Kate me emprestou dois vestidos e dois pares de sapatos, para esta
noite e para a graduação de amanhã. Eu queria poder sentir-me mais
entusiasmada com roupas e fazer um esforço extra, mas não são minhas.
Qual é a sua, meredith? A pergunta de andrew , a meia voz, me
perseguia. Balançando a cabeça e me esforçando para acalmar os nervos,
escolho o vestido cor de ameixa para esta noite. É discreto e parece
adequado para uma entrevista de negócios, por que, depois de tudo, vou
negociar um contrato.
Tomo um banho, depilo minhas pernas e as axilas, lavo os cabelos e
passo uma boa meia hora secando-os, isso para que caia ondulado sobre
meus seios e costas. Pego algumas mechas com um pente para retirá-lo do
rosto, aplico algum rímel e brilho de labial. Quase nunca uso maquiagem.
Sinto-me intimidada.
Nenhuma das minhas heroínas literárias teve que se maquiar, talvez
soubesse algo mais sobre isso se o fizessem. Calço os sapatos de salto cor de
ameixa, combinando com o vestido, e por volta das seis e meia, estou pronta.
— Bem? — pergunto para Kate.
Ela sorri.
— Rapaz, você vai arrasar, Mer . — Ela acena com aprovação. —Você
está linda.
— Linda! Pretendo ser discreta e parecer uma mulher de negócios.
— Também, mas sobretudo, está um escândalo. Este vestido fica
muito bem com seu tom de pele. E marca tudo. — disse com uma risadinha.
— Kate! — repreendo-a.
— As coisas são como são, Mer A impressão geral é... muito boa. Com
esse vestido, terá ele comendo em sua mão.
Aperto os lábios. Oh, você não poderia estar mais errada.
— Deseje-me sorte.
— Você precisa de sorte para ficar com ele? — pergunta ela franzindo o
cenho, confusa.
— Sim, Kate.
— Bem, pois então tenha sorte. — Ela me abraçou e eu sai pela porta da
frente.
Tenho que tirar os sapatos para conduzir. Wanda, meu fusca azul
marinho, não foi desenhado para ser conduzido por mulheres com saltos
altos. Estacionei em frente ao Heathman as sete, faltando dois minutos
exatamente, dando as chaves ao manobrista, percebo que ele olha para meu
fusca com cara feia, mas eu o ignoro. Respiro fundo, me preparo
mentalmente para a batalha e me dirijo ao hotel.
Andrew está inclinado sobre o balcão, bebendo um copo de vinho
branco. Ele está vestido com a habitual camisa branca de linho, jeans preto,
gravata preta e jaqueta preta. Tem os cabelos tão alvoroçados como sempre.
Suspiro. Fico uns segundos parada na entrada do bar, observando,admirando a vista. Ele lança um olhar, acredito que nervoso, para a porta se
esticando e fica imóvel. Pestaneja um par de vezes e depois esboça
lentamente um sorriso indolente e sexy que me deixa sem palavras e isso me
derrete por dentro. Avanço para ele fazendo um enorme esforço para não
morder meus lábios, consciente de que eu, Meredith Grey de Clumsyville,
estou de saltos. Ele caminha graciosamente par me encontrar.
— Você está linda, — ele murmura, inclinando-se para me beijar
rapidamente na bochecha. — Lindo vestido, senhorita grey . Parece-me
muito bem. — Agarra minha mão, e me leva a uma mesa reservada e faz um
gesto ao garçom.
— O que quer tomar?
Esboço um ligeiro sorriso enquanto me sento na mesa. Bem, ao menos
pergunta-me.
— Tomarei o mesmo que você, obrigado. — Viu? Sei fazer meu papel e
me comportar.
Divertido, pede outro copo do Sancerre e se senta em frente a mim.
— Têm uma adega excelente aqui, — me diz, inclinando a cabeça para
um lado.
Ele apoia os cotovelos na mesa e junta os dedos de ambas as mãos à altura
da boca. Em seus olhos brilham uma incompreensível emoção. E aí está...
uma descarga elétrica que conecta com o meu eu mais profundo. Remexo-
me, incômoda diante de seu olhar escrutinador, com o coração pulsando
rapidamente. Tenho que manter a calma.
— Está nervosa? — Ele pergunta amavelmente.
— Sim.
Ele inclina-se para frente.
— Eu também, — ele sussurra com cumplicidade. Mantenho meus
olhos nos seus. Ele? Nervoso?
Nunca. Eu pestanejo e ele me dá seu precioso sorriso meio de lado. Chega o
garçom com meu vinho, um pratinho com frutas secas e outro com
azeitonas.
— Então, como faremos isso? — Eu pergunto. — Revisamos meus
pontos um a um?
— Sempre tão impaciente, senhorita grey .
— Bem, eu poderia perguntar o que você achou do tempo hoje?
Ele sorriu e pegou uma azeitona com seus longos dedos. Ele botou na boca e
meus olhos se fixam na sua boca, que esteve sobre a minha... em todo meu
corpo. Ruborizo.
— Acredito que o tempo hoje não teve nada de especial, — Ele riu.
