Dog Days

Minji está ficando louca

(Minji POV)

É engraçado a percepção do tempo, para alguns ele passa mais rápido, para outros demora como um pesar, mas seja longo ou curto ele continua sendo traiçoeiro. Agora mesmo o tempo se parece em câmera lenta. Os brutamontes me levantaram do chão e com uma ordem do meu pai colocaram-se para fora do escritório, do lado de fora eu podia ouvir um zumbido irritante que eu não identificava de onde era, talvez a adrenalina de estar perto de perder as pessoas que gosto por qualquer erro. Segui caminhando para a saída da casa, Julia abria e fechava a boca mas eu não ouvia nenhum som então eu peguei meu casaco e sai pela porta com seus olhos preocupados me seguindo.

- Senhorita Kim, você está bem? - Ted questionou com as chaves em sua mão, eu o olhei e por uns segundos devo ter divagado enquanto pensava em algo para responder a sua pergunta.

- Sim, nós só marcamos a data do meu casamento com o Dojun.- Foi a única coisa que conseguiu sair da minha boca junto com um sorriso meia boca antes que eu pegasse as chaves de sua mão e entrasse no carro, Ted ficou me olhando ir embora da casa com um olhar preocupado e uma expressão triste com meu bem estar. A sensação da derrota consumiu meu corpo e mente e enquanto eu dirigia uma voz repetia em minha cabeça "Ele conseguiu, ele finalmente me tem em suas mãos."

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Minha percepção retornou quando eu ouvi as ondas do mar quebrando na praia e eu não sei como eu acabei parando na praia, com provavelmente algumas multas de transito mas de algum modo consegui. Eu estava sentada com as pernas dobradas e os braços apoiados nos joelhos, havia crianças brincando de futebol um pouco afastados, uma família brincando no mar raso, caras surfando e outro grupo de amigos rindo sentados em circulo. Meu rosto estava úmido e levemente inchado, as lágrimas já haviam secado e eu não havia notado que chorei devido ao meu estado.

Não sei quanto tempo se passou deste que cheguei a esse local, mas o sol já estava baixo e pintava o céu com tons de laranja e rosa. A praia ficava cada vez mais vazia, ficando agora só o grupo de amigos que agora possuíam uma fogueira no meio deles não querendo se despedirem mesmo com a chegada da noite.

- Eu também gosto de vir para a praia quando estou triste. - A voz aveludada de Yoohyeon me tirou do meu transe, só notando sua presença quando me virei e percebi que ela já estava sentada ao meu lado. - Ted ligou para Bora e contou que estava estranha, estou te procurando desde então.

- Não estou triste, estou pensativa e você não precisa ficar me procurando. - Apoio o queixo em meus braços focando em olhar para o mar e não para a platinada deslumbrante de estava ao meu lado ainda mais sob o receio de ser pega pelos guardas de meu pai.

- Eu preciso, porque eu gosto de você e eu quero garantir que esteja bem. - Yoohyeon respondeu com sinceridade tentando pegar uma das minhas mãos, mas eu mudei a posição e ela retraiu a mão. - Ted e as meninas estão preocupadas também.

- Eu estou bem, eu só estou chocada tamanha a felicidade de que em breve me casarei com Dojun. - Confesso evitando olha-la.

- Então você trocou Siyeon por ele? Sempre achei que a trocaria por mim. - Yoohyeon soltou uma risada fraca, sem intenção ou rindo de si mesma e da situação.

- Bom, Siyeon terminou comigo e você desde o começo me deu bolo, pelo menos ele foi gentil e sincero, conversa comigo e é divertido. - Me levanto me preparando para ir embora, não iria conseguir ficar muito tempo com Yoohyeon sem querer ficar em seus braços.

- Você não o ama. Você sabe que nunca sentirá com ele o que sente comigo, ou até mesmo o que sentia com Siyeon. - Ela levantou segurando minha mão e eu parei, não me virei para trás em nenhuma vez e nem era necessário já que ela se aproximou e colou em minhas costas sussurrando para mim. - Me dê uma chance de faze-la mudar de Idea.

- Não posso. - Forço-me a dizer e abro os olhos saindo aos poucos daquele estado de sedução para voltar ao presente, um presente em que novamente me transportou para um sonho pois Yoohyeon agora beijava minha nuca exposta.

- Porque não? - Ela se virou e agora me abraçava de frente, seu aperto gentil me trazendo para mais perto e sua boca macia traçando beijos em direção a minha boca. - Eu nunca vi você dar um beijo em Dojun, como pode dar as costas para mim e para Siyeon assim?

- Você teve a sua chance e Siyeon teve a dela, as duas falharam. Se afaste de mim, não quero lhe ver nunca mais é para o seu próprio bem. - Eu disse voltando a realidade, quando abri os olhos me deparei com o olhar de completa tristeza de Yoohyeon e para não piorar a situação eu fugi, o mais rápido que eu pude deixando o meu sonho para trás para tentar protege-la de um cara insano. E quando eu entrei no meu carro e voltei a dirigir eu me questionei se um dia ainda poderia voltar para seu abraço quentinho e confortável, se eu poderia retornar a ter Siyeon nos meus e com o coração se quebrando eu voltei para casa.

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(No dia seguinte)

- MINJI, RÁPIDO VOCÊ PRECISA ACORDAR. - A voz de Handong estava estridente, em pânico, como as batidas que ela dava na porta. Eu levantei da cama em um estalo, com um choque elétrico percorrendo o meu corpo e o obrigando a se endireitar e encarar o que estava para acontecer.

Eu notei meu celular piscar com uma nova mensagem e fui verificar enquanto me levantava e ia até a porta para permitir a entrada da ruiva.

"Jiu, um passarinho me contou que uma das herdeiras te encontrou e que você a afastou. Muito bem."

Sr. Kim

- Bora disse que Yoohyeon saiu para te procurar e não voltou para casa. -  Quando eu terminei de ler a mensagem meu corpo congelou e Dongie entrou no quarto como um furacão. - Eu preciso que você não surte. 

- Yoohyeon está desaparecida? - Eu conclui, meu pai deve ter descoberto que falei com a platinada na noite anterior e cumpriu sua promessa de eliminar não só ela mas Siyeon também. - Onde Siyeon está?

- Não, ela está no hospital e Siyeon deu carona para Bora e a irmã caçula. Ela foi interceptada por uma gangue voltando para casa e foi brutalmente espancada, ela teve sorte que um casal passou por perto e a viram sozinha na rua, chamaram uma ambulância no mesmo segundo. - Ela concluiu e eu enfim entendi a a ironia da mensagem, meu pai não a matou porque eu a rejeitei e fugi e como uma recompensa doentia ele a feriu para ainda assim me atingir e devo admitir, funcionou.

- Eu achei que era algo mais importante. - Falo guardando o celular e girando o corpo, andando até meu armário e o revirando. Meu rosto sem reação ou qualquer emoção alarmando a minha melhor amiga.

- Como assim? Você é apaixonada nessa menina desde que ela apareceu, questionando seu amor pela Siyeon e agora diz que não se importa? - Handong questionou como se eu estivesse louca. - O que você está fazendo?

- Eu estou me arrumando para ver meu noivo, temos  um casamento para planejar e eu quero que ele seja incrível. - Eu disse pegando as roupas, uma toalha e comentei com um grande sorriso de orelha a orelha, com um suspiro me tranquei no banheiro e iniciei o meu longo banho. A ruiva não entendeu o que estava acontecendo e provavelmente achou que eu estava delirando pelo choque, não querendo lidar com a realidade, mal sabe ela que a realidade era bem mais cruel.