Truth - Part 2

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Com todos presentes, pude dar continuidade a minha ideia.

- Pessoal, posso ter pensado num jeito de ligar essas vítimas e resolver o problema do "pecador". Alguns arregalaram os olhos. - Mas primeiro, o que acharam no exame toxicológico da Dhalia? Olhei para o Ae.

- No relatório diz que tomava alguns remedios receitados, mas parece que foram trocados outros. No caso, ela tomava remédios para reduzir o risco de ataque cardíaco, porém recentemente ela tomou os que aumentavam esse risco, devido ao efeito colateral. Ae explicou passando as folhas da prancheta digital.

- Isso confirma minha teoria. Todos voltaram a me olhar. - É obvio que trocaram as capsulas.

- Isso não poderia acontecer... o robusto se manifestou. - Mesmo sendo de idade avançada, ela notaria a diferença nas capsulas, ou pediria ajuda para os familiares. Falou gesticulando as mãos.

- Mora sozinha, o marido morreu e o resto está no exterior. Raramente à visitavam. Ae o contradiz e complementa.

- Talvez o médico tenha receitado errado. A loira cogita num tom baixo.

- Que medico receitaria remedios 'pra induzir um ataque cardiaco em alguém com câncer?

- Pode ser que ele queria acabar com o sofrimento dela.

- Sem seu consentimento? A encarei por alguns instantes e ela abaixou a cabeça. - Entendam uma coisa, estamos lidando com um serial killer, tudo o que ele faz é premeditado, não procurem por outras razões. Me levantei, puz os dedos na mesa e alternei o olhar para todos. Vendo que tinham entendido o recado.

- Chefe. O moreno me chama. - Ainda não descobrimos a ligação entre cada um.

- Era sobre isso que queria falar. Limpei a garganta. - A vítima número um: Mark Twan, morto num galpão abandonado e desovado no bairro de comércio. Li alguns trechos do relatório. - E se eu disser que esse cara na verdade é um erro, vocês acreditam? Olhei para todos.

- Espera. Como assim, erro?

- Vou explicar melhor. Perceberam que, diferente das outras vítimas, esse foi o que mais sofreu antes da morte? Todos assentiram. - Por isso, essa morte não foi premeditada...

- Foi por acaso! Ele estava no lugar certo na hora errada. Ae completou minha frase e eu acenei para ele em pelo acerto.

- Isso contradiz totalmente o relatório, acharam varias provas disso. A novata se manifesta.

- O assassino pode ter achado melhor se livrar da testemunha naquele lugar abandonado. O moreno corta a informação da jovem. - Mas por que fazer toda essa viagem só para deixar o corpo a vista?

- Porque ele queria que a gente encontrasse, mesmo sendo acaso. Talvez para nos confundir ou mostrar ser mais inteligente que nós. Ae se explica gesticulando as mãos.

- Bem pensado Ae, pode ser isso. Agora, sobre a idosa, eu entendi o recado dele. Olhei para o tablet na mesa e me sentei. - Existe um ditado brasileiro que diz, "por mais que a verdade possa doer, a mentira não irá curar".

- O que isso quer dizer? O bombado pergunta cruzando os braços.

- A pergunta é como ele conseguiu associar isso a uma idosa com cancêr.

- Talvez eu possa ter uma ideia. Ae se manifesta árduo. - O legista disse que a doença estava chegando no segundo estagio, parando os orgãos, então ela começou a se entupir de remedios, numa falsa esperança de salvamento. Assim, ela sabia que iria morrer, era uma verdade dolorosa e os remedios eram as mentiras que ela tomava para alimentar sua esperança, mas nada iria cura-la. O amigo citou suas palavras de maneira simples e rapida, gesticulando as mãos.

- Faz todo sentido, a verdade de que iria morrer, não podia ser salva, já que as mentiras que ela ingeria não iam curar. Ótima visão Ae, 'tô orgulhoso. Mandei um positivo a ele e o mesmo sorri coçando a nuca.

- E agora? O moreno pergunta.

- Vocês vão procurar alguma ligação entre as vítimas, enquanto eu e o Ae vamos a empresa do senhor Methanan, ter uma breve conversa.

- Sim chefe.

Todos saímos da sala de intervalo e fomos aos respectivos lugares, porém, quando íamos sair porta afora, surge aquele homem de novo... Tin, ele estava com a mesma roupa, só que preta e com óculos escuros que retira para me olhar. Eu o encaro de cima a baixo com nojo.

- Perdeu alguma coisa? Sorriu ele com deboche.

- A vontade de te ficar te olhando.

- Fecha os olhos. Disse óbvio.

- Sai da frente.

- Sai você. Provocou.

Suspirei alto, ja irritado.

- Eu não dou um passo. Retruquei impaciente.

- Nem eu.

- 'Tá querendo me provocar?

- Não, tô querendo te esquecer.

- Usa a imaginação.

- Não preciso.

- Bom 'pra você.

- Ótimo 'pra mim. Ele disse botando os oculos novamente.

- Metido. Falei com nojo.

- Grosso.

- Egocêntrico.

- Eu te odeio. Sorriu provocante.

- Te odeio muito mais. Falei entre os dentes e dei meia volta, bufando...

Eu não mereço passar por esse tipo de coisa...

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