A penumbra me envolvia como um manto enquanto eu lia aqueles contos de horror, já estava tão habituado que não mais temia. Temer o que se eu sempre dormia acompanhado?
Usei meu celular para iluminar o quarto, tirei os fones e senti aquela vontade incômoda de ir ao banheiro.
Me levantei e fui tentando não esbarrar no ventilador que apontava para o meu irmão que dormia um sono de rei, pesado e profundo. Abri a porta e ela rangeu. De lá, passei pelo corredor e fui ao banheiro.
Quando voltei, a luz que eu pensei que duraria até eu voltar tinha se apagado.
Cheguei perto da minha cama e já sentado, o peguei.
Tocando na tela sensivel fui recepcionado com uma mensagem estranha. Logo ri pensando ser uma brincadeira do meu irmão, olhei para o lado e vi que ele ainda dormia profundamente.
Clamei por seu nome em sussurros e no entanto, nada dele acordar. Da cama, pensei ter ouvido um arranhar embaixo da cama.
Apurei os ouvidos e ouvi um tilintar, como ossos se juntando em um atrito incômodo.
Tirei os meus pés da beirada da cama e os trouxe para o centro. Fiquei que nem um monge a espera, silencioso.
Novamente sussurrei e quase gritei para que meu irmão acordasse. E foi lentamente que ao se virar que percebi que ele estava tão acordado quanto eu.
Olhos escuros miravam meu rosto, eram tão pretos quanto meu cabelo e cobriam a parte branca do olho. Sua pele pálida parecia feita de cera. Na boca, um sorriso cheio de dentes serrilhados enfeitava seu rosto. Imóvel como estava, ele me observava como um espectador dominado por uma quietude desagradável.
O barulho que eu ouvira raspou o chão me distraindo do choque. O que quer que tivesse ali sairia muito em breve.
Pulei da cama com o meu irmão me seguindo com os olhos e corri até a porta saindo em disparada em direção ao banheiro onde lá me tranquei.
Passado um tempo, a claridade solar iluminava suavemente o lugar. Já podia ver as formas da lajota e a ouvir batidas na porta. Essas mesmas batidas me tiraram de um estupor causado pelo ceticismo do que eu anteriormente presenciara.
Do outro lado minha mãe me chamava querendo usar o banheiro.
Destranquei a porta desconfiado ao vê-la me olhando emburrada, prestei atenção aos seus olhos e eles estavam tão normais quanto os meus.
Passando por ela, perguntei do meu irmão. Surpresa e um tanto confusa ela me perguntou se eu havia batido a cabeça. Mas vendo a minha confusão, minha mãe acabou se apiedando de mim e me explicou.
Nunca houvera um irmão, eu era filho único.
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Historietas Macabras: Para leitores que tem pressa | Vol. 01
Short StoryO ser humano é inegavelmente atraído por histórias que exprimam o horror desde os tempos imemoriais. Repassadas oralmente, elas colocam os filhos dos seus filhos para dormir, deixando subentendido o aviso de que o mal está sempre à espreita. Em "His...