Encurralada

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Siyeon voltou para casa, ou melhor, o apartamento que seus pais deram para ela morar perto do campus. Sua família a recebeu com abraços apertados e lágrimas banhando seus rostos, aliviando a dor do desaparecimento da única filha. Ela estava saudável e sem lesões, descartando as hipóteses de sequestro ou cárcere privado Siyeon não disse por onde esteve todos esses dias e sempre que alguém perguntava ela ou se calava ou mudava de assunto drasticamente. Siyeon voltou para a faculdade também, acompanhou as aulas e fez várias apresentações com sua banda que havia se juntado aos grupos de busca que se dividiam pela cidade.

Siyeon apenas não voltou para mim.

Como eu sei de tudo isso? Porque a Dongie e a Sra. Lee me contaram, a morena me evitou pelos dois dias desde seu retorno até hoje, o terceiro dia. Era como se eu perdesse parte de mim a cada segundo que passava, como se parte da minha identidade fosse roubada e separada de mim.

E lá estava eu, sentada no parque em que costumava levar Yoo e Siyeon, olhando para o campo verde com vários cachorros e seus donos brincando, lembrando dos meus melhores momentos com a morena que agora não terei mais.

 O sol estava alto, porém não tão forte, o vento era suave como uma brisa e se você estava sentada na sombra como eu, em um banco abaixo da arvore, era ainda mais refrescante.

"Siyeon não voltou para mim"

Aquilo não fazia nenhum sentido em minha cabeça, ela voltou bem e não quis deixar queixa. Não tinha hematomas, desidratação e nem fome. Descartaram a possibilidade de sequestro e cativeiro e mesmo com todos questionando o seu desaparecimento ela apenas ficou calada, ninguém sabia o que aconteceu com ela. Ela simplesmente sumiu, voltou depois de dias e ainda terminou comigo. Isso faz tanto sentido quanto um rinoceronte dançar balé na Broadway.

Eu fechei os olhos e inspirei fundo, sentindo meus olhos ameaçarem a ficar úmidos para jorrar mais centenas de lágrimas de tristeza. Quando os abri percebi que estava tendo uma alucinação, era Siyeon andando pelo parque com os olhos em seu celular e teclando várias vezes.

Era como um sonho, seus cabelos estavam soltos em suas costas e a leve brisa os fazia balançar no vento. Uma camisa azul clara e uma calça aparentemente fina e preta, seus tênis marrons faziam marcas na grama alta que voltava a ficar de pé, ou quase, quando ela dava as próximas passadas. Ela parou e se sentou em um banco de madeira como o meu, ela ainda estava afastada então não havia me percebido, a sombra da arvore refrescava sua pele, ela respirou fundo e exalou o ar dos pulmões enquanto esperava a mensagem. Parecia que estava esperando alguém e nervosa por isso, ela olhou em volta procurando e olhando em volta e foi a minha deixa para me levantar e me esconder atrás de uma arvore notando que não era uma alucinação, ela parecia em pânico e aquilo me preocupou talvez isso tenha ligação com o seu desaparecimento.

Eu a observei por mais dois minutos, ela alternava entre respirar e olhar em volta e enquanto isso a minha mente maquinava diversas pessoas que poderiam estar naquele cenário, um sequestrador, um chantagista, um daqueles babacas do campus que não sabem o que significa "não", traficantes, assassinos de aluguel, a máfia dos mais diversos países .... E a lista continuava até que a minha curiosidade foi sanada e quem encontrou Siyeon foi talvez a única pessoa que não passou na minha mente, a pessoa que encontrou Siyeon era a Yoohyeon.

Após alguns segundos de choque em vez as duas no mesmo ambiente sem estarem rosnando e xingando uma a outra, as duas se aproximaram e pararam uma na frente da outra como se questionassem silenciosamente como se cumprimentar, para continuação do meu choque Yoohyeon beijou a bochecha de Siyeon que abraçou a mais alta, eu olhava aquilo tentando entender como elas foram de rosnar, morder, brigar, xingar para literalmente beijos e abraços.

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