2 ANDAR

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– no fim do corredor, aquela preguiçosa, devia ver no ano anterior, soube que um professor chegou bêbado, filhos da puta estranhos – passávamos no corredor cinza sem janelas e o vagalume não parava de falar, Bony andava de uma forma estranha, gingava com seu quadril balançando de uma forma quase engraçada – sabe, até que é um bom lugar, com alunos metidos e uns verdadeiros porres, mas tem um lado agradável, por aqui – paramos em frente a mais uma porta cinzenta, porem um pouco maior sendo dupla – tem alguém ai? – socou a porta que apenas estremeceu – ótimo, vamos descer pra a sala dos professores do andar de baixo.

– Tem certeza? Acho que poderíamos bater mais um pouco – droga, não podemos apenas voltar pra a sala? Droga.

– Vamos pô, temos chance de escapar do primeiro tempo, física quântica ou qualquer outra porra dessas, não precisamos disso certo? – gingava dando meia volta pro corredor andando de uma estranha forma.

Vai na frente então – Cayn se abaixou de joelhos – meus cadarços– e em relutar o garoto se foi – deve estar, mas tenho que voltar logo pra sala tenho que... – quase tive que correr atrás dele sumindo nas escadarias, além de alto era estranhamente ligeiro – espera caramba, não sei onde estamos indo – mas descido cinco degraus meus pés travaram vendo as costas do garoto, sua mão erguida para trás me mandando parar, segundo depois comecei a descer lentamente ao ver suas mãos tremerem, meus sapatos escorregavam pelos degraus que pareciam mais infinitos até chegar ao terceiro as costas brilhantes dele, como o mesmo senti meu corpo enrijecer, em contra partida sentia meus órgãos derreterem, o liquido viscoso dançando dentro de mim, a nossa frente? Havia algo que eu não poderia esquecer nunca em toda minha miserável vida, gigante e viscosa um amontoado de pele cinzenta borbulhava como uma minhoca grotesca rastejando pelo corredor.

– Ora, ora novos alunos? Podem vir – uma voz feminina gutural e nojenta vinha da bolha de carne, de uma parte que ficava cada vez mais fina havia uma coisa, podia sentir os meus órgãos líquidos escorregarem por minha garganta indo até minha boca, um rosto feminino e humano jazia preso em uma fina linha de carne pendendo para o lado, a boca morta e não havia uma impressão humana naquela lesma grotesca – vamos meus queridos, temos aula agora – CORRE, CORRE, PELO AMOR DE DEUS CORRE, era tudo que eu conseguia escutar, gritos de todos os lugares desesperados mandando correr, mas uma foi mais alta que as outras uma que eu já conhecia e devia obedecer, minha mão escorreu extremamente leve até a gola do casaco do garoto e o puxei com uma força desesperada para ao meu lado, ele tremia duro como rocha mais desesperado que ele tive apenas coragem de segurar sua mão e correr degraus acima momentos antes de um longo e esquelético braço aparecer pelo portal e subir cinco degraus facilmente, finos dedos extremamente longos se debatiam , ambos tremíamos seis degraus acima – vamos sair daqui vamos...– puxava o paralisado com toda força que tinha o mesmo acontecia com minhas tremulas pernas, iria cair em breve, mas não ali, puxava ele aos degraus acima até passar pela porta, o braço abaixo já havia desaparecido.

– Droga – consegui respirar, era como cuspir uma rocha da garganta, meus joelhos cederam a dois metros da porta cai suando frio, o garoto suava litros ainda parado ao meu lado.

– Aí estão vocês, o que aconteceu...? – sussurrava o anjo humano vindo da sala a passos rápidos e apertados – oque viram lá embaixo para estarem assim? Anda diz logo – quase berrava pegando o vagalume pela gola da camisa – anda diz, diz de uma vez viram algo não viram? Droga, venham logo – a passos pesados o anjinho saia pelo corredor de volta a sala.

– Que merda está acontecendo? Que porra foi aquela? – finalmente o vagalume falou suando frio de joelhos ao meu lado, mas o que eu poderia dizer?

– Melhor não ficarmos tão perto daqui, vamos voltar – arfei tentando dizer, meu coração ainda batia como se fosse explodir, minhas pernas relutaram e latejavam pesadamente protestando ao meu esforço de levantar – consegue levantar?

13 ANDAROnde histórias criam vida. Descubra agora