A BEIRA DA MORTE

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O primeiro a chegar foi ele, cortado e queimado ele empurrou a porta, sangrando e sentindo a dor de ter a pele ainda amolecida ignorou tudo pegando o garoto pelos ombros e o forçando a ficar de pé, mas quando não teve a força de erguer ou ajudar outro chegou com as pernas tremulas o vagalume o ajudou a erguer o corpo lavado de sangue carregando pelo corredor até a sala ao lado, a enfermaria, burros demais para fazer algo além de gritar por ajuda outros apareceram, Alyssa aos tropeços deixando seu ursinho cair no chão quase sendo atropelada por Cly.

– PAANOS, BONY! CAYN PEGUE TODOS ALNAGEGICOS – ela gritou desviando da pequena garota e indo até o corpo empapado de sangue no rosto – preciso de faixas, respirem.

Gabi na porta da sala onde tudo aconteceu, vendo o corpo pendendo para frente na cadeira, sangue tinha parado de escorrer e a mascara jazia no chão banhado em sangue.

– Não, não, não – ela tremia apenas olhando, seu corpo gelou, mesmo assim ela anda. A sala já tinha sido contaminada com o odor de sangue, pesado, denso e doce.

– Aquele rosnado, mas parece um corte fino e uniforme para um animal. – Roxo berrante o terno apareceu, magricela e sem seu sorriso perspicaz Grim apareceu nas costas da garota.

– Pegue produtos de limpeza – ela cambaleou para dentro, seus sapatos movimentando as possas de água levemente quase de forma monótona na escuridão – não, não era pra ser assim – os pesos em seus ombros fizeram se abaixar na altura do rosto ainda pendendo. Quente e imóvel o corpo estava paralisado como se estivesse apenas paralisado esperando algo – era meu – ela pegou o corpo pelos cabelos o erguendo – era um – os olhos da garota começaram a lacrimejar vendo o rosto inexpressível do garoto, olhos caídos sem vida e boca aberta sem voz, como o corte aberto na garganta – é o mesmo corte e cheiro de fumaça misturado ao sangue, o mesmo daquele dia, ele está aqui, eu sabia que estava – então largou a cabeça que caiu de forma molhada balançando.

– O mesmo? Não consegui sentir o cheiro da fumaça – de surpresa a garota pulou para trás eriçando todo seu corpo pelo susto.

– A morte do meu pai, agora vamos sair daqui, odeio esse cheiro.

– Não íamos limpar? – o garoto perguntou olhando com repudio e nojo para a sala.

– Pra que? Houve um ataque, não vejo motivos para limpar se já não é seguro.

– Vamos ter uma nova reunião. Oque aconteceu aqui? – o garoto olhava com nojo para a sala.

– Talvez você tenha mais presença agora. Garoto dos remédios– ela passou por ele, o mesmo travou olhando para o sangue no chão – exatamente, andei pesquisando você também, conte o que viu agora e todos vão saber sobre seu segredinho com remédios – e sem falar mais nada, saiu pelo corredor ignorando a porta da enfermaria suja de sangue – queria comer alguma coisa, espero que não demorem muito para acabar com o sofrimento do garoto.

– SEGUREM ELE – gritou segurando as faixas no rosto do garoto no meio do processo – VOCES DOIS INUTEIS SEGUREM OS BRAÇOS – e assim Bony e Cayn agarraram tentando imobilizar o alucinado, se debatia já sem poder gritar. O sangue empapado tornava até a mais longas camadas de enfaixes em vermelho. Alyssa tremia ainda segurando as caixas vazias de analgésicos, suas mãos manchadas de sangue, seu ursinho jogado no canto da sala.

– Fica bem, fica bem – pensava tremula, a sua frente todos se debatiam.

– ALYSSA, PRECISO DE MAIS DAQUELE PÓ QUE VOCE FEZ, VAMOS TENTAR JOGAR FAZER ELE DORMIR DE NOVO – ela pulou assustada logo se virando para a mesa pegando uma bandeja para amassar as pílulas.

Quarenta minutos, levaram quarenta minutos para enfaixar seu rosto, braços e uma perna, quarenta minutos mais tarde estava deitado sobre a marca suja de seu sangue, Arnen conseguiu se erguer depois de trinta minutos e ir para sua sala preferida, a sala de reuniões, todos foram expulsos da sala, apenas Cly ficou para cuidar de seus pacientes.

– Sempre cuidou dos ferimentos da nossa tribo – o vagalume disse abrindo a porta em sua frente.

– vamos descer do andar essa noite – disse em pé olhando pela janela, os panos jogados de lado – a coisa que nos atacou pode andar pelos andares, se voltar todos nós vamos estar mortos – ele ergueu as duas garrafas de vodca com panos rasgados da manga de sua roupa na boca da garrafa.

– Vamos ter apenas uma chance se fizer isso, vamos planejar melhor – Cayn falou fitando o garoto nos olhos – se errarmos pode ter mais mortes.

– Está com medo? Vamos fazer isso, too de saco cheio desse lugar– sorrindo o vagalume olhou de cima o seu rival – vamos usar isso, ele nem vai ter chance – ele ria alucinado.

– No andar debaixo teremos como ajudar Ren, tenho produtos medicinais nas minhas bagagens – de volta a ser inexpressível olhava pelas janelas, arvores e seres como o do andar de baixo – a qualquer momento podemos ser atacados, espero que não tenha esquecido.

– Não concordo! É arriscado pensar no calor do momento! – batendo os pés partiu para fora da sala.

– Vai com a gente garotinha? – sorriso abobado em sua ace fez a garota correr para fora da sala

– Cayn! – exclamou com seus pés perdendo ao chão ao ver o amigo entrara na sala com odor de sangue – oque!? – caminhou lentamente não querendo entrar naquele, podia sentir o cheiro de sangue a metros da porta, mas continuou esperando ele sair, e apenas quando parou na porta teve forças para entrar.

No centro da sala ele estava abaixado apenas desamarrando o corpo, apoiando sobre seu ombro.

– Vai poder descansar – sussurrou quando o torço do pequeno garoto caiu sobre seu ombro – aguente só mais um pouco – caminhou até a porta – pode pegar um lenço? – o sorriso mais gentil que ela teve, também o mais triste.

– Claro...claro – falou sem uma certa expressão vendo o garoto andar até a porta onde deveriam guarda os próprios lençóis, grades nas paredes e espaço para no chão para um corpo tão pequeno...

– aqui... – ela sussurrou trazendo um azulado lençol maior que ela mesma arrastava no chão – agora ele vai poder descansar né? – sorrindo o garoto pegou o lençol se virando, se abaixou sem pressa olhando para o rosto calmo – apenas dormindo – e o cobriu por inteiro.

– mesmo que diga – em um esganiçado ela falou – sei que sente, mesma que diga que não, sei que sente.

Sorrindo ele saiu da sala se ajoelhando, cruzou seus dedos e fechou seus olhos, com o tempo a garota repetiu orando pela alma daquela criança que enfim poderia descansar.

– Bons sonhos – ele falou abrindo os olhos – temos trabalho a fazer, apenas com um líder as coisas podem piorar bastante, poderia me ajudar? – sorria de uma forma estranha, um sorriso triste e distante.

– Claro! – parecendo um sapinho ela quase saltou dizendo animada com toda força do seu pulmão – vamos ajudar ele?

13 ANDAROnde histórias criam vida. Descubra agora