(HISTÓRIA COMPLETA)
Elizabeth Fernandes, com certeza, não é a pessoa mais quieta e comportada que você irá conhecer. A nossa heroína é conhecida por ser tagarela, curiosa e ter um estranho fascínio por vídeos de decoração.
Logan Machado é totalmen...
Quatro anos antes da nossa história começar de fato...
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Eu costumava acreditar que as coisas sempre aconteciam por alguma razão, que tudo tinha um propósito maior. Mas, naquele momento, segurando a mão magra e trêmula da minha mãe, eu simplesmente não consegui enxergar um bom motivo para aquilo tudo estar acontecendo.
Deitada em uma cama de hospital fazendo um grande esforço para respirar, ela me olhava em silêncio como se quisesse me passar um pouco de esperança.
Eu não consigo lembrar exatamente como tudo começou. Acredito que as coisas pioraram quando meu pai chegou em casa dizendo que havia se cansado de nós e que ia se mudar para outro estado com a sua amante (não sei dizer qual delas). Minha mãe, sentada no sofá com um bebê de nove meses na barriga, ao ouvir aquilo teve uma longa e agoniante crise de choro que a fez gritar e se debater causando a cena mais horripilante que eu já tinha visto. Meu pai a encarou sem expressão por alguns segundos. Eu implorei para que ele a ajudasse, mas tudo que ele fez foi virar as costas e ir embora.
Foi a última vez que eu o vi.
Três dias depois do ocorrido, ela deu à luz a minha irmã mais nova. Ouvi a enfermeira cochichar para minha avó que foi o parto mais complicado que já presenciaram e que deixou minha mãe ainda mais debilitada do que ela já estava. Ao escutar aquilo eu corri para o local em que ela estava e isso nos leva à atual cena: deitada sem conseguir respirar direito, minha mãe tentou apertar minha mão (sem sucesso) e começou a pronunciar palavras que eu não conseguia entender.
E então ela gritou. E aquele som foi como se uma flecha tivesse atravessado o meu peito.
Eu não consigo me lembrar muito bem do que aconteceu depois. Um médico entrou correndo no quarto e minha avó tentava me arrastar para fora à medida que eu lutava para me desvencilhar, chorando e gritando o nome da minha mãe. Lembro vagamente de ter visto ela estender a mão para mim e ter me olhado de um jeito desesperador como se quisesse que eu ficasse ao seu lado. Minha vó, aos prantos, conseguiu me tirar de lá e sussurrou que tudo ia ficar bem.
Mas não ficou. E aquela foi a última vez que vi minha mãe com vida.
