A chuva caia sobre ela lavando suas cores...
A Feiticeira ficou ali, agarrada ao corpo de Duncan por um tempo que não sabia precisar, afinal "tempo" deixou de ter significado para ela... só sabia que o calor daquele corpo estava aos poucos se esvaindo e queria sentir o quanto pudesse daquela quentura, queria absorver cada resquício que sobrava de seu querido soldado.
E conforme o céu chorava sobre eles gradativamente o azul e laranja de suas penas eram lavados, e seus cabelos perdiam o vermelho vivo que lhe era característico, logo tudo era de uma branquitude imaculada... Quando se tornou a Feiticeira de Grayskull os Antigos fizeram de seu coração um templo sagrado, trancado a sete chaves das quais ninguém poderia se apoderar, mal sabia ela tanto tempo atrás que as chaves deste templo viriam a pertencer a um mortal... chaves estas que jamais poderiam ter sido giradas, mas foram.
Alguns anos o terrível Skelletor tentou arrombar-lhe o coração e quase conseguiu conspurcar através da dor e do desespero seu templo sagrado, mas o soldado lhe devolveu a pureza e lhe curou as feridas com seu sorriso atrevido e coração destemido. Mas Duncan era seu último resquício de humanidade e com ele isso também estava morto... e agora seu coração estava ali... incapaz de bater sem doer, seu templo interno ruiu deixando apenas uma estranha escuridão e sua mente que tanto lutava para se manter no presente e sã não tinha mais uma ancora à qual se agarrar... algo nela quebrou. Era por isso então que arautos divinos não poderiam se apaixonar? Era por isso que o amor lhes era proibido? Se era, de fato, tratava-se de um método bem ineficiente, pois falhou com ela, falhou com Veena e falhará com Teela.... sua menina...
Não culpava Teela por sentir tanta mágoa, sabia que manipulou e controlou o que pode da vida dela, e nem podia se orgulhar de dizer que fez por um bem maior, pois falhou nisso também, não foi capaz de impedir sua menina de se fundir a Deusa assim como não foi capaz de salvar Duncan...
Os raios passaram a ser mais violentos e os sons de trovão começaram a ficar mais altos, o calor do corpo já se esvaia e os ventos zumbiam num assobio assustador. Ela o envolveu com suas asas novamente e buscou com sua magia o destino que desejava.
Agora, ela não era mais a Feiticeira de Grayskull, mas sim a Feiticeira do Templo Negro, já que era isso que seu coração se tornou naquele momento, sua mente corria solta e apenas um fio de logica seguia pelo caos que eram seus pensamentos, ela localizou o que procurava e teleportou-se com o soldado.
A tenda era espaçosa e estava cheia, mas ela não se importou. Surgiu em seu centro e pousou o corpo de seu querido em cima da primeira mesa que encontrou, ignorando que nela haviam mapas e planos de batalha. Assustou a todos com sua chegada repentina. Notou o olhar de Marleena sobre si carregado de tristeza. A rainha correu até ela abandonando que fazia, que era atar o peitoral de sua armadura sobre o vestido, no momento em que Zoar chegou, a rainha de Eternos se preparava para juntar-se ao combate que acontecia sem eu castelo liderando a segunda onda de soldados que havia juntado na última hora, com reforços sob as ordens de Lorde Daal que agora obedecia a Edwina.
- Deusa mãe! Duncan! – a rainha tinha medo e pesar em seu tom de voz e correu até o amigo tombado acarinhando seu rosto e dando-se conta de sua morte quando tocou a pele já com uma textura estranha, ela endureceu o olhar cheio de lágrimas represadas e olhou diretamente para a Feiticeira – Como isso aconteceu?
- O coração... ele... – ela não conseguiu explicar. Sabia exatamente o que acontecera, mas não podia se forçar a explicar. A rainha compreendeu, e esquecendo qualquer protocolo a abraçou apertado. Marleena sabia exatamente a natureza da relação deles e só podia imaginar o tamanho da dor que deveria consumir o peito da Feiticeira. – Você poderia se encarregar de...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Regresso da Princesa Perdida
AventuraQual a sensação de caminhar dentro da luz? Adora havia acabado de passar pela experiência e não sabia como definir mesmo assim. A única coisa que sentia era uma ansiedade muda e a mão de Catra segurando a sua quase como uma ancora que a mantinha pre...