21

26 4 1
                                    

Depois da viagem cansativa estou sentada com o Andrew na sala
— Olhe, meredith, para mim também foi um fim de semana de
novidades, — diz-me em voz baixa.
— Foi?
— Nunca tinha dormido com ninguém, nunca tinha tido relações
sexuais em minha cama, nunca tinha levado uma garota no Charlie Tango e
nunca tinha apresentado uma mulher para minha mãe. O que você está
fazendo comigo? — A intensidade de seus olhos ardentes me corta a
respiração.
A garçonete chega com nossos copos de vinho, e imediatamente dou
um pequeno gole. Está sendo franco ou se trata de um simples comentário
fortuito?
— Eu gostei muito deste fim de semana, — digo em voz baixa. Ele
aperta os olhos para mim novamente.
— Pare de morder o lábio, — ele grunhe. — Eu também, — ele acrescenta.
— O que é sexo baunilha? — pergunto-lhe, embora só para me distrair do
intenso olhar ardente e sexy que ele está me dando. Ele ri.
— Sexo convencional, meredith. Sem brinquedos, nem acessórios. —
ele encolhe os ombros. — Você sabe... bom, a verdade é que não sabe, mas
isso é o que significa.
— Oh. — Eu pensei que era sexo bolo de chocolate com uma cereja no
topo, o que tivemos. Mas então, o que eu sei?
A garçonete nos traz sopa, que ambos olhamos com certo receio.
— Sopa de urtigas, — informa-nos a garçonete, dando meia volta e
retornando zangada à cozinha. Não acredito que goste que andrew  não lhe
faça nem caso. Provo a sopa, que está deliciosa.
Andrew e eu olhamos um para o outro, aliviados. Dou uma risada e ele
inclina a cabeça.
— Que som adorável, — murmura.
— Por que você nunca fez sexo baunilha antes? Você sempre fez... err,
o que faz? — pergunto-lhe intrigada.
Ele concorda lentamente.
— Mais ou menos. — Ele responde-me com cautela. Por um momento
franze o cenho e parece liberar uma espécie de batalha interna. Logo levanta
os olhos, como se tivesse tomado uma decisão. — Uma amiga de minha mãe
me seduziu quando eu tinha quinze anos.
— Oh. Meu deus, tão jovem!
— Seus gostos eram muito especiais. Fui seu submisso durante seis
anos. — Ele encolhe os ombros.
— Oh. — Meu cérebro congelou, atordoado por essa confissão.
— Então, eu sei o que isso implica, meredith. — Seus olhos brilham
com a introspecção.
Observo-o fixamente, incapaz de articular uma palavra... Até meu
subconsciente está em silêncio.— A verdade é que não tive uma introdução ao sexo muito corrente.
A curiosidade entra em ação.
— E alguma vez saiu com alguém na faculdade?
— Não. — responde-me, negando com a cabeça, para enfatizar sua
resposta.
A garçonete chega para retirar nossos pratos e nos interrompe um por
momento.
— Por quê? — pergunto-lhe, quando ela se vai.
Ele sorri sardonicamente.
— Você, realmente, quer saber?
— Sim.
— Porque não quis. Ela era tudo o que queria ou necessitava. Além
disso, ela iria me castigar. — Ele sorri com carinho ao recordar.
Oh, isso era muita informação... mas queria mais.
— Então, ela era uma amiga de sua mãe, quantos anos ela tinha?
Ele sorri.
— Tinha idade suficiente para saber o que fazia.
— Você ainda a vê?
— Sim.
— Ainda... bem...? — Ruborizo-me.
— Não. — Ele sacode a cabeça e com um sorriso indulgente. — Ela é
uma boa amiga.
-Oh. Sua mãe sabe?
Ele me olha, como se dissesse para não ser idiota.
— Claro que não.
A garçonete retorna com carne de veado, mas meu apetite sumiu. Que
revelação.
Andrew , um submisso... caramba. Eu dou um comprido gole no Pinot
Grigio... Andrew tinha razão, é obvio, está delicioso. Deus, tenho que
pensar em tudo o que me contou. Necessito tempo para processá-lo quando
estiver sozinha, porque agora sua presença me distrai. É tão irresistível, tão
macho alfa, e de repente, lança esta bomba. Ele sabe o que é ser submisso.
— Mas não pode ter sido em tempo integral? — Estou confusa.
— Bem, era, apesar de não vê-la o tempo todo. Era... difícil. Afinal, eu
ainda estava na escola e mais tarde, na faculdade. Coma, Mer .
— Não tenho fome, Andrew , de verdade. Eu estou me recuperando da
revelação.
Sua expressão se endurece.
— Coma, — diz-me em tom tranquilo, muito tranquilo.
Eu olho para ele. Este homem... abusaram sexualmente dele quando
era adolescente... seu tom é ameaçador.
— Espere um momento, — eu murmuro. Ele pisca um par de vezes.
— Ok, — ele murmura e segue comendo.Assim será a coisa se assinar. Terei que cumprir suas ordens. Franzo
o cenho. É isso o que quero?
