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— Onde está Kate? — Eu gritei por cima do barulho. Minha cabeça
havia começado a latejar no mesmo compasso da música.
— Dançando. — Ele gritou, e eu podia dizer que ele estava zangado.
Ele olhava Andrew com suspeita.
Eu luto com meu casaco preto e coloco minha bolsa pequena pela
cabeça e ela fica de lado, nos meus quadris. Estou pronta para ir, assim que
eu achar Kate.
— Ela está na pista de dança. — Eu toco no braço de Andrew, fico
na ponta dos pés e grito em seu ouvido, acariciando seu cabelo com meu
nariz, sentindo seu cheiro limpo e fresco. Ai Meu Deus! Todos esses
proibidos, não familiares sentimentos que eu tentei esconder vieram à tona e
correram por meu corpo drenado. Enrubesci e em algum lugar dentro, bem
dentro de mim meus músculos estalaram deliciosamente.
Ele revirou seus olhos para mim e pegou minha mão, levando-me
para o bar. Ele foi servido imediatamente. Nada de espera para o senhor do
controle Deluca . Será que tudo vem tão facilmente assim para ele? Eu não
consigo ouvir o que ele pediu. Ele me entrega um copo grande de água com
gelo.
— Beba. — Ele grita sua ordem para mim.
As luzes se movem, se torcem e piscam para mim no mesmo ritmo da
música, conjurando um estranho jogo de luzes e sombras por todo o bar e
clientela. Elas se alternam em verde, azul, branco e um endemoniado
vermelho. Ele me olha intensamente. Eu tento respirar.
— Todo ele. — Grita.
Ele é tão arrogante. Ele passa uma mão pelos cabelos despenteados.
Ele parece frustrado, zangado. Qual é o problema? Tirando uma garota boba
e bêbada ligando para ele no meio da noite, que o faz pensar que ela precisa
ser resgatada. E acontece que ela realmente acaba precisando ser resgatada
de seu amigo amoroso. Então vê-la vomitar violentamente aos seus pés. Oh
Mer....será que você descer tão baixo? Meu subconsciente está
figurativamente com as mãos para cima, como um egípcio e olhando para
mim através de óculos com formato de meia lua. Eu balanço levemente, e ele
coloca sua mão nos meus ombros, me firmando. Eu faço como me foi
mandado e bebo o copo inteiro de água. Eu me sinto enjoada. Tirando o copo
de mim, ele o coloca no bar. Eu noto através da névoa da bebida que ele está
usando uma blusa branca solta, jeans confortável, all-star preto e uma
jaqueta. Sua blusa está desabotoada em cima e eu consigo ver o começo dos
pelos de seu peito. No meu estado grogue, ele parece delicioso.
Ele pega minha mão mais uma vez. Puta merda! Ele está me levando
para a pista de dança. Merda. Eu não danço. Ele pode sentir minha
relutância e sobre as luzes coloridas ele parece divertido, sorrindo
sardonicamente. Ele aperta e me puxa pela mão e eu estou em seus braços
novamente, então ele começa a se mexer, me levando com ele. Cara, ele sabe
dançar. E eu não consigo acreditar que eu o estou seguindo passo por passo.
Talvez seja porque eu estou bêbada. Ele me segura apertado contra ele, seu
corpo colado ao meu... se ele não estivesse me segurando tão apertado, eu
estou certa de que eu já teria caído. No fundo da minha mente, o mantra de
minha mãe ressoa: nunca confie em um homem que sabe dançar.
Ele nos leva através da pista lotada até o outro lado, perto de Kate e
Elliot, o irmão dele. A música é um martelar constante, alta e ardilosa,
dentro e fora da minha cabeça. Eu suspiro. Kate está se movendo. Ela está
dançando loucamente e ela apenas faz isso quando ela realmente gosta de
alguém. Realmente gosta de alguém. Isso significa que amanhã haverá três
de nós para o café da manhã. Kate!
Andrew se reclina e grita nos ouvidos de Elliot. Eu não consigo
ouvir o que ele diz. Elliot é alto, com ombros largos, cabelos loiros
encaracolados, um sorriso aberto e olhos brincalhões. Eu não consigo saber
de que cor eles são por causa das luzes. Elliot concorda e puxa Kate para
seus braços, onde ela vai muito contente. Kate! Até mesmo no meu estado
inebriado eu fico chocada. Ela acabou de conhecê-lo. Ela concorda com o
que quer que Elliot tenha dito, olha para mim e acena. Andrew  nos
impulsiona para fora da pista de dança rapidamente.
