dezenove

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" Minha querida.
Te escrevo pois este foi o único jeito de te avisar sobre o que anda acontecendo, o que tem nesta carta pode ser a chave para sua vida mas também a causa da minha morte, neste momento espero que esteja segura para ler e saber de tudo que anda acontecendo. Vamos por partes, eu procurei nos documentos de seu pai e descobri sobre uma suposta herança onde só existe o seu nome, até você nascer era só de sua mãe e isso causou a morte dela, o dinheiro é tanto que poderia dar mais poder ao seu pai do que ele tem, por isso desde o casamento com sua mãe ele busca colocar a mão em todo o dinheiro mas uma procuração assinada pelo seu avô não permite que ninguém além do sangue tire do banco nem uma libra, sua morte teria que ser acidental compravada para que um membro próximo tenha direito a ela, por isso, seu pai está fazendo de tudo para tê-la, a todo custo. Minha suposição é que ele espera que seu marido Thomas a mate e então a culpa não será de Billy, mas ele descobriu que você permanece bem na casa dos Shelby, por isso com ajuda de William ele vai te atrair para uma emboscada e finalizar o plano dele, como último ato de amor, eu te inclui no plano de fuga de Adam e Juliene, as coisas vão esquentar hoje é o momento perfeito para vocês fugirem para a América, lá você estará segura, eles estarão te esperando as 19h nas barcas. Querida que levo como uma filha por favor faça isso, fuja e não confie em ninguém, nem mesmo em seu marido, pois se ele souber da herança pode ficar pior, eu te amo muito e saiba que estou em paz, minha missão foi cumprida.

Ao final da carta de Sofie eu já estava cheia de lágrimas nos olhos, tudo estava tão confuso, que eu não sabia o que fazer, eu poderia avisar ao Thomas mas também sentia que tinha que salva-la. Ou eu fugiria feito uma covarde? Pensaria apenas em minha vida neste momento.

O táxi parou na porta da casa de Thomas e um dos homens dele me avisou que estavam me esperando na casa de apostas, mas eu inventei que não estava me sentindo bem e entrei na casa, subi correndo para o quarto e arrumei uma mala pequena, peguei um envelope que tinha com muito dinheiro, guardei bem na mala e deixei a mala na sala, pois sabia que tinham seguranças na porta.

- Eu irei até a casa de apostas, então vocês estão dispensados.- digo a um deles

- Podemos te acompanhar até lá.- ele disse

- Não há perigo algum na área dos Peaky Blinders, eu posso ir sozinha, não se preocupe.- digo parecendo convincente e eles assentem e atravessam a rua indo até algum lugar.

Corro até dentro da casa e pego minha mala, antes de ir embora eu ainda tinha uma coisa para fazer, confrontar Grace, saber o que eu precisava. Fui até o Garisson e com sorte ela estava sozinha e arrumada para sair. Assim que ela me viu eu coloquei minha mala no chão e peguei uma pistola pequena que peguei na casa de Thomas, apenas fiquei segurando na mão, tentava esconder a tremedeira pelo medo de estar fazendo isso pela primeira vez.

- Você está indo embora?- ela pergunta assustada - Vai deixar Thomas?

- Nosso casamento nunca foi real, as coisas vão ficar feias de agora em diante.- digo e ela estava segurando algo dentro da pequena bolsa de mão que carregava, eu sabia que era uma arma. - Só te vi uma vez com aquele velho, para desconfiar de quem realmente você é Grace. - ela engole seco e tem seus olhos azuis arregalados, ela saca sua arma e mira em mim. - Você realmente ama o Thomas?- pergunto sarcasticamente

- Saia da minha frente.- é a única coisa que ela diz assustada

- Você parece um ratinho assustado, mas é tão perigosa quanto o veneno que o mata.- sorrio nem me reconhecendo - Quem é você?

- Isso não importa a você, e quanto ao Thomas, ele é todo seu.- ela continua mirando em mim

- Assim que coloquei os olhos em você eu vi algo estranho, antes era só alguém que queria prejudicar ele e agora é alguém arrependida. Parece uma criança que fez o que não devia, e está esperando a bronca...- ela atira e a bala vai atrás de mim, ela não me acerta, era pra me assustar

- Eu disse pra sair da minha frente!- ela exclama mas eu sorrio ainda mais maldosa

- Eu pensei seriamente no que faria Grace, se eu te deixo ir, se eu te entrego para os Shelby, mas eu decidi que o que sinto pelo Thomas é mais forte e...- aponto minha arma pra ela - É melhor eu cortar o mal pela raiz.- atiro sem ver onde pega nela e escuto mais um disparo, sinto uma ardência em meu braço e caio com o impacto, vejo o corpo de Grace cair também, a dor insuportável do tiro que ela me deu não se comparava nem um pouco com a dor de um mês inteiro de cativeiro apanhando, eu tinha as marcas, as cicatrizes, um tiro não me tiraria a força, me levantei com dificuldade e fui até o corpo dela, sua lágrima solitária caia e ela respirava com dificuldade,eu vi que meu tiro acertou bem perto do coração dela, eu queria ter pena mas não conseguia, ou remorso. - Se algum dia eu voltar, e reivindicar o que realmente é meu, eu não quero te ver aqui...- apontei minha arma e dei o último tiro.

Sem querer ver o estrago, eu peguei minha mala e sai do pub. Peguei o primeiro táxi que vi e entrei, guardei minha arma e até chegar nas barcas a dor do meu braço piorou, desci do táxi e avistei minha amiga que fazia tanto tempo que não via, ela e Adam pareciam assustados, a situação deles também não era boa. Enquanto eles vinham até mim, senti meu corpo mole, olhei pro meu braço que não parava de sangrar.

- Melinda!- Juliene gritou quando me viu cair, e eu só vi escuridão.

Falling - Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora