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— De inicio iremos com calma, e eu te ajudarei. Nós vamos atuar em vários
cenários. Quero que confie em mim, mas sei que tenho que ganhar sua
confiança, e o farei. O "em qualquer outro âmbito"... de novo, é para ajudar
você a se colocar em uma situação. Significa que tudo está permitido.
Ele se mostra apaixonado, cativante. Está claro que é sua obsessão, sua
maneira de ser... Não conseguia afastar os olhos dele. Quero-o de verdade.
Ele para de falar e me olha.
— Continua comigo? — pergunta em um sussurro, com voz intensa,
cálida e sedutora. Ele toma um gole de vinho sem tirar seus penetrantes
olhos de mim.
O garçom se aproxima da porta, e Andrew  assente ligeiramente para
lhe indicar que pode retirar os pratos.
— Quer mais vinho?
— Tenho que dirigir.
— Água, então?
Eu concordo.
— Normal ou com gás?
— Com gás, por favor.
O garçom parte.
— Está muito pensativa, — sussurra Andrew .
— Você está muito falador.
Ele sorri.
— Disciplina. A linha que separa o prazer da dor é muito fina,
Meredith. São as duas caras de uma mesma moeda. E uma não existe sem
a outra. Posso lhe ensinar quão prazerosa pode ser a dor. Agora não me
acreditas, mas a isso me refiro quando falo de confiança. Haverá dor, mas
nada que não possa suportar. Voltamos para o tema da confiança. Confia em
mim, Mer ?
Mer !
— Sim, confio em ti, — respondo espontaneamente, sem pensar... por
que é verdade... Eu confio nele.
— De acordo, — ele diz aliviado. — O resto, são apenas detalhes.
— Detalhes importantes.
— Ok, vamos falar sobre eles.
Minha cabeça dá voltas com tantas palavras. Devia ter trazido o
gravador da Kate para poder voltar a ouvir depois o que ele disse. Muita
informação, muitas coisas para processar. O garçom volta a aparecer com o
segundo prato: bacalhau, aspargos e purê de batatas com molho holandês.
Eu nunca me senti com menos fome por alimentos.
— Espero que você goste de pescado, — Andrew  diz em tom amável.
Olho minha comida e bebo um longo gole de água com gás. Eu
veementemente gostaria que fosse vinho.
— A normas. Falemos das normas. Rompe o contrato pela comida?— Sim.
— Posso mudar e dizer que comerá no mínimo três vezes ao dia?
— Não. — Eu não vou ceder neste tema. Ninguém vai dizer-me o que
tenho que comer.
Como foder, sim, mas comer... não, de jeito nenhum.
Ele aperta os lábios.
— Preciso saber que não passa fome.
Franzo o cenho. Por quê?
— Tem que confiar em mim.
Ele me olha por um instante e relaxa.
— Touché, senhorita grey  — diz em tom tranquilo. Aceito o da
comida e o de dormir.
— Por que não posso te olhar?
— Isso é uma coisa de Dominante e Submissa. Você vai se acostumar
com isso.
Eu vou?
— Por que não posso te tocar?
— Porque não.
Ele aperta os lábios.
— Isso é por causa da senhora Robinson?
Ele me olhou com curiosidade.
— Por que você pensa isso? — E imediatamente o entende. — Você
acredita que ela me traumatizou?
Eu concordo.
— Não meredith, não é por isso. Além disso, a senhora Robinson não
tomaria qualquer dessas merdas de mim.
Oh... mas eu sim, tenho que aceitar. Faço cara feia.
— Então não tem nada que ver com isso...
— Não. E tampouco quero que se toque.
O que? Ah, sim, a cláusula de que não posso me masturbar.
— Só por curiosidade... por quê?
— Porque quero todo o seu prazer para mim, — diz em tom rouco, mas
determinado.
Oh... Não sei o que responder. Por um lado, aí está com seu "Quero te
morder os lábios"; pelo outro, é muito egoísta. Franzo o cenho e espeto um
pedaço de bacalhau, tentando avaliar mentalmente o que me aconteceu. A
comida e o sono. Eu posso olhar nos olhos dele. Ele vai levar devagar, e
ainda não falamos nos limites suaves. Mas não estou segura de que posso
confrontar enfrentar isso de comida.
— Terá muitas coisas para pensar, não é verdade?
— Sim.
— Quer que passemos já aos limites passíveis?— Não, depois de comer.
Ele sorriu.
— Delicado?
— Mais ou menos.
— Você não comeu muito.
— Comi o suficiente.
-Três ostras, quatro pedacinhos de bacalhau e um aspargo. Nem purê
de batatas, nem frutas secas, nem azeitonas. E não comeste o dia todo. Você
me disse que podia confiar.
Caramba. Ele vai fazer um sermão completo.