Mas eu não consegui falar com ela. Será que está bem? Eu posso ver
que as coisas estão indo bem para os dois. Eu preciso ler sobre como fazer
sexo seguro. No fundo da minha mente, eu espero que ela tenha lido um dos
posters do banheiro. Meus pensamentos colidem pelo meu cérebro, brigando
com meu estado ébrio e confuso. Está tão quente aqui, tão barulhento, tão
colorido – muito brilhante. Minha cabeça começa a rodas, ai, não...e eu
consigo sentir o chão subindo para encontrar o meu rosto, quando eu caio.
A última coisa de que me lembro antes de desmaiar nos braços de
Andrew Deluca  é o sonoro epíteto:
— Porra!
Tudo está em silêncio, as luzes estão apagadas. Estou muito cômoda
e aquecida nesta cama. Que bom... Abro meus olhos, por um momento estou
tranquila e serena, desfrutando do ambiente, que não conheço. Não tenho
nenhuma ideia de onde estou. O travesseiro da cama tem a forma de um sol
enorme. Parece-me estranhamente familiar. O quarto é grande e está
luxuosamente decorado em tons marrons, dourados e bege. Já a vi isso
antes. Onde? Meu ofuscado cérebro procura entre suas lembranças
recentes. Droga! Estou no hotel, em Heathman... em uma suíte. Estive em
uma parecida junto com Kate. Esta parece maior. Oh, droga. Estou na suíte
de Andrew Deluca. Como cheguei até aqui?
Pouco a pouco, as imagens fragmentadas da noite começam a me
torturar. A bebedeira. — OH, não, a bebedeira. A ligação. —OH, não, a
ligação, meu vômito. — OH, não, eu vomitei... José e depois Andrew . OH,
não. Morro de vergonha. Não recordo como cheguei aqui. Estou vestindo
uma camiseta, o sutiã e a calcinha. Sem as meias três quartos e nem o
jeans. Droga.
Observo uma mesinha do quarto. Há um copo de suco de laranja e
dois comprimidos. Ibuprofeno. Sua obsessão por controle está em todos os
lugares. Levanto-me da cama e tomo os comprimidos. A verdade é que não
me sinto tão mal, certamente estou muito melhor do que mereço. O suco de
laranja está delicioso. Tira-me a sede e me refresca.
Ouço uns golpes na porta. Meu coração bate tão forte e minha voz
quase não sai por minha boca, mas mesmo assim, Andrew  abre a porta e
entra.
Ah, ele estava fazendo exercício. Veste uma calça de moletom cinza
que lhe cai ligeiramente sobre os quadris e uma camiseta cinza de ginástica,
empapada de suor, assim como seu cabelo. Andrew  estava suado. A
ideia me parece estranha. Eu respiro profundamente e fecho os olhos. Sinto-
me como uma menina de dois anos.
— Bom dia, Meredith. Como se sente?
— Melhor do que mereço — eu murmuro.
Levanto o olhar para ele. Ele larga uma bolsa grande, de uma loja de
roupas, em um divã e pega ambos os extremos da toalha que tem ao redor
dos ombros. Seus impenetráveis olhos verde me olham fixamente. Não tenho
nem ideia do que está pensando, como sempre. Ele sabe esconder o que
pensa e o que sente.
— Como cheguei até aqui? — pergunto-lhe em voz baixa,
constrangida.
Ele senta-se num lado da cama. Está tão perto de mim que poderia
tocá-lo, poderia cheirá-lo. Minha nossa... Suor, gel e Andrew . Um
coquetel embriagador, muito melhor que as margaritas, agora sei por
experiência.
— Depois que você desmaiou não quis pôr em perigo o tapete de pele
de meu carro te levando para a sua casa, assim te trouxe para este local. —
Respondeu-me sem se alterar.
— Você me colocou na cama?
— Sim. — ele respondeu-me impassível.
— Voltei a vomitar? — pergunto-lhe em voz mais baixa.
— Não.
— Tirou-me a roupa? — eu sussurro.
— Sim. — Ele olha-me elevando uma sobrancelha e me ponho mais
vermelha que nunca.
— Não fizemos...? — Eu sussurro, com a boca seca, de vergonha,
mas não posso terminar a frase. Eu olho para as minhas mãos.
— Meredith, você estava quase em coma. Necrofilia não é a minha
área. Eu gosto que minhas mulheres estejam conscientes e sejam receptivas,
— ele me responde secamente.
