiagem parecia roxo e estava vermelho. Sofie parecia alguém pedindo ajuda.

— Nada, é besteira de sempre.– ela colocou a mão sobre a mesa e delicadamente fechou os quatro dedos sobre o polegar, era um sinal para que ela me avisasse que estava sofrendo na mão do meu pai, e que não podia falar pois os seguranças estavam ouvindo. Me deu uma imensa vontade de chorar e involuntariamente algumas lágrimas desceram, mas eu consegui secar a tempo, segurei a mão dela e vi seus olhos marejados, ela não poderia desabar.

— Tudo vai acabar hoje.– susurro e ela assente — Eu queria te ver hoje, preciso de uma informação que você pode ter.

— O que minha querida?– ela pergunta e abre a bolsa

— Você conhece o inspetor Campbell?– pergunto

— Sim, ele tem atormentado seu pai, mas está atrás dos Peaky Blinders.– ela explica

— Sim, você sabe qual é a aparência dele?– pergunto curiosa e minha mente me leva a ontem quando trombei com a garçonete e ela estava saindo de uma sala onde tinha um homem velho.

— Ele é velho, tem cabelo grisalho, um bigode, é branco e baixo e pela sua posição usa ternos baratos.– coloco a mão sobre a boca surpresa, a fisionomia batia com o homem que eu vi. — Mas porque?

— Tem uma garçonete que trabalha para o Arthur Shelby, ela se aproximou muito de Thomas, e ontem eu desconfiei que ela é uma espiã.– estralo os dedos nervosa — Vi ela com o inspetor Campbell ontem. Foi muito suspeito e quando ela me viu parecia assustada.

— Querida, tome muito cuidado...– um dos seguranças colocou a mão no ombro dela — Eu preciso ir mas espero que fique bem.– ele tira a mão do ombro dela e ela rapidamente coloca um papel bem dobrado em baixo da xícara que ela bebeu café.

Não dá nem tempo dela se despedir, eles a levam e eu fico ali sentada até que sumam de vista, pego o papel e deixo o dinheiro do café na mesa, peço um táxi e enquanto volto para casa vejo sua mensagem.

Falling - Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora