12

48 5 1
                                    

algo assim por alguém. Ele ativou meus hormônios. Arde-me a pele por onde
ele passou seu dedo. Uma incômoda e dolorosa sensação me faz retorcer.
Não entendo esta reação. Mmm... Desejo. É desejo. Assim se sente alguém
quando se deseja.
Deixo-me cair sobre os travesseiros suaves de plumas. Se fosse
minha... Ai, o que estaria disposta a fazer para ser dele? É o único homem
que conseguiu acelerar o sangue em minhas veias. Mas também me põe os
nervos em pé. É difícil, complexo e pouco claro. De repente, me rechaça,
mais tarde, me manda livros que valem quatorze mil dólares, depois me
segue no bar como se fosse um perseguidor. E no fim de tudo, passei a noite
na suíte de seu hotel e me sinto segura. Protegida.
Preocupo lhe o suficiente para que venha me resgatar, de algo que
equivocadamente acreditou que fosse perigoso. E ainda é um cavaleiro. É um
cavaleiro branco, com armadura brilhante, resplandecente. Um herói
romântico. Sir Gawain ou sir Lancelot. Saio de sua cama e procuro
freneticamente meu jeans. Abro a porta do banheiro e aparece ele, molhado
e resplandecente por causa da ducha, ainda sem se barbear, com uma
toalha ao redor da cintura, e ali estou eu... De calcinhas, olhando-o
boquiaberta e me sentindo muito incômoda.
Surpreende-lhe que eu esteja em pé.
— Se está procurando seu jeans, mandei-o à lavanderia. — Ele me
fala com um olhar impenetrável. — Estava salpicado de vômito.
— Ah. — Fico vermelha. Por que diabos, tenho sempre que sentir-me
tão deslocada?
— Mandei Taylor comprar outro e umas sapatilhas esportes. Estão
nessa bolsa.
Roupa nova. Isso era realmente inesperado.
—Bom... Vou tomar banho, — eu murmuro. —Obrigada. — Que
outra coisa posso dizer? Pego a bolsa e entro correndo no banheiro para me
afastar da perturbadora proximidade de Andrew nu. David de Michelangelo
não é nada, comparado com ele. O banheiro está branco de vapor. Dispo-me
e entro rapidamente na ducha, impaciente por sentir o jorro de água quente
sobre meu corpo.
Levanto a cara para a desejada corrente. Desejo Andrew Deluca.
Desejo-o desesperadamente. É sincero. Pela primeira vez em minha vida
quero ir para cama com um homem. Quero sentir suas mãos e sua boca em
meu corpo. Ele me disse que gosta que suas mulheres estejam conscientes.
Então certamente ele se deita com mulheres. Mas não tentou me beijar,
como Paul e José. Não o entendo. Deseja-me? Não quis me beijar na semana
passada. Pareço-lhe repulsiva? Mas estou aqui, ele me trouxe. Não entendo
seu jogo. O que pensa? Dormi em sua cama a noite toda, parece-me meio
doido. Tire suas conclusões, Mer. Meu subconsciente aparece com sua feia e
insidiosa cara. Não dou a mínima importância. A água quente me relaxa.
Mmm... Poderia ficar debaixo do jato, neste banheiro, para sempre. Pego o
gel, que cheira a Andrew. É um aroma delicioso. Esfrego todo o meu corpo,
imaginando que é ele quem o faz, que ele esfrega este gel pelo meu corpo,
pelos seios, pela barriga e entre as coxas, com suas mãos, com seus dedos
longos. Minha nossa. Meu coração dispara. E é uma sensação muito... muito
prazerosa.
Ele bate na porta e levo um susto.
— Chegou o café da manhã.
— Va... valeu, — o susto me arrancou cruelmente de meu sonho
erótico.
