Purity and sinner

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A volta foi no completo silêncio, com Ae me olhando algumas vezes e eu com a cara fechada, tentando segurar a raiva, e mexia no celular. Como posso sentir algo com ele perto? Mesmo depois de cinco anos, essas sensações ainda vivem.

- Can.. O motorista chama. Digamos que ele só me chama assim quando estamos sozinhos. - Está tudo bem? Perguntou.

- Olha, sobre o beijo, eu só queria que o Tin me deixasse em paz. Respondi prevendo suas desculpas, ainda olhando para a telinha.

- Não, eu não ligo. Eu sei o quanto ele era ignorante no passado, ficou óbvio que ele não mudou nada esses anos. Explicou ele, sorrindo de lábios fechados. - Mas tenho que confessar, ja tive melhores. Riu ele.

- Você se encontrou com várias bocas. Olhei para ele. - E a única que me encontrei eu quero socar até sangrar. Ae ri ainda mais pela minha resposta.

- Como pode não rir e ainda sim ter senso de humor? Perguntou em meio aos risos.

- Muito estudo e observação. Somos interrompidos por meu toque. - Aqui é o Tenente Can.

- Chefe, temos um problema.

- Que tipo de problema?

- Encontramos outro corpo.

- E o que há de problema nisso?

- Melhor ver por si mesmo, vou mandar a localização. Assim o lado desliga. Logo depois Ae me aborda.

- Quem era?

- O policial Shi, parece que temos mais um corpo.

- Mas, por que ele ligou justo 'pra você? Desentendeu ele.

- Boa coisa não é, com certeza. Olho a tela e vejo a localização. - Entendi. O corpo está na mesma cena do crime do nosso corpo. Olhei para o lado. - Dê meia volta.

- Sim chefe. Logo ele pega o retorno e seguimos de volta.

***

Chegando no mesmo local, descemos e logo vimos o policial acenando pra nós, guardei o aparelho e seguimos sua direção localizada.

- Ta legal, o que era tão importante a ponto de ligar? Cruzei os braços.

- Desculpe incomodar Tenente, é que encontramos um corpo jogado na lixeira. Ele anda até um latão enorme de lixo, nós o seguimos. - Achamos que pode ter ligação com seu caso. Ele abre a tampa.. e o vemos é inacreditável.

- Minha nossa. Ae diz com os olhos arregalados. - Como alguém teve coragem de fazer isso?! I-isso é.. um..

- Um bebê. Completei sua frase falha. Que fedor. Tampo o nariz com o antebraço.

- É. Está aí por no máximo doze horas. Devia ter uns dois meses. O policial diz triste. - Enfim, como estava no mesmo lugar, achei que faria parte do seu caso.

- Bom, nossa vítima foi mutilada e deslocada 'pra cá. Olhei para o policial. Mas essa criança está limpa e enrolada num cobertor, o que indica remorso. Cruzei os braços. - Não vejo ligação aparente.

- Nós vamos pegar esse caso também? Ae pergunta.

Quando ia abrir a boca para responder, o celular toca.

- Tenente Can falando.

- Tenente, aqui é a doutora Lia Hank, parece que nosso amigo é cheio de surpresas.

- Como assim doutora?

- Enquanto lavava o corpo, encontrei alguns cortes pós-mortem nas costas, a escrita está tão boa, parecendo que queria que à decifracimos.

- Pode me dizer o que está escrito?

- Pecador.

O que? Pecador? Uma escrita tão boa? Não pode ser o que estou pensando.

- Poderia me mandar uma foto? No instante seguinte a recebo. - Obrigado doutora.

- As suas ordens, tenente.

Desliguei o celular.

- Ok, a legista acabou de encontrar uma marca estranha nas costas da vítima. Alterno o olhar para ambos.

- Mas o que isso tem haver com esse bebê?. O Ae pergunta.

- Eu ainda não sei, mas quero descobrir agora. Alguém tem luvas? O perito me chama e entrega o par. - Já tiraram as fotos? Ele assente. Volto para a lixeira, tiro a criança de lá e a ponho no chão.

- O-o que vai fazer? Ae pergunta.

- Vou testar minha teoria.

- Que seria? O policial se manifesta curioso.

- As marcas achadas na vítimas eram cortes precisos que formavam a palavra "pecador". Disse enquanto desembrulhava a pequena. Foi ai que vi... - Achei, bem onde pensei que estaria.

- Então, com o que estamos lidando? Shi pergunta confuso.

- Um assassino em serie. Tiro as luvas, aponto o mindinho para o cadáver, e mostro a foto para eles. - Como podem ver, a maneira que os cortes são feitos é idêntica. Essa é sua assinatura.

- Se não o pararmos, surgirão mais. Ae cita irritado. - Vamos, temos trabalho a fazer.

O olhei impressionado. Acho que o Ae que determinado e aventureiro que eu conhecia acabou de voltar. Tudo por causa de uma marca chamada "pureza" em um bebê.

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