— Está rindo de mim, senhor Deluca ?
— Sim, senhorita grey
— Sabe que esse contrato não tem nenhum valor legal.
— Sou perfeitamente consciente disso, senhorita grey .— Pensou em me dizer isso, em algum momento?
Ele franze o cenho.
— Você acredita que estou te coagindo para que faça algo que não
quer fazer, e que além disso pretendo ter algum direito legal sobre você?
— Bem... sim.
— Não tem um bom conceito de mim, não é verdade?
— Não respondeu a minha pergunta.
— meredith, não importa se é legal ou não. É um acordo que eu
gostaria de ter contigo... o que eu gostaria de ter de você e o que você pode
esperar de mim. Se você não gostar, não assine. Se o assinar e depois decidir
que você não gosta, há suficientes cláusulas que lhe permitirão deixá-lo.
Mesmo se você for legalmente vinculada, acredita que levaria você a
julgamento se decidisse partir?
Tomo um comprido gole de vinho. Meu subconsciente me dá um golpe no
ombro. Tem que estar atenta. Não beba muito.
— As relações deste tipo se apoiam na sinceridade e na confiança, —
seguiu me dizendo. — Se não confiar em mim... tem que confiar em mim
para que saiba em que medida estou te afetando, até onde posso ir contigo,
até onde posso te levar... se não puder ser sincera comigo, então, realmente,
não podemos fazer isso.
Oh meu Deus, vá diretamente ao ponto. Até onde pode me levar.
Caramba. O que quer dizer?
— É muito simples, meredith. Confia em mim ou não? — Ele
perguntou com os olhos ardentes. — Você manteve este tipo de conversa
com... bem, com as quinze?
— Não.
— Por que não?
— Porque elas já eram submissas. Sabiam o que queriam da relação
comigo, e em geral, o que eu esperava. Com isso, era uma simples questão
de afinar os limites possíveis, esses tipos de detalhes.
— Você as procura em alguma loja? Nós somos Submissas?
Ele ri.
— Não exatamente.
— Então como?
— É disso que quer falar? Ou passamos ao melhor da questão? Às
objeções, como você diz.
Engulo em seco. Confio nele? É nisso que se resume tudo, à confiança?
Sem dúvida deveria ser coisa mais importante para os dois. Lembro-me de
sua raiva quando liguei para José.
— Você está com fome? — Ele pergunta, e me distrai de meus
pensamentos.
Oh, não... a comida.
— Não.— Você comeu hoje?
Eu olho para ele. Honestamente... Caramba, não vai gostar da minha
resposta.
— Não. — respondo em voz baixa.
Ele me olhou com expressão muito séria.
— Tem que comer, meredith. Podemos jantar aqui ou em minha suíte.
O que você prefere?
— Acredito que é melhor ficamos em terreno neutro.
Ele sorriu com ar zombador.
— Crê que isso me deteria? — pergunta em voz baixa, como uma
sensual advertência.
Arregalo os olhos e volto a engolir a saliva.
— Eu espero.
— Vamos, reservei um jantar privado. — Ele sorriu enigmaticamente e
saiu da mesa me estendendo a mão.
— Traga o seu vinho — murmura.
Agarro a sua mão, levanto e paro a seu lado. Solta a minha mão, põe
no braço, cruzamos o bar e subimos uma grande escada até a sobreloja. Um
rapaz com uniforme do Heathman se aproxima de nós.
— Senhor Deluca, por aqui, por favor.
Nós o seguimos por uma luxuosa sala de sofás, até um refeitório
privado, com uma só mesa. Era pequeno, mas suntuoso. Sob um candelabro
cintilante, a mesa está coberta por linho engomado, taças de cristal, talheres
de prata e um ramo com uma rosa branca. Um encanto antigo e sofisticado
impregnava a sala, forrada com painéis de madeira. O garçom retira a
cadeira e me sento. Eu coloco o guardanapo no colo. Ele coloca as taças na
mesa. Andrew se senta em frente a mim. Eu fico olhando para ele.
— Não morda o lábio, — ele sussurra.
Eu franzo o cenho. Caramba. Nem sequer me dei conta de que estava
fazendo isso.
— Já pedi a comida. Espero que não se importe.
A verdade é que me parece um alívio. Não estou segura de que possa
tomar mais decisões.
— Não, está tudo bem, — eu respondo.
— Eu gosto de saber que pode ser dócil. Agora, onde estávamos?
— No x da questão. — Dou outro longo gole de vinho. Está muito bom.
Andrew Deluca conhece bem os vinhos bons. Eu lembro do último gole que
me ofereceu, em minha cama. O inoportuno pensamento me fez ruborizar.
— Sim, suas objeções. — Põe a mão no bolso interno da jaqueta e tira
uma folha de papel.
Meu e-mail.
— Cláusula 2. De acordo. É em benefício dos dois. Voltarei a redigi-lo.Pestanejo. Caramba... vamos passar por cada um destes pontos, um
de cada vez. Não me sinto tão valente estando com ele. Ele parece tão sério.
Reforço-me com outro gole de vinho. Andrew continua.