Pego o garfo e a faca, e começo a cortar o veado. Está delicioso.
— Assim será a nossa... nossa relação? — Eu sussurro. — Estará me
dando ordens todo o momento? — pergunto-lhe em um sussurro, sem me
atrever a olhá-lo.
— Sim, - ele murmura.
— Já vejo.
— E o que mais que eu queira que faça, — acrescenta em voz baixa.
Eu sinceramente duvido disso. Eu corto mais um pedaço de veado e
aproximo dos lábios.
— É um grande passo, — eu murmuro e como.
— Sim, é. Ele fecha os olhos por um segundo. Quando os abre, está muito
sério.
—meredith , tem que seguir seu instinto. Pesquise um pouco, leia o
contrato... Não tenho problema em comentar qualquer detalhe. Estarei em
Portland até na sexta-feira, se por acaso quiser que falemos sobre isso antes
do fim de semana. — Suas palavras me chegam em uma corrida. — Ligue-
me ... talvez, pudéssemos jantar... digamos na quarta-feira? Na verdade,
quero que isto funcione. Nunca quis tanto.
Seus olhos refletem sua ardente sinceridade e seu desejo. É
basicamente o que não entendo. Por que eu? Por que não uma das quinze?
OH, não... É nisso que vou converter-me? Em um número?
A dezesseis, nada menos?
-O que aconteceu com as outras quinze? - pergunto-lhe, de repente.
Ele suspende as sobrancelhas, surpreso e move a cabeça com
expressão resignada.
— Coisas distintas, mas ao fim e ao cabo se reduz a... — detém-se,
acredito que tentando encontrar as palavras.
— Incompatibilidade. — Ele encolhe os ombros.
— E acredita que eu poderia ser compatível contigo?
— Sim.
— Então, já não vê nenhuma de ex.
— Não, Meredith. Eu não. Sou monógamo em meus relacionamentos.
Oh... isso é novidade.
— Já vejo.
— Pesquise um pouco, meredith.
Eu abaixo o garfo e a faca. Não posso continuar comendo.
— Só isso? Isso é tudo o que vai comer?
Eu concordo. Ele franze o cenho, mas decide não dizer nada. Eu deixo
escapar um pequeno suspiro de alívio.Meu estômago está embrulhado com tantas informações e me sinto um
pouco tonta pelo vinho. Observo-o devorando tudo o que tem no prato. Ele
come como um cavalo. Deve fazer muito exercício para manter a boa forma.
De repente, recordo como lhe cai bem o pijama. A imagem é totalmente
perturbadora. Contorço-me desconfortavelmente. Ele me olha e eu ruborizo.
— Eu daria tudo para saber o que está pensando neste exato
momento, — ele murmura.
Ruborizo ainda mais.
Ele sorri perversamente para mim.
— Eu posso imaginar, — provoca-me.
— Alegro-me de que não possa ler meus pensamentos.
— Seus pensamentos não, meredith, mas seu corpo... isso conheço
bastante bem desde ontem. — Sua voz é sugestiva. Como pode mudar de
humor tão rápido? É tão volátil... É tão difícil seguir seu ritmo.
Chama à garçonete e lhe pede a conta. Depois de pagar, levanta-se e
me estende a mão.
— Vamos. — Agarra-me pela mão e voltamos para carro. O inesperado
dele é este contato de sua pele, normal, íntimo. Não posso reconciliar este
gesto corrente e tenro com o que quer faz naquele quarto... O Quarto
Vermelho da Dor.
Fazemos a viagem de Olympia para Vancouver em silêncio, cada um
afundado em seus pensamentos. Quando estaciona em frente à porta de
minha casa, são cinco horas da tarde.
As luzes estão acesas, então Kate está em casa, sem dúvida,
empacotando, a menos que Elliot ainda não tenha partido. Andrew  desliga
o motor, então percebo que tenho que me separar dele.
— Quer entrar? — pergunto-lhe. Não quero que parta. Quero ficar
mais tempo com ele.
— Não. Tenho trabalho para fazer, — ele diz simplesmente, me
olhando com expressão insondável.
Eu olho para baixo, para as minhas mãos e entrelaço os dedos. De
repente, me sinto emotiva. Ele vai partir. Aproximando-se mais, ele pega
uma de minhas mãos e lentamente a leva à boca e beija suavemente a
palma, bem a moda antiga. Meu coração salta para minha boca.
— Obrigado por este fim de semana, Meredith. Foi... estupendo.
Quarta-feira? Passarei para lhe pegar no trabalho ou onde você quiser. —
Ele diz suavemente.
— Quarta-feira, — sussurro.
Ele beija minha mão de novo e a coloca de volta em meu colo. Sai do
carro, aproxima-se de minha porta e abre. Por que, de repente, me sinto
desolada? Isso me dá um nó na garganta. Não quero que me veja assim. Fixo
um sorriso em meu rosto, saio do carro e me dirijo para a porta, sabendoque eu tenho que enfrentar Kate e não quero enfrentar a Kate. No meio
caminho, eu giro e olho para ele. Levante o queixo, grey, eu me repreendo.