Saio da ducha e pego duas toalhas. Com uma envolvo o cabelo ao
estilo Carmen Miranda, e com a outra me seco a toda pressa evitando a
prazerosa sensação da toalha esfregando minha pele hipersensível. Abro a
bolsa. Taylor me comprou não só um jeans, mas também uma camisa azul
céu, meias três quartos e roupas íntimas. Minha Nossa!
Sutiã e calcinha limpos... Descrevê-los de maneira mundana, não
lhes faz justiça. São de uma marca de lingerie europeia de luxo, com
desenho delicioso. Renda e seda azul celeste. Uau. Fico impressionada e um
pouco intimidada. E, além disso, é exatamente do meu tamanho. Com
certeza. Ruborizo-me pensando no rapaz, em uma loja de lingerie,
comprando estes objetos. Pergunto-me a que outras coisas ele se dedica em
suas horas de trabalho. Visto-me rapidamente. O resto da roupa também
fica perfeito. Seco o cabelo com a toalha e tento desesperadamente controlá-
lo, mas, como sempre, nega-se a colaborar. Minha única opção é fazer um
acréscimo, mas não tenho secador de cabelo. Devo ter algo na bolsa, mas
onde está? Respiro fundo. Chegou o momento de enfrentar o senhor
Perturbador. Alivia-me encontrar o quarto vazio. Procuro rapidamente
minha bolsa, mas não está por aqui. Volto a respirar fundo e vou à sala de
estar da suíte. É enorme. Há uma luxuosa zona para sentar-se, cheia de
sofás e grandes almofadas, uma sofisticada mesinha com uma pilha grande
de livros ilustrados, uma zona de estudo com o último modelo de
computador e uma enorme televisão de plasma na parede, Andrew  está
sentado à mesa de jantar, no outro extremo da sala, lendo o jornal. A sala é
mais ou menos do tamanho de uma quadra de tênis. Não que eu jogue tênis,
mas fui ver Kate jogar, várias vezes. Kate!
— Merda, Kate! — digo com voz rouca.
Andrew eleva os olhos para mim.
— Ela sabe que está aqui e que está viva. Mandei uma mensagem
pelo Eliot. — Ele diz com certa ironia.
OH, não. Recordo de sua ardente dança ontem, tirando proveito de
todos os seus movimentos, exclusivamente, para seduzir o irmão de
Andrew Deluca, nada menos. O que vai pensar sobre eu estar aqui? Nunca
passei uma noite fora de casa. Está ainda com o Eliot. Ela só fez algo assim
duas vezes, e nas duas vezes, foi meio doido para mim aguentar o espantoso
pijama cor de rosa durante uma semana, quando terminaram. Ela vai
pensar que eu também me enrolei com Andrew .
Andrew me olha impaciente. Veste uma camisa branca de linho,
com o peito e os punhos desabotoados.
— Sente-se. — ordena, assinalando para a mesa.
Cruzo a sala e me sento na frente dele, como me indicou. A mesa está
cheia de comida.
— Não sabia do que você gosta, assim pedi um pouco de tudo.
Dedica-me um meio sorriso, como desculpa.
— É um esbanjador, — murmuro atrapalhada pela quantidade de
pratos, embora tenha fome.
— Eu sou, — diz em tom culpado.
Opto por panquecas, xarope de arce, ovos mexidos e bacon.andrew
tenta ocultar um sorriso, enquanto volta o olhar a sua panqueca. A comida
está deliciosa.
— Chá? — ele pergunta-me.
— Sim, por favor.
Estende um pequeno bule cheio de água quente, na xícara há uma
saquinho do Twinings English Breakfast. Ele lembrou-se do chá que eu
gosto.
—Tem o cabelo muito molhado.
— Não encontrei o secador, — sussurro incômoda. Não o procurei.
Christian aperta os lábios, mas não diz nada.
— Obrigada pela roupa.
— É um prazer, Meredith. Esta cor te cai muito bem.
Ruborizo-me e olho fixamente para meus dedos.
— Sabe? Deveria aprender a receber galanteios, — ele me diz em tom
fustigante.