— Andrew , por favor, não estou acostumada a ter conversas deste
tipo todos os dias.
— Preciso que esteja sadia e em forma, meredith.
— Eu sei.
— E agora mesmo quero tirar esse vestido de seu corpo.
Engulo a saliva. Tirar o vestido de Kate. Sinto um puxão no mais
profundo de meu ventre. Alguns músculos que agora estou mais
familiarizada, se contraem com suas palavras. Mas não posso aceitar. Volta
a utilizar contra mim sua arma mais potente. É fabuloso praticando sexo...
Até eu me dei conta disso.
— Não acredito que seja uma boa ideia, — eu murmurei. — Ainda não
comemos a sobremesa.
— Quer sobremesa? — ele pergunta baixinho.
— Sim.
— A sobremesa poderia ser você, — murmura sugestivamente.
— Não estou segura de que seja bastante doce.
—meredith , você é deliciosamente doce. Eu sei.
— Andrew , você utiliza o sexo como arma. Não me parece justo, —
sussurro olhando para minhas mãos, e logo o encaro nos olhos. Levanta as
sobrancelhas, surpreso, e vejo que esta pesando minhas palavras. Segura o
queixo, pensativo.
— Tem razão. Faço isso. Na vida, cada um utiliza o que sabe, Meredith. Isso não muda o fato que eu deseje muitíssimo você. Aqui. Agora.
Como é possível que me seduza somente com a voz? Já estou
ofegando, com o sangue circulando a todo vapor pelas veias, e os nervos
estremecendo.
— Eu gostaria de tentar algo, — ele respira.
Franzo o cenho. Acaba de me dar um montão de ideias que tenho que
processar, e agora isto.
— Se você fosse minha sub, você não teria que pensar sobre isso. Seria
fácil. — Sua voz é doce e sedutora. — Todas estas decisões... todo o
desgastante processo de pensamento por trás delas. Coisas como, “Ésta é a
coisa certa a fazer?”, "Se isso poderia acontecer aqui?", "Poderia aconteceragora?". Não teria que se preocupar com esses detalhes. Seria eu, como seu
Dom. E agora mesmo, eu sei que me deseja, meredith
Franzo o cenho ainda mais. Como ele pode dizer?
— Estou tão seguro porque...
Maldito seja, responde às perguntas que não lhe faço. É também
adivinho?
— ...seu corpo a delata. Está apertando as coxas, estás mais vermelha
e sua respiração mudou.
Oh, sim é demais.
— Como sabe sobre minhas coxas? — pergunto em voz baixa, em tom
incrédulo. Elas estão sob a mesa, pelo amor de Deus.
— Eu notei que a toalha se movia, e deduzi, me apoiando em anos de
experiência. Estou certo, não é?
Ruborizo-me e encaro minhas mãos. Seu jogo de sedução me põe
muito difícil. Ele é o único que conhece e entende as normas. Eu sou muito
ingênua e inexperiente. Meu único ponto de referência é Kate, mas ela não
aguenta bobagens dos homens. As demais experiências que tenho são do
mundo da ficção: Elizabeth Bennet estaria indignada, Jane Eyre
aterrorizada, e Tess sucumbiria, como eu.
— Não terminei o bacalhau.
— Prefere o bacalhau frio a mim?
Levanto a cabeça, de repente, e o encaro. Um desejo imperioso brilha
em seus olhos ardentes, como prata fundida, com necessidade imperiosa.
— Pensei que você gostaria que comesse toda a comida do prato.
— Agora mesmo, senhorita Steele, importa-me uma merda sua
comida.
— andrew não joga limpo, de verdade.
— Eu sei. Nunca joguei limpo.
Minha deusa interior franze o cenho e tenta me convencer. Você pode.
Jogue o seu jogo. Posso? De acordo. O que tenho que fazer? Minha
inexperiência é um peso em torno do meu pescoço.
Espeto um aspargo, o encaro e mordo o lábio. Logo, muito devagar, coloco a
ponta do aspargo na boca e o chupo.
Andrew  abre os olhos de maneira imperceptível, mas eu o noto.
— meredith, o que está fazendo?
Mordo a ponta.
— Estou comendo um aspargo.
Andrew se remexe em sua cadeira.
— Acredito que está jogando comigo, senhorita grey .
Finjo inocência.
— Só estou terminando a comida, senhor Deluca
Nesse preciso momento o garçom bate na porta e entra sem esperar
resposta. Olho um segundo para Andrew , que faz cara feia, mas concordaem seguida, assim que o garçom recolhe os pratos. A chegada do garçom
quebrou o feitiço, e me apego a esse instante de lucidez. Tenho que ir. Se
ficar, nosso encontro só poderá terminar de uma maneira, e preciso pôr
certas barreiras depois de uma conversa tão intensa. Minha cabeça se rebela
tanto como meu corpo morre de desejo. Preciso de um tempo, uma distancia
para pensar em tudo o que me foi dito. Ainda não tomei uma decisão, e seus
atrativos e sua destreza sexual não é nada fácil para mim.
— Quer sobremesa? — pergunta Andrew , tão cavalheiro como
sempre, mas com os olhos ainda ardentes.
— Não, obrigado. Acredito que tenho que ir, digo olhando para minhas
mãos.
— Já vai ? — pergunta sem poder ocultar sua surpresa.
O garçom sai às pressas.
— Sim.
É a decisão correta. Se ficar nesta mesa com ele, me entregarei.
Levanto com determinação. — Amanhã nos vemos as duas na cerimônia de
graduação.
Andrew  se levanta automaticamente, manifestando anos de
arraigada urbanidade.
— Não quero que vá.
— Por favor... Tenho que ir.
— Por quê?
— Porque você me expôs muitas coisas, nas quais devo pensar... e
preciso de uma certa distância.
— Poderia fazer você ficar, — ele ameaça.
— Sim, não seria difícil, mas não quero que faça.
Ele passa a mão pelos cabelos, me olhando atentamente.
— Olha, quando veio para minha entrevista e entrou em meu
escritório, tudo era "Sim, senhor", "Não, senhor". Pensei que fosse uma
submissa nata. Mas, na verdade, meredith não estou seguro de que seja
totalmente submissa, diz em tom tenso, se aproximando de mim.
— Talvez você tenha razão, — eu respondo.
— Quero ter a oportunidade de descobrir se é, — ele murmura, me
olhando. Levanta um braço, acaricia meu rosto e passa o polegar pelo meu
lábio inferior. Não sei fazer de outra maneira, meredith Sou assim.
— Eu sei.
Ele inclina-se para me beijar, mas para antes de seus lábios tocarem os
meus, seus olhos procuram os meus, como me pedindo permissão. Elevo os
lábios para ele e me beija, e como não sei se voltarei a beijá-lo mais, deixo-
me levar. Minhas mãos se movem, deslizam por seu cabelo, atraindo-o para
mim. Minha boca se abre e minha língua acaricia a sua. Me pega pela nuca
para me beijar mais profundamente, respondendo ao meu ardor. Desliza aoutra mão pelas minhas costas, e ao chegar ao final da coluna, para e me
aperta contra seu corpo.
— Não posso te convencer de ficar? — pergunta sem deixar de me
beijar.
— Não.
— Passe a noite comigo.
— Sem tocar em você? Não.
Ele geme.
— Você é impossível, garota. — Queixa-se. Levanta a cabeça e me olha
fixamente. —Por que tenho a impressão de que está se despedindo de mim?
— Porque eu tenho que ir, agora.
— Não é isso o que quero dizer, e você sabe.
— Andrew ,eu tenho que pensar em tudo isto. Não sei se posso
manter o tipo de relação que você quer.
Ele fecha os olhos e pressiona sua cabeça contra a minha, dando a
ambos a oportunidade de relaxar ou respirar. Um momento depois me beija
na testa, respira fundo, com o nariz afundado em meu cabelo, me solta e dá
um passo atrás.
— Como quiser, senhorita grey  — diz com rosto impassível.
Acompanho você até o vestíbulo.
Estendo a mão. Inclino-me, pego a bolsa e lhe dou a mão. Maldito seja,
isto poderia ser tudo. Eu o sigo pela grande escada até o vestíbulo, sinto
coceira no couro cabeludo, e o sangue me bombeia depressa. Poderia ser o
último adeus se eu não aceitar.
Meu coração se contrai dolorosamente no peito. Que reviravolta. Que
diferença um momento de clareza pode fazer a uma menina.
— Tem o ticket do estacionamento?
Pego o ticket na bolsa e entrego. Andrew o entrega ao porteiro. O
encaro enquanto esperamos.
— Obrigada pelo jantar, — eu murmuro.
— Foi um prazer como sempre, senhorita grey , — ele responde
educadamente, embora pareça distante em seus pensamentos,
completamente distraído.
Observo atentamente e memorizo seu formoso perfil. Obcecada com a
desagradável ideia de que poderia não voltar a vê-lo. Tudo isso é muito
doloroso para mim, de repente, se vira e me olha com expressão intensa.
— Esta semana eu volto para Seattle. Se tomar a decisão correta,
poderei ver você no domingo? — pergunta em tom inseguro.
— Bem, vou ver. Talvez. — Eu respiro. Momentaneamente, ele parece
aliviado, mas em seguida franze o cenho.
— Agora faz frio. Você trouxe casaco?
— Não.
Ele sacode a cabeça com irritação e tira a sua jaqueta.

Tá tudo indo bem demais num acha não vocês?

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