Imperador de Gelo

décimo terceiro

Ao contrário do que todos pensavam, Jungkook aceitou bem sua primeira derrota sendo um líder. Sua terra natal tinha o elemento surpresa da gôndola gigante movida por um sistema de polias e cabos de aço. Vira de raspão papéis quando aquela invenção era apenas um projeto. O povo além dos mares a chamava de teleférico. Realmente era um meio de transporte tão rápido quanto Eira e dava vantagem aos theodenianos sobre o penhasco e a escuridão.

Agora sua preocupação era saber se o príncipe regente do reino de Esben estava vivo e a salvo. Com o líder máximo vivo seria possível retomar o reino. Só precisavam de uma estratégia melhor. Jungkook vestiu a roupa que estava disponível para si. Um gibão branco de lã com detalhes em várias espirais descendo verticalmente ao lado dos botões, e calças marrons de linho. Uma roupa de frio leve para o reino do outono. Calçou as botas de couro marrom, pronto para um encontro entre líderes. E estaria mais calmo se Jimin não estivesse falando asneiras no seu ouvido.

— O que acha que teria acontecido se eu não tivesse aparecido? — indagou com uma mistura de indignação e orgulho, dois sentimentos que combinavam. Jungkook revirou os olhos. Jimin estava querendo que Jungkook pedisse desculpas por ter se oferecido para liderar um exército.

— Está certo. — cedeu por fim, virando-se para Jimin, que estava logo atrás de si. — Obrigado por salvar nossas vidas. — e foi tudo o que disse. Voltou a andar com determinação. Os corredores não eram tão fechados. Aberturas góticas nas paredes cinzas permitiam a entrada da brisa gelada do outono, junto com algumas folhas laranjas das árvores. Ao olhar para o pátio lá embaixo, Jungkook pôde perceber que a arquitetura do castelo de Steig era bem diferente da de Falel. Não chegou a ver o palácio de Esben por dentro, apenas os muros e paredes de cristal por fora, mas podia comparar com o de Theoden também. Falel era uma fortaleza, com muros altíssimos, construída na montanha. Suas torres eram baixas e não passavam de duas. Seus corredores eram um labirinto infinito, cheio de tapeçarias penduradas nas pedras negras e fortes.

Já o palácio de Theoden não era uma fortaleza. Passava longe, na verdade. Também, os theodenianos não precisavam se esconder do frio. O palácio possuía várias entradas, com vigas majestosas de mármore sustentando a principal. Possuía jardins internos e salas reservadas para as maiores perversões dos nobres. Em uma dessas, Jungkook fez amor pela primeira vez e se decepcionou pela primeira vez. As pessoas andavam livremente, com roupas folgadas, como túnicas das mais diversas cores. Os soldados usavam uma pequena proteção de ferro na parte de cima do corpo, com ombreiras, e uma saia de ferro. Sandálias de couro adornavam seus pés. A areia invadia tudo: casas, estabelecimentos, até o próprio palácio, moradia da realeza, a areia ousava invadir. O mar era magnífico, sem fim no horizonte, de um azul tão profundo que parecia guardar as almas de toda Galea em si. Ah, Jungkook sentia falta de fincar os pés na água gelada e deixar o sal do mar lavar todos os seus pecados e seus medos. Com uma guerra iminente, não faria isso tão cedo.