— Deveria te dar um pouco de dinheiro pela roupa.
Ele me olha como se estivesse ofendendo-o. Sigo falando.
— Já me deste os livros, que não posso aceitar, é obvio. Mas a
roupa... Por favor, me deixe que lhe pague isso, — digo tentando convencê-lo
com um sorriso.
— Meredith, eu posso fazer isso, acredite.
— Não se trata disso. Por que teria que comprar esta roupa?
— Porque posso.
Seus olhos despedem um sorriso malicioso.
— O fato de que possa não implica que deva, — respondo
tranquilamente.
Ele me olha elevando uma sobrancelha, com olhos brilhantes, e de
repente me dá a sensação de que estamos falando de outra coisa, mas não
sei do que. E isso me recorda.
— Por que me mandou os livros, Andrew? — pergunto-lhe em tom
suave.
Deixa os talheres e me olha fixamente, com uma insondável emoção
ardendo em seus olhos. Maldito seja... Ele me seca a boca.
— Bom, quando o ciclista quase te atropelou... e eu te segurava em
meus braços e me olhava me dizendo: "me beije, me beije, Andrew "... Ele
encolhe os ombros. — Bom, acreditei que te devia uma desculpa e uma
advertência. — passou uma mão pelo cabelo. — Meredith, eu não sou um
homem de flores e corações. Não me interessam as histórias de amor. Meus
gostos são muito peculiares. Deveria te manter afastada de mim. — Fecha os
olhos, como se negasse a aceitá-lo. — Mas há algo em ti que me impede de
me afastar. Suponho que já o tinha imaginado.
De repente, já não sinto fome. Não pode afastar-se de mim!
— Pois não te afaste — eu sussurro.
Ele ficou boquiaberto e com os olhos nos pratos.
— Não sabe o que diz.
— Pois me explique isso.
Olhamo-nos fixamente. Nenhum dos dois toca na comida.
— Então, sei que sai com mulheres... — digo-lhe.
Seus olhos brilham divertidos.
— Sim, meredith, saio com mulheres. — Ele faz uma pausa para que
assimile a informação e de novo me ruborizo. Tornou-se a romper o filtro que
separa meu cérebro da boca. Não posso acreditar que disse algo assim em
voz alta.
— Que planos tem para os próximos dias? — Ele me pergunta em
tom suave.
— Hoje trabalho, a partir do meio-dia. Que horas são? — exclamo
assustada.
— Pouco mais de dez horas. Tem tempo de sobra. E amanhã?
Colocou os cotovelos sobre a mesa e apoiou o queixo em seus compridos e
finos dedos.
— Kate e eu vamos começar a empacotar. Mudamos para Seattle no
próximo fim de semana, e eu trabalho no Clayton's toda esta semana.
— Já têm casa em Seattle?
— Sim.
— Onde?
— Não recordo o endereço. No distrito de Pike Market.
— Não é longe de minha casa, — diz sorrindo. — E no que vais
trabalhar em Seattle?
Onde quer chegar com todas estas perguntas? O santo inquisidor
Andrew Deluca é quase tão pesado como a Santa inquisidora Katherine
Kavanagh.— Mandei meu curriculum para vários lugares para fazer estágio.
Ainda espero resposta.
— E a minha empresa, como te comentei?
Ruborizo-me... Claro que não.
— Bom... não.
— O que tem de ruim com minha empresa?
— Sua empresa ou sua "companhia"? — pergunto-lhe com uma
risada maliciosa.
— Está rindo de mim, senhorita Steele?
Inclina a cabeça e acredito que parece divertido, mas é difícil sabê-lo.
Ruborizo e desvio meu olhar para meu café da manhã. Não posso olhá-lo nos
olhos quando fala nesse tom.
— Eu gostaria de morder esse lábio — sussurra perturbadoramente
Não estou consciente de que estou mordendo meu lábio inferior.
Depois de um leve susto, fico boquiaberta. É a coisa mais sexy que me disse.
