Como sempre, sai do trabalho às seis e meia, e de lá parti rumo a parada de ônibus que me aguardava, cansada.
Andei a passos largos, anoitecia, e com ela vinha aquela sensação de perigo que toda mulher sente ao andar sozinha.
Andei e andei e me vi acompanhada por uma sombra.
Ela era definida, densa como piche e se ligava a mim como um cordão umbilical.
Eu estava fadada a minha própria sorte ao perceber aquela duplicidade. Tão parecida comigo no jeito de andar mas tão diferente em sua forma indefinida.
Tinha chifres e levava consigo uma faca.
Ao me acompanhar, percebia os seus movimentos enquanto levava ao pescoço a faca que tinha em mãos em um exemplo nítido do que faria comigo.
Acelerei o passo mais uma vez agarrando minha bolsa. Perto da parada avistei um segurança e o chamei, gritei em plenos pulmões e ele não me ouviu. Estava de costas para mim enquanto andava à esmo pelo mesmo caminho que eu fazia.
Chamei-o mais uma vez, no fim me desesperei quando não me deu ouvidos e aflita como eu estava passei a correr até trombar com aquele homem e atravessá-lo como se ele não fosse nada.
Sem acreditar, me virei para ver seu rosto. Ele estava com os olhos injetados de sangue e continuava a andar alheio a qualquer tentativa minha de interação.
Paramos no sinal e ele, diante de toda aquela imobilidade estranha levantou o rosto e apontou o dedo em direção àquele amontoado de gente que se agrupava curiosa em direção ao centro do círculo.
Eu sabia que ele não mais me acompanharia então segui sozinha com espectro ao meu lado.
Quando trespassei aquelas pessoas e as vi, seus rostos macilentos e assustados apontavam em direção a um corpo sentado no banco da parada.
Vi o corpo banhado em sangue sentado no banco como um boneco feito de trapos. Seu rosto estava impossível de reconhecer tamanho os cortes que rasgavam a face e que caiam direto no coração, que ao lado, fora arrancado e mastigado.
No meio disso tudo notei um pequeno anel no dedo indicador daquele corpo, simples, mas completamente distinto por mim pois o conhecia.
Era o meu anel.
Me vi morta.
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Historietas Macabras: Para leitores que tem pressa | Vol. 01
Historia CortaO ser humano é inegavelmente atraído por histórias que exprimam o horror desde os tempos imemoriais. Repassadas oralmente, elas colocam os filhos dos seus filhos para dormir, deixando subentendido o aviso de que o mal está sempre à espreita. Em "His...