Naquela madrugada em especial, o nosso herói não conseguia dormir. Deitado em sua cama ouvindo os incessantes – e insuportáveis – roncos do seu colega de quarto, Logan se martirizava por pensar no sorriso dela toda vez que fechava os olhos.
•••
Eu tive um sonho.
Não lembro quando foi a última vez que tive um, achei que eu havia parado, mas, por alguma razão, depois de 5 anos eu acabei sonhando de novo.
E foi com ela.
Desde que nos encontramos ontem eu tenho sentido coisas estranhas, e da última vez que senti emoções assim o final não foi um dos melhores. Nunca fui alguém que soubesse lidar com o que sentia; sejam esses sentimentos bons ou ruins. Não soube lidar com o abandono do meu pai, não soube lidar com o luto e também – que surpresa! – não soube lidar quando me apaixonei pela primeira vez.
Aconteceu há dois anos atrás. Éramos vizinhos e ela era a única pessoa – além dos meus avós – que eu conversava e fazia questão de ter por perto. Ela me entendia, respeitava meu espaço e não desistiu, mesmo quando eu não sabia ser um amigo sempre presente. Um dia, ela disse que gostava de mim e eu sabia que também gostava dela, mas nunca cheguei a dizer essas palavras. Era esse meu problema: não conseguir me abrir.
Passamos mais ou menos três semanas tentando fazer algo dar certo entre nós, mas, nada aconteceu e a culpa foi minha. Enquanto ela era intensa e expressiva, eu não conseguia demonstrar meus sentimentos e acabava quebrando as expectativas dela e a decepcionando. Eu sabia que nunca seria um bom namorado, nem para ela e nem para outra pessoa.
Até que um dia, ela disse que nunca daríamos certo e a única coisa que eu fiz foi concordar, porque eu sabia que tinha razão. Eu nunca seria o homem ideal para alguém.
Nunca fui uma pessoa boa em flertar ou conversar. Eu nunca teria a capacidade de estar em um relacionamento porque, bem, o final sempre seria o mesmo: a pessoa desistiria de mim porque eu não sei lidar com o que sinto e nem demonstrar corretamente.
Não era algo que eu me orgulhava.
E, depois de ter tido um sonho em que Liz deitava-se comigo e dizia que estava se apaixonando, tudo que posso fazer agora é me apedrejar porque, por mais que eu tente evitar isso, ela tem conquistado um espaço especial no meu coração e eu sei que isso vai terminar mal.
Num suspiro, pego meu celular para colocar uma música, a fim de tentar não ouvir os roncos motorizados de Daniel e a primeira música que vem – ora que coincidência terrível – é Never Knew I Needed.
Malditas músicas românticas.
— Talvez seja melhor não ouvir nada. – sussurro para mim mesmo e fecho os olhos.
•••
— Olha, Logan! Aquela pedra é a cara da Paula Fernandes. – Daniel, meu colega de quarto, aponta para uma pedra que está na nossa frente.
— Não sei, Daniel. Achei mais parecida com você do que com ela. – eu respondo e ele dá de ombros.
Naquele dia extremamente quente, a escola resolveu que seria uma ideia fascinante levar a gente para o zoológico para conhecer a nova arara que tinha chegado. Confesso que não entendi bem o conceito de levar 28 alunos para outra cidade na intenção de fazer a gente ver araras. Não que a situação fosse ruim, mas era intrigante de certo modo. Eu sinto como se estivesse de volta ao sexto ano.
— Pipoca? – Daniel me ofereceu e eu aceitei. — Você está mais calado que o normal hoje. O que aconteceu?
— Não dormi muito bem ontem. Tive um sonho... intrigante e uma certa pessoa não parava de roncar. – ele deu uma risada cínica da minha resposta e começou a caminhar na minha frente.
— Meu namorado sempre diz que não consegue dormir quando está comigo, mas eu achei que ele dizia isso porque não consegue se controlar diante de um corpo tão excitante deitado sensualmente ao lado dele e... Ah, olha! – virei o rosto na direção de Daniel – Aquela não é a garota com quem você sempre foge na hora da janta?
Direcionei o olhar para onde Daniel apontava e lá estava ela com duas garotas que eu não lembro se já conheci, usando uma bota de cada cor e parada na frente da fonte. Reparei que hoje ela estava usando um coque e eu me dei conta que nunca a tinha visto de cabelo preso antes e, por um momento, senti falta daquelas ondas acariciando o rosto dela.
Virei-me de novo para Daniel.
— Ah, essa é a Liz. Ela...
— Caiu na fonte! – Daniel exclamou e eu fiquei confuso por um momento – Olha! Ela caiu dentro da fonte.
Sem pensar muito na minha decisão, eu corri até a fonte e, quando cheguei, vi que Elizabeth estava – literalmente – sentada dentro da água rindo da própria queda. As duas amigas olharam preocupadas para ela e ofereceram suas mãos, mas eu fui mais rápido e ofereci a minha primeiro.
Segurando minha mão, Liz saiu desajeitadamente de dentro da fonte, ainda rindo. E quando menos percebi, estava rindo junto com ela.
As garotas nos encaravam como se tivesse nascido um chifre de unicórnio nas nossas testas. Liz ainda ria.
— Liz, você está bem? – a do cabelo colorido perguntou.
— Eu... Sim... – Liz tentava responder entre risadas. – Estou bem. Como isso aconteceu?
— Eu também gostaria de saber. – eu disse e as amigas da Liz olharam para mim em perfeita sincronia.
De repente vejo Daniel correndo na nossa direção segurando uma toalha.
— Aqui! Sempre ando com uma toalha porque sou viciado em banhos. – meu colega de quarto disse, ofegante. – Toma, Elaine. Você está parecendo um pinto molhado. – isso só fez com que ela risse ainda mais.
— É Elizabeth. – respondi.
— Não tem problema, Elaine é um nome bonito e menos idoso que o meu. Muito obrigada pela toalha.
Mas Daniel nem percebeu que Liz agradeceu porque estava bastante ocupado sussurrando algo para as amigas dela, e eu tenho quase certeza que ouvi ele dizer alguma coisa sobre nos deixar sozinhos.
— Liz! Amanda e eu vamos ali olhar... hmmm... Tartarugas. Por que você não fica aqui se secando com o...
— Logan. – eu disse para a amiga da Liz. A das tatuagens.
— Isso! Mais tarde a gente se vê! Tenho certeza que você vai ficar muito bem. – percebi que a Liz olhou desconfiada para elas, mas não contestou nada.
Daniel inventou a desculpa horrível de que ia voltar para o ônibus e fazer sexo por chamada de vídeo com o namorado dele porque, segundo ele, estava morrendo de saudade. Logo, Liz e eu estávamos sozinhos na frente daquela fonte.
Ela continuava se secando graciosamente, mas eu duvido muito que só uma toalha seria suficiente. Ela precisaria ficar pelo menos uns quinze minutos debaixo de um sol escaldante para ficar completamente seca.
— Liz... – ela parou de cantarolar para olhar para mim com aqueles lindos olhos escuros. — O que você acha de ir embora daqui?
E quando ela olhou nos meus olhos e sorriu, eu soube.
Eu estava totalmente ferrado.
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Liz & Logan (CONCLUÍDO)
Romance(HISTÓRIA COMPLETA) Elizabeth Fernandes, com certeza, não é a pessoa mais quieta e comportada que você irá conhecer. A nossa heroína é conhecida por ser tagarela, curiosa e ter um estranho fascínio por vídeos de decoração. Logan Machado é totalmen...