Meu coração pulsa a toda velocidade e acredito que estou ofegando. Meu
Deus! Estou tremendo, totalmente perdida e meio doida. Mexo-me na
cadeira e procuro seu impenetrável olhar.
— Por que não o faz? — o desafio em voz baixa.
— Porque não vou te tocar, Meredith.. não até que tenha seu
consentimento por escrito — diz-me esboçando um ligeiro sorriso.
O quê?
— O que quer dizer?
— Exatamente o que falei. — Sussurra e move a cabeça divertido,
mas também impaciente.
— Tenho que lhe mostrar isso meredith. A que hora sai do trabalho
esta tarde?
— Às oito.
— Bem, poderíamos ir jantar na minha casa em Seattle, esta noite ou
no sábado que vem, onde lhe explicaria isso. Você decide.
— Por que não me pode dizer isso agora?
— Porque estou desfrutando o meu café da manhã e de sua
companhia. Quando você souber, certamente não quererá voltar a me ver.
— O que significa tudo isto? Trafica com meninos de algum recôndido
fundão do mundo para prostituí-los? Faz parte de alguma perigosa gangue
mafiosa?
Isso explicaria por que é tão rico. É profundamente religioso? É
impotente? Seguro que não... poderia me demonstrar isso agora mesmo.
Incomodo-me pensando em todas as possibilidades. Isto não leva a nenhuma
parte. Eu gostaria de resolver o enigma de andrew Deluca, o quanto antes.
Se isso implicar que seu segredo é tão grave que não vou querer voltar ou ter
nada com ele, então, a verdade será um alívio. Não te engane!, grita o meu
subconsciente. Terá que ser algo muito mau para que saia correndo.70
— Esta noite.
— Esta noite.
Levanta uma sobrancelha.
— Como Eva, quer provar quanto antes o fruto da árvore da ciência.
Solta uma risada maliciosa.
— Está rindo de mim, senhor Grey? — pergunto-lhe em tom suave.
Olha-me apertando os olhos e saca seu BlackBerry. Tecla um
número.
— Taylor, vou necessitar do Charlie Tango.
Charlie Tango! Quem é esse?
— Desde Portland. A... digamos às oito e meia... Não, fica na escala...
Toda a noite.
Toda a noite!
— Sim. Até amanhã pela manhã. Pilotarei de Portland a Seattle.
Pilotará?
— Piloto disponível ás dez e meia.
Deixa o telefone na mesa. Nem por favor, nem obrigado.
— As pessoas sempre fazem o que lhes manda?
— Eles devem fazê-lo, se não quiserem perder seu trabalho, — ele
responde-me inexpressivo.
— E se não trabalharem para ti?
— Bom, posso ser muito convincente, Anastásia. Deveria terminar o
café da manhã. Logo a levarei para casa. Passarei para te buscar pelo
Clayton's as oito, quando sair. Voaremos à Seattle.
— Voaremos?
— Sim. Tenho um helicóptero.
Olho para ele boquiaberta. Segunda entrevista com o misterioso
Andrew Deluca. De um café a um passeio em helicóptero. Uau.
— Iremos a Seattle de helicóptero?
— Sim.
— Por quê?
Ele sorri perversamente.
— Porque posso. Termine o café da manhã.
Como vou comer agora? Vou a Seattle de helicóptero com Andrew . E quer me morder o lábio... Estremeço só de pensar.
— Coma, — ele diz bruscamente. — meredith, não suporto jogar
comida fora... Coma.
— Não posso comer tudo isto, — digo olhando o que ficou na mesa.
— Coma o que há em seu prato. Se ontem tivesse comido como
devido, não estaria aqui e eu não teria que mostrar minhas cartas tão cedo.
Aperta os lábios. Parece zangado.
Franzo o cenho e miro a comida que há em meu prato, já fria. Estou
muito nervosa para comer, andrew . Você não entende? Explica meu

onde tudo começa Onde histórias criam vida. Descubra agora