Cap 16 - Memórias

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Notas do Autor

Mantive a formatação de deixar as memórias (flashback) em itálico.

Hora de tirar o band-aid... Sei que o cap ficou grandinho, mas o arco da Teela precisava ser bem trabalhado para poder se conectar com as meninas (Adora e Catra) na próxima etapa da história. Espero que gostem!
Estou me esforçando para escrever em todas as brechas que acho mas o final de ano meio que atropela a gente com vontade né?
Bem.... vejo vocês nos comentários para podermos bater papo!

Sabia que Duncan não queria abandoná-la, principalmente tão longe do Castelo de Grayskull e tão perto da Montanha da Serpente, mesmo com Randor o puxando pelo braço ele rogava ao amigo que o deixasse ficar com ela, queria protege-la. O coração da feiticeira se aquecia em pensar que ele, mesmo sendo um simples mortal, com tão mais a perder, desejava de todo coração lutar por ela, ainda que soubesse que nada daquilo a mataria. O soldado queria poupá-la de sofrer qualquer mal enquanto ele mesmo tinha o corpo marcado e castigado... que a Deusa a perdoe por sentir-se daquela forma diante dele, mas não pode evitar que seus olhos transbordassem aquilo que em palavras jamais poderia dizer. Com muito custo, vendo que ele não partiria por vontade própria usou sua magia para tirá-los dali. Tirou não somente Randor e Duncan, mas cada cidadão e soldado, num teleporte massivo que os jogou a muitos quilômetros de distância, deixando-a livre para se concentrar em Skelletor, já o enfrentara antes, mas da última vez que o fizera ela ainda tinha um rosto que ornado com longos cabelos negros e um cavanhaque diligentemente aparado... naquela ocasião ainda atendia pelo nome de Keldor.

Não demorou para o gar se fazer ouvir com sua insana gargalhada aguda e tresloucada, evidenciando que a perda de seu rosto também levou parte de sua sanidade, ele estava montado em Panthor e segurava em sua mão o Cajado da Destruição com o crânio diminuto de bode manchado ostensivamente de sangue, assim como ele próprio.

- Só precisei massacrar três cidades e causar uma erupção vulcânica para te tirar do maldito castelo..., mas aqui está... como se sente fora daqueles muros? – Provocou o gar.

- Bem o suficiente para dar conta de te empurrar de volta para a Montanha da Serpente, já que é improvável que você morra tão perto da treva antiga que te sustenta. – Respondeu ela num rápido movimento abriu ambos os braços e os cruzou com força disparando uma saraivada de suas penas azuis e laranja novamente.

Panthor saltou evitando parte dos projéteis enquanto um escudo mágico defletia os demais com algum esforço. Assim que pousou no chão o enorme felino deu um bote na direção da mulher, que graciosamente desviou-se das garras e presas do animal místico que mal teve tempo de se frustrar por errar o alvo e já se sentiu arremessado contra uma casa atravessando a grossa parede de pedras apenas com um movimento de mãos dela. Skelletor saiu caminhando de dentro da construção parcialmente destruída coberto de poeira que lhe sujava ainda mais o corpo grudando no sangue de suas vítimas.

- Você não mudou nada desde a última vez que a vi, mas eu em compensação, aprendi novos truques. – Ele debochou, com os olhos se acendendo em um lume vermelho brilhante. Ela reconhecia aquilo que emanava dele, magia negra bruta, com um toque dos Antigos. Ele bateu o cajado no chão e quatro enormes sombras negras surgiram como serpentes, investindo contra ela.

A feiticeira conseguiu traçar uma lâmina de ar certeira que partiu uma delas ao meio ainda em curso, mas as demais precisaram ser desviadas e defendidas, uma conseguiu se enroscar em seu braço estrangulando o membro e tentando mordê-la com uma bocarra monstruosa feita de pura treva. A dor era grande, e seus olhos brilharam quando invocou uma luz branca tão brilhante que cegaria um mortal, a criatura se contorceu enquanto seu corpo sombrio se desfazia pelo toque da luminescência mágica. Sua concentração foi quebrada ao sentir sua coxa ser perfurada com violência pelas presas sobrenaturais da terceira criatura, que teve sua cabeça imediatamente decepada com um movimento rápido de asa da feiticeira, a fúria da besta era tão grande que mesmo depois que o corpo se desfez a cabeça permaneceu cravada em sua carne ainda por alguns instantes, fazendo o sangue correr por sua perna que latejava de uma dor que ela ignorou. Os anos a fizeram resistente e resiliente, por isso não foi difícil avançar sobre o gar mesmo com a carne ferida, ela investia contra ele com velocidade, pois ao contrário do usurpador seus poderes foram de fato dados pela própria Deusa e ela não dependia de artefatos, runas ou palavras mágicas para exercer seu poder na maior parte do tempo, bastava pensar e do chão voava uma pedra pesada que ele estourava com seu cajado quase tarde demais sentindo parcialmente o impacto, um olhar e uma enorme árvore descia seus galhos com violência jogando o gar para longe, um sussurro dela e uma lufada de vento poderoso o varria para mais longe fazendo-o quicar no chão dolorosamente no processo. Ela não queria prolongar a luta mais do que o necessário, já via flashes de outras vidas, e as vezes quando olhava para Skelletor via Hordak Prime em seu lugar, ou Hiss, ou Grimalkin.... alucinação fruto das múltiplas vidas que se armazenavam dentro de si. Quando ouvia sua própria voz as vezes lhe soava como Veena, ou Kuduk Ungol, as vezes chacoalhava a cabeça para focar sua atenção e voltar ao que interessava... o presente. Sempre que ameaçava se perder lembrava-se de que neste tempo havia ainda um par de olhos que a encaravam amorosamente, e esse pensamento a reconfortava e ajudava a manter a mente nos trilhos.

O Regresso da Princesa PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora