Godliness (Final)

112 17 4
                                    

- Tin... vamos resolver isso como pessoas civilizadas. Gesticulei as mãos em "pare", enquanto me levantava e notava minha arma caída na frente dele.

- Calado. Ordenou entre os dentes. - Eu me resolvo com você depois... agora, tenho algumas contas a acertar com seu "amiguinho" aqui. Ele pressiona a arma na cabeça do moreno.

- Não... não faça isso Tin, eu não quero morrer. Choramingou ele, mas logo ele muda sua postura. - Não pela suas mãos. Ele o encara com raiva e Tin abre mais o sorriso.

- Ora, que mudança de humor fascinante. É uma pena ter que mata-lo. Falou em falso remorso, . - Porém, Can meu amor, creio que saiba a verdade. Ele se vira, pega a arma caída e vai para trás do acorrentado. - Poderia me dizer como chegou a essa resposta? Seu olhar maníaco estava direcionado a mim, enquanto citava cada palavra.

- Eu descobri que todos os mortos tinham uma relação indireta com você. Disse enquanto me levantava devagar, sem deixar de encarar o maior. - Aquele bebê, foi fruto de uma transa feita no seu escritório. Ele sorriu ainda mais, estava adorando a situação, já Ae permaneceu chocado com tudo.

- A forma mais pura do ser humano. Puramente má. Falou psicopata. - Continue. Ordenou.

- A parede cheia de sangue não nada além de uma distração perfeita. Como o corpo nunca foi encontrado, acabou fazendo jus ao ditado. Ele ri nasalmente.

- O silêncio não comete erros meu amor. Próximo.. Ele aproxima a arma na cabeça do preso.

- Eu me pergunto porque aquela senhora tinha que ser a verdade. Ae corta nossa troca de olhares.

- Ora, não é obvio? Ele se finge de desentendido.

- Ela comprou medicamentos em uma farmácia afiliada da sua empresa. Não tinha motivos pra mata-la. Mostrou ele incrédulo se remexendo nas correntes.

- Ok, dessa vez eu te darei a honra de me ouvir explicar. Vangloriou ajeitando a postura agachada. - É algo bem simples, eu não fui com a cara dela. Acabou por ser um alvo bem facil, então uni o útil ao agradável. Completou dando de ombros, se levantando e apoiando os cotovelos no baque da cadeira.

- Seu imbecil de merda! Ela não tinha nada a ver com isso. Rosnei entre os dentes e serrei os punhos. Com um semblante mortal, o fuzilei com os olhos. - O Ae era a fé!.  Dou um passo a frente. A minha fé de encontra-lo vivo!. Outro passo. - Me fazendo vir pra cá e cair na sua armadilha!. Mais alguns passos, ficando bem proximo do seu rosto debochado. - Do jeito que planejou, não é Tin?!

- Preciso e perfeito, não esperava menos de você, querido. Citou orgulhoso com um sorriso simples.

- Mas tem algo que não me explicou.

- Isso seria...

- O Pecador. Fechei os olhos e os desviei, sentindo marejar levemente.

- Ao que tudo indica, você sabe a resposta. Quer compartilhar com seu amigo? Seu sorriso aumenta ainda mais. - Seria a última coisa que iria ouvir. Ele se afasta e se encosta da parede de braços cruzados, nos observando com gosto.

-  Ok Ae, o que eu vou dizer parece loucura, mas é a verdade. Entende? Ele assente devagar e eu engulo seco. Não sei por que, mas estou suando muito. - Quando encontramos o primeiro corpo, o identificaram como Mark Twan. Mas depois de uma breve visita a casa dos parentes, descobrimos que Mark Twan morreu a dois anos, sua avó tem Alzheimer e sua última lembrança dele era espera-lo chegar do trabalho. Soltei um pesado suspiro, aquilo estava me devorando por dentro. - Pedi pra refazer os testes, mas de algum jeito sempre davam desconhecido. Quando você estava sumido, eu descobri que alguns profissionais tinham sido subornados, fazendo com que eu não confiasse em ninguém de lá. Eu mesmo fiz o teste de DNA... Umedeci os lábios. - E o resultado era... ele... e-ele era... Que droga, eu não consigo falar, minha cabeca dói tanto.

