06 · O Homem Manco

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Acordei no meio da noite com uma secura insuportável na garganta. Não eram nem duas da manhã e aquela queimação me agoniava.

Resolvi sair da cama para espairecer. Sob os meus pés, o piso do quarto se encontrava frio acalmando o pouco da sede que me atormentava.

Bêbado de sono como eu estava, fui recobrando os sentidos aos poucos. Senti junto de mim os fios do fone de ouvido se embrenharem em meu corpo como a asfixia de uma cobra. Até eu achar aquele celular foi uma luta.

Quando finalmente liguei sua tela, a luz azul revelou um cômodo estéril. Paredes brancas com fios vermelhos pontilhavam o quarto como uma grande teia de sangue onde os retratos das mais variadas pessoas me observavam.

Subitamente meu celular desligou. Tentei ligá-lo pressionando a tela, mas de nada adiantava. Alguns segundos se passaram, não havendo outra alternativa peguei uma das câmeras e mirei naquela parede. O flash pipocou quando vi minha fotografia ganhar vida.

A figura esguia me observava de longe encostado no canto do quarto. Máscara rubra com olhos de demônio, pensei. Consigo levava um espelho de mão que respingava ácido fazendo chiar a pele daquele que o levava.

Levantei a câmera e outro flash se fez.

Mais perto agora.

Evitei ficar na escuridão mas de nada adiantava.

A figura macabra levantou o espelho.

Outro flash, um passo nos separava.

Quando olhei para dentro daqueles olhos mortos eu acordei suado em minha cama, enrolado nos fios do fone de ouvido e com uma sede inoportuna.

Eu estava bem.

Um flash me cegou vindo do canto do quarto.

— Ah, de novo não...

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Srta. W

Historietas Macabras: Para leitores que tem pressa | Vol. 01Onde histórias criam vida. Descubra agora