— Oh... à propósito, vesti uma de suas cuecas. — Dou para ele um
pequeno sorriso e puxo o elástico de sua cueca para que ele veja. Andrew
abre a boca, surpreso. O que é uma grande reação. Meu humor muda
imediatamente, eu escorrego para dentro de casa, uma parte de mim
querendo pular e dar socos no ar. SIM! A minha deusa interior está
encantada.
Kate está na sala de estar, colocando seus livros em caixas.
— Você voltou. Onde está Andrew ? Como você está? — pergunta-me
em tom febril, nervoso. Vem para mim, agarra-me pelos ombros e examina
minuciosamente meu rosto antes mesmo de me dizer olá.
Merda... Tenho que lutar com a insistência e a tenacidade de Kate, e
tenho na bolsa um documento legal assinado, que diz que não posso falar.
Não é uma saudável combinação.
— Bem, como foi? Não deixei que pensar em ti por um momento,
depois que Elliot partiu, claro. — Ela sorri maliciosamente.
Não posso evitar sorrir por sua preocupação e sua ardente
curiosidade, mas de repente, me dá vergonha.
Eu ruborizo. O que aconteceu foi muito íntimo. Tudo isso. Ver e saber o que
Andrew  esconde. Mas tenho que lhe dar alguns detalhes, porque se não,
não vai deixar-me em paz.
— Está tudo bem, Kate. Muito bem, eu penso, — digo-lhe em tom
tranquilo, tentando ocultar meu sorriso.
— Você pensa?
— Não tenho nada com o que comparar, não é? — digo-lhe,
encolhendo de ombros apologeticamente.
— Ele fez você gozar?
Caramba, como ela é direta. Eu fico vermelha.
— Sim, — eu murmuro, exasperada.
Kate me empurra até o sofá e nos sentamos. Ela agarra as minhas
mãos.
— Isso é bom. — Olha-me como se não acreditasse. — Foi sua
primeira vez. Uau, Andrew  deve saber o que se faz.
Oh, Kate, se você soubesse...
— Minha primeira vez foi terrível, — ela continua, fazendo uma cara
triste e engraçada.
— Anh? — Isso me interessa, era algo que ela nunca tinha me contado
antes.
— Sim. Steve Paton. No segundo grau. Um atleta babaca. — Encolhe
os ombros. — Foi muito brusco, e eu não estava preparada. Estávamos os
dois bêbados. Já sabe... o típico desastre adolescente, depois da festa deformatura. Ugh, demorei meses para me decidir a voltar a tentar. E não com
aquele inútil. Eu era muito jovem. Você fez bem em esperar.
— Kate, isso parece horrível.
Kate parece melancólica.
— Sim, demorei quase um ano para ter meu primeiro orgasmo com
penetração, e aí está você... na primeira vez.
Concordo envergonhada. A minha deusa interior está sentada na
postura do lótus e parece serena, embora tenha um ardiloso sorriso
autocomplacente no rosto.
— Alegro-me de que tenha perdido a virgindade com um homem que
sabe o que se faz. — Ele pisca para mim com um olho. — E quando volta a
vê-lo de novo?
— Quarta-feira. Vamos jantar.
— Então você ainda gosta dele?
— Sim, mas não sei o que vai acontecer... no futuro.
— Por quê?
— É complicado, Kate. Você sabe... seu mundo é totalmente diferente
do meu.
Boa desculpa. Aceitável também. Muito melhor que... ele tem um
Quarto Vermelho da Dor e quer me converter em sua escrava sexual.
— Oh por favor, não permita que o dinheiro seja um problema, Mer .
Elliot me disse que é muito estranho que Andrew  saia com uma garota.
— Será que ele...? — pergunto-lhe, minha voz estava várias oitavas mais
aguda.
Tão obvio, grey ! Meu subconsciente me olha movendo seu comprido
dedo e logo se transforma na balança da justiça para me lembrar que
Andrew poderia me processar se eu revelasse demais.
Ah... O que pode fazer? Ficar com todo meu dinheiro? Tenho que me lembrar
de procurar no Google "pena por descumprir um acordo de confidencialidade"
quando fizer minha "pesquisa". É como se ele me tivesse me passado lição de
casa. Talvez eu possa ganhar um diploma. Ruborizo me lembrando do meu
A, esta manhã, no meu experimento na banheira.
— Mer , o que foi?
— Estava me lembrando de algo que Andrew me disse.
— Você parece diferente, — Kate me diz com carinho.
— Eu estou diferente. Dolorida, — confesso-lhe.
— Dolorida?
— Um pouco. — Ruborizo-me.
— Eu também. Homens, — ela diz com uma careta de desgosto. — São
como animais. — Nós duas começamos a rir.
— Você também está dolorida? — pergunto-lhe surpreendida.
— Sim... excesso de uso.
Eu começo a rir

onde tudo começa Onde histórias criam vida. Descubra agora