- Quem, Can?! Quem era?! Fale de uma vez. Aumentou a voz irritado e ansioso. - Apenas fale, ok.

- Era seu namorado, Ae. Ele entreabre a boca e dos olhos as lágrimas descem rapidamente, totalmente paralisado. - O pecador era o Pete. Gritei pressionando os olhos e agarro os ombros do preso. - De algum jeito o Tin prendeu ele e o obrigou a terminar com você. Quando não teve mais utilidade, foi descartado como lixo. Recosto minha testa no peito acorrentado do moreno. - Eu sinto muito Ae, fui um péssimo amigo, não cuidei direito dele. Ergo a cabeça e o encaro com duas gotas descendo vagarosamente pelo meu rosto. - É tudo minha culpa, se eu não tivesse terminado com ele, nada disso teria acontecido.

Ae gritou. Gritou muito e alto. As lágrimas desciam freneticamente, mostrando claramente a dor e angustia que sentiu durante todo esse tempo... tudo por conta do minha idiotice e o egoísmo de Tin. Sinceramente, quando ele disse que eramos feitos um pro outro, eu não tinha entendido no começo, mas depois de tudo que aconteceu, eu compreendo isso e concordo plenamente... enquanto eu estiver ao lado do Tin, todos ficarão seguros de sua tirania. Eu sei o que deve ser feito.

- Comovente, realmente comovente. Seu escárnio de voz ecoa batendo palmas lentas e passos largos. - Seu show foi espl...

- Cala a boca e me escuta seu psicopata de merda. O corto rangendo os dentes. Me viro e levanto. - Tenho uma proposta irrecusável. Ele sorri de canto e ergue o queixo, parecendo mais alto.

- Estou ouvindo. Cruzei os braços.

- Você vai sumir desse lugar e deixar todos aqui em paz.

- E o que eu ganho com isso? Ele se aproxima com as mãos no bolso e eu abaixo a cabeça.

- Eu me caso com você. Fechei os punhos com força pra conter a culpa. O encaro sério. - Ficarei ao seu lado, não importa o que faça ou aconteça.

- O que!!? Can, não fale besteiras!!! Ae grita alto desesperado. - Eu ja perdi o Pete, não posso te perder também. Ele soluça entre as palavras, sempre tentando se soltar das correntes.

- Calado seu subordinado inútil. Respondi friamente o olhando por cima do ombro. - Essa briga nunca foi sua, então trate de ficar quieto. Eu suspiro. - E então? O olho novamente.

- Aceito. Ele sorri gratificante. De repente ouvimos as sirenes policiais. - Pediu reforços? Ele me encara curioso.

- Achou mesmo que eu viria sozinho? Francamente, nem parece que me conhece. Balancei a cabeça e estalei a lingua varias vezes.

Andamos calmamente até a grande abertura da porta, pude sentir o vento frio de fora bater no rosto. Tin foi o primeiro a sair do lugar, mas quando eu ia pisar no outro lado, Ae me surpreende com os gritos novamente.

- Can!!! Não me deixe! Seu tom diminui e se mistura com soluços. - Não me abandone. Ele despenca a cabeça, derrotado.

- E eu não vou. Ele me encara arregalando as palpebras confuso. - Basta seguir o procedimento padrão e tudo dará certo. Um singelo sorriso surge em meus lábios, junto com duas lágrimas alegres. - Espero nos encontrar de novo, até la... cuide deles pra mim, ok?. Saí sem deixa-lo responder.

É, eu não posso ter o real entendimento sobre as emoções, mas se tem algo que eu sei, é que sou muito grato por te-los em minha vida rotineira e monótona... acho que não iria ser legal se não tivesse conhecido-os.

Eu confio em você.. Ae.

Horror Summer Onde histórias criam vida. Descubra agora