A visão aguçada de Catra lhe permitia enxergar com perfeição conforme o falcão branco subia ganhando altitude de forma vertiginosa enquanto suas formas mudavam gradativamente para as da Feiticeira e a naja transmutava-se na mesma proporção em algo que lhe pareceu ser um serpentita. Eles se engalfinhavam no céu trocando golpes, ele tentando força-la a diminuir a altitude e ela castigando-o com o ar cada vez mais rarefeito.
Então ela pareceu estacar em determinado ponto, já longe demais até mesmo para os olhos felinos e passou a descer com velocidade considerável. Quando se deu conta do que acontecia, Catra só teve tempo de correr até Carnivus que andava lentamente com dificuldade carregando Linnus desacordado com seu único braço bom. Ela o alcançou apressada dividindo com ele o peso do leão mais jovem e forçando um passo acelerado.
- Não vai dar tempo.... Se joga! – A gata mal terminou de falar e quase não tiveram tempo de se lançarem desajeitadamente para frente evitando serem atingidos pelo impacto no instante em que a Feiticeira afundou o corpo de Hiss chão a dentro formando uma cratera com sua queda, ainda agarrada ao pescoço dele com suas duas mãos e os olhos injetados fazendo voar terra, pedra e poeira mesmo no meio da tempestade que piorava exponencialmente. – A gente tem de sair de perto desses dois agora!
O grande leão olhou para a magicat em assertividade e emitiu um rugido alto e prolongado, Catra sentiu seus pelos se arrepiar e logo por puro instinto deixou sua voz se juntar a dele o mais alto que conseguiu em um rugido desengonçado e agudo que sua fisiologia de gato permitia. Mesmo depois que encerraram o chamado ainda era possível para ela sentir a vibração no ar mesmo em meio ao vendaval e a chuva pesada.
A poucos metros dali Hiss já tinha sua forma definida, era quase um serpentita, com o corpo humanoide coberto pelas escamas verde-marrom e a coroa de naja em sua cabeça e pescoço, mas o lado esquerdo de seu torso era grotescamente deformado, e aonde deveria estar um braço brotavam duas cobras grossas com cabeças que pareciam ter independência e moviam-se freneticamente de forma agressiva contra a feiticeira que não parecia se importar em ser ferida repetidamente pelas presas das duas bocas monstruosas. Ela sentia a dor, mas estava tão imersa em sua insanidade que abraçou a sensação quase como uma velha amiga, e cada vez que as presas das cobras ou o punho de Hiss lhe atingia ela imprimia mais força na garganta do deus e com mais violência o vendaval e a tempestade elétrica se manifestavam ao seu redor. Quando recebeu uma mordida particularmente profunda em seu ombro sentindo as presas rasgarem a carne invadindo a bursa e perdeu parte da força no braço esquerdo e o serpentita foi capaz de a chutar para longe com força.
A feiticeira bateu no chão e rolou colocando-se sobre os pés ainda agachada e com um movimento rápido do braço esquerdo desprendeu uma saraivada de penas que cortaram o ar como facas.
O trio de felinos se escondeu como pôde, usando a geografia local, para não serem pegos no fogo cruzado enquanto a luta acontecia, Hawke tentou se aproximar deles, mas a violência do vento não permitia que ela viesse voando. O rugido do qadian fora ouvido, pelo menos disso sabiam era questão de tempo até alguém os ajudar a sair dali. Catra procurou com o olhar algo que pudesse melhorar sua situação e avistou não muito longe um galho grosso quebrado que o vento trouxe e agora rolava contra uma pedra, a felina correu desviando-se de pedras e penas afiavas como navalhas se orientando como podia no meio to tempo adverso, pegou o galho e retornou, rasgaram uma tira comprida da roupa do Chefe e a gata como pode imobilizou o braço quebrado do leão de improviso.
- Finalmente a Feiticeira saiu para brincar... pena que seu brinquedinho morreu, não é? – Hiss debochou cínico arrancando um rosnado baixo do fundo da garganta da arauta e atraindo um trovão que atingiu exatamente sua posição. A carga elétrica celeste foi dissipada por uma redoma mágica fazendo ricochetear
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O Regresso da Princesa Perdida
AventuraQual a sensação de caminhar dentro da luz? Adora havia acabado de passar pela experiência e não sabia como definir mesmo assim. A única coisa que sentia era uma ansiedade muda e a mão de Catra segurando a sua quase como uma ancora que a mantinha pre...