— Sinto muito.
Seus lábios esboçam um sorriso zombador.
— Foi uma noite muito divertida. Demorarei para esquecê-la.
Eu também... OH, ele estava rindo de mim, e muito... Eu não lhe pedi
que viesse me buscar. Não entendo por que tenho que acabar me sentindo
como a vilã do filme.
— Não tinha por que seguir meu rastro, com algum equipamento
pertencente ao James Bond, que está desenvolvendo em sua companhia, —
eu digo bruscamente.
Ele me olha fixamente, surpreso e, se eu não me equivoco, um pouco
ofendido.
— Em primeiro lugar, a tecnologia para localizar celulares está
disponível na internet. Em segundo lugar, minha empresa não investe em
nenhum aparelho de vigilância, nem os fabrica. E em terceiro lugar, se não
tivesse ido te buscar, certamente você teria despertado na cama do fotógrafo
e, se não estou esquecido, você não estava muito entusiasmada com os
métodos dele de te cortejar. — Ele disse de forma mordaz.
Métodos de me cortejar! Levanto o olhar para Andrew , que me olha
fixamente com olhos brilhantes, ofendidos. Eu tento morder meus lábios,
mas não consigo reprimir a risada.
— De que texto medieval você tirou isso? Parece um cavaleiro
andante.
Vejo que seu aborrecimento se vai. Seus olhos se adoçam, sua
expressão se torna mais cálida e em seus lábios parece esboçar um sorriso.
— Não acho, Meredith. Um cavaleiro negro, possivelmente. — Ele me
diz com um sorriso zombador. — Jantou ontem?
Seu tom é acusador. Nego com a cabeça. Que grande pecado cometi
agora? Ele tem a mandíbula tensa, mas seu rosto segue impassível.
— Tem que comer. Por isso você passou mal. De verdade, é a
primeira norma quando se bebe.
Passa a mão pelo cabelo, mas agora está muito nervoso.
— Vai seguir brigando?
— Estou brigando?
— Acredito que sim.
— Tem sorte que só estou falando.
— O que quer dizer?
— Bom, se fosse minha, depois do que fez ontem, não se sentaria
durante uma semana. Não jantou, embebedou-se e se pôs em perigo.
Ele fecha os olhos. Por um instante o terror se reflete em seu rosto e
ele estremece. Quando abre os olhos, me olha fixamente.
— Não quero nem pensar no que poderia ter acontecido.
Eu o fito com uma expressão carrancuda. O que lhe passa? Porque se
importa? Se eu fosse dele... Bem, não sou. Embora possivelmente eu
gostaria de sê-lo. A ideia abre caminho entre meu aborrecimento por suas
palavras arrogantes. Ruborizo-me por culpa de meu caprichoso
subconsciente, que dá saltos de alegria com uma saia havaiana vermelha, só
de pensar que poderia ser dele.
— Não teria me acontecido nada. Estava com Kate.
— E o fotógrafo? — pergunta-me bruscamente.
Mmm... José. Em algum momento terei que conversar com ele.
— José simplesmente passou da conta.
Encolho meus ombros.
— Bem, na próxima vez que ele passar da conta, alguém deveria lhe
ensinar algumas maneiras.
— É muito partidário da disciplina. — digo-lhe entre dentes.
— OH, Meredith, não sabe o quanto. Fecha um pouco os olhos e ri
perversamente.
Deixa-me desarmada. De repente, estou confusa e zangada, e ao
mesmo tempo estou contemplando seu precioso sorriso. Uau... Estou
encantada, porque eu não estou acostumada ao seu sorriso. Quase esqueço
o que está me dizendo.
— Vou tomar banho. Se você não preferir tomar banho primeiro...
Ele inclina a cabeça, ainda sorrindo. Meu coração bate acelerado e o
cérebro se nega a fazer as conexões oportunas para que eu respire. Seu
sorriso se faz mais amplo. Aproxima-se de mim, inclina-se e me passa o
polegar pelo rosto e pelo lábio inferior.
— Respire, Meredith, — sussurra-me. E logo se levanta e se afasta.
—Em quinze minutos trarão o café da manhã. Deve estar morta de fome. Ele
entra no banheiro e fecha a porta.
Solto o ar que estava segurando. Por que é tão alucinantemente
atraente? Agora mesmo, me meteria na ducha com ele. Nunca havia sentido

onde tudo começa Onde histórias criam vida. Descubra agora