— Minha saúde sexual. Bem, todas as minhas companheiras
anteriores fizeram análise de sangue, e eu faço exames a cada seis meses, de
todos estes riscos que existam. Meus últimos exames estavam perfeitos.
Nunca usei drogas. Na realidade, sou totalmente contra as drogas, e minha
empresa leva uma política antidrogas muito a sério. Insisto em que se façam
exames aleatórios e de surpresa nos meus empregados para detectar
qualquer possível consumo de drogas.
Uau... A obsessão controladora leva à loucura. Eu o encaro perplexa.
— Nunca fiz uma transfusão. Isso responde a sua pergunta?
Concordo, impassível.
— Seu ponto seguinte eu já comentei antes. Você pode sair a qualquer
momento, meredith. Não vou te deter. Mas se for... acaba tudo. Quero que
saiba.
— Ok, — eu respondo em voz baixa. Se eu for, acabou. A ideia me
parece inesperadamente dolorosa.
O garçom chega com o primeiro prato. Como vou comer? Caramba... ele
pediu ostras em uma cama de gelo.
— Espero que você goste das ostras, — Andrew diz em tom amável.
— Nunca as provei. — Nunca.
— Sério? Bem. Pegue uma. A única coisa que tem que fazer é colocar
isso na boca e engolir. Acredito que conseguirá. — Ele olha para mim e sei a
que está se referindo. Fico vermelha como um tomate. Sorrindo me diz que
devo espremer suco de limão em uma ostra e colocá-la na boca.
— Mmm, deliciosa. Tem sabor de mar, — ele diz sorrindo. — Vamos, —
ele me encoraja.
— Não tenho que mastigá-la?
— Não, meredith. — Seus olhos brilham divertidos. Parece muito jovem. Eu
aperto os lábios, e sua expressão muda instantaneamente. Ele me olha
muito sério. Estico o braço e pego a primeira ostra. Ok... isto não vai sair
bem. Jogo suco de limão e a coloco na boca. Ela desliza por minha garganta,
todo o mar, sal, e a forte acidez do limão e sua textura carnuda... Oooh.
Lambo os lábios, e ele me olha fixamente, com olhos impenetráveis.
— É bom?
— Comerei outra e lhe responderei.
— Boa garota, — me diz orgulhoso.
— Você pediu ostras de propósito? Não dizem que são afrodisíacas? —
Não, é só o primeiro prato do menu. Não necessito de afrodisíacos contigo.
Acredito que sabe, e acredito que é assim contigo também, — ele diz
tranquilamente. — Onde estávamos? — Ele dá uma olhada no meu e-mail,
enquanto pego outra ostra.Acontece o mesmo com ele. Eu o afeto... Uau.
— Obedecer-me em tudo. Sim, quero que faça. Necessito que o faça.
Considera um papel difícil, meredith?
— Mas me preocupa que me faça mal.
— Que te faça mal como?
— Fisicamente. — E emocionalmente.
— De verdade acredita que te faria mal? Que transpassaria os limites, ao
ponto de não poder aguentar?
— Você disse que tinha feito mal a alguém antes.
— Sim, mas foi há muito tempo.
-O que aconteceu?
-Pendurei-a no teto do quarto de jogos. De fato, é um dos seus pontos.
Suspensão... para isso são os mosquetões. Com cordas. E apertei muito uma
corda.
Levanto uma mão lhe suplicando que pare.
— Não preciso saber mais. Então, você que me suspender?
— Não, se realmente não quiser. Pode tirar da lista dos limites rígidos.
— Ok.
— Bom, crê que poderá me obedecer?
Lança-me um olhar intenso. Passam os segundos.
— Poderia tentar, — eu sussurro.
— Bom. — Ele sorri. — Novo termo. Um mês não é nada,
especialmente se quiser um fim de semana livre de cada mês. Não acredito
que eu possa aguentar ficar longe de ti tanto tempo. Mal o consigo agora. —
Ele pausa.
Não pode ficar longe de mim? O que?
— Que tal, um dia de um fim de semana por mês só para você. Mas
ficará comigo uma noite no meio da semana.
— De acordo.
— E, por favor, tentamos por três meses. Se você não gostar, pode
partir a qualquer momento.
— Três meses? — Sinto-me pressionada. Dou outro comprido gole de
vinho e me concedo o gosto de outra ostra. Poderia aprender o que eu gosto.
— O tema da propriedade, é meramente terminologia e remete ao
princípio da obediência. É para você entrar no estado de ânimo adequado,
para que entenda de onde venho.
— E quero que saiba que, assim que cruzar a porta de minha casa, você é
minha por inteiro, farei contigo o que me der vontade. Terá que aceitar de
boa vontade. Por isso tem que confiar em mim.
— Vou foder você, quando quiser, como quiser e onde quiser. Vou disciplinar
você, por que você vai estragar tudo. Adestrarei você para que me agrade.
Mas sei que tudo isto é novo para você.
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onde tudo começa
FanficFiz uma fic no começo do ano mais perdi a conta e aqui estou eu para reposta ela por ameaça nos grupo pois bem, né . . FIC e baseada nos 50 tons de cinza mais adaptada para conta merluca espero que gostem