Capítulo 1

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Taehyung on

Estava à procura de Jimin que havia sumido durante o discurso da Son Chaeyoung.

Estávamos na festa de bodas de quatro anos dos nossos amigos, Namjoon e Dahyun. Era o dia em que faziam exatos quatro anos casados e decidiram comemorar com uma festinha íntima entre familiares e amigos próximos.

― Viu o Jimin por aí, Hyung? ― perguntei a Seokjin, que se encontrava no bar do salão de festa bebendo todas.

― Não. ― o ruivo negou, bebendo um gole de seu champanhe.

― A Seulgi e o esposo dela querem ir embora, mas não antes do Jimin se despedir da Nabi. ― disse, olhando ao redor à procura do loiro.

― Por que não procura no jardim. Acho que Jungkook comentou ter o visto por lá. ― sugeriu, pegando outra taça e saindo.

― Valeu. ― agradeci, mesmo que não pudesse mais me ouvir.

Me direcionei até o jardim do salão de festa, descendo as escadas de cimento negro até o gramado bem iluminado. Caminhei um pouco até achá-lo parado no parepeito que dava a visão da praia e do mar.

― O que faz aqui sozinho, Ji? ― o perguntei me aproximando.

― Estava apenas respirando ar puro. ― disse ele, se assustando um pouco com minha presença.

Então, percebi o cigarro em seus dedos, que ele bem tentou esconder, mas desistiu por saber que eu já tinha visto.

― Voltou a fumar? ― estreitei os olhos não crendo naquilo. Jimin estava sem fumar há três anos.

― Não me olhe assim, Taehyung. É só um cigarro. ― resmungou desviando o olhar para a maré que batia nas pedras lá embaixo.

Me aproximei mais um pouco ficando ao seu lado.

― Por que voltou com esse vício nojento? ― questionei.

― Estresse. ― respondeu simplista.

― Estresse?

― É Taehyung, estresse. ― repetiu meio irritado. ― O cigarro alivia o estresse, é isso.

― E com o que exatamente está estressado, posso saber?

Jimin me lança um olhar de relance e suspira apagando o cigarro depois de uma última tragada forte.

― Trabalho, um monte de contas e mensalidades para pagar, mais trabalho, uma criança para cuidar que não para de crescer e pedir coisas, mais trabalho... e assim vai. ― respondeu com um tom de voz relativamente cansado. ― Minha cabeça não para um segundo, Taehyung. Eu preciso descontar em algo. Melhor que na bebida, não acha? ― me encarou.

― Se você está se sentindo sobrecarregado, pede umas férias do escritório, tenho certeza que o Namjoon vai compreender. ― sugeri querendo ajudá-lo. 

Jimin apenas soltou outro suspiro e virou o rosto.

― Deixa para lá ― desconversou, indisposto a conversar ― Vamos voltar para festa. Seulgi já deve querer ir embora, amanhã ela acorda cedo e o Jonghyun também.

Girou os calcanhares e rumou de volta para dentro do salão de festa sem esperar por mim.

Jimin e eu estávamos juntos a cerca de cinco anos. Como esperado, nosso relacionamento foi um mar de rosas no início quando nos mudamos e fomos morar juntos, mas com o passar do tempo o convívio diário se mostrou bem mais complicado do que imaginávamos que seria. O temperamento de Jimin vinha sendo o pior dos nossos problemas, ele continuava inconstante demais, algo que não havia mudado. Jimin sempre foi do tipo de pessoa que gostava de tudo do jeito dele e se não acontecesse como ele esperava, tudo se tornava um caos dentro daquela cabecinha conturbada dele.

E ultimamente tudo parecia ser motivo para estar mal humorado ou chateado, mesmo que ele tentasse esconder de mim e da Nabi na maioria das vezes. Ele sempre teve um dom incrível para simplesmente se isolar em seu próprio mundinho, não compartilhando os problemas comigo e mais ninguém. Igual a quando éramos adolescentes. Claro que Jimin havia amadurecido muito com o tempo e o fato de ter sido pai jovem o deu um grande ar de responsabilidade e discernimento, mas em outros aspectos ele não mudou muito. Levou um bocado de tempo para largar a bebida, ainda mais o cigarro.

Porém, a alguns meses em uma certa noite eu o peguei bebendo escondido. Ele garantiu que não tocou um gole de álcool na boca, que apenas cogitou beber por isso colocou no copo. Eu não duvidei de sua palavra nem o julguei naquele momento, afinal entendia que tinha sido o pior dia de sua vida e ele procurava um alívio para toda a dor e tristeza de ter enterrado o pai. O Sr. Park havia falecido de câncer no pâncreas no dia do nosso aniversário de namoro. O hospital ligou para o escritório naquela manhã e Jimin desabou ao receber a notícia do falecimento do pai. E então, uma semana depois ele apareceu bêbado em casa tropeçando nos próprios pés e falando coisas sem sentido que apenas bêbados falam e entendem. Eu o questionei o motivo de ter bebido no dia seguinte, mas o mesmo desviou da conversa e disse que não iria se repetir.

Algo que não havia se repetido de fato, mas isso não diminuía minha desconfiança e a enorme preocupação que tinha com ele. Quando Jimin decidia se fechar era muito difícil trazê-lo de volta à superfície. Mas de uns dias para cá eu pensei que as coisas poderiam estar finalmente melhorando e voltando aos eixos, ele parecia mais ativo, tinha voltado a comer quem nem gente e as quebras de humor inconstantes tinha diminuido, o que era de se estranhar, mas devido a todas as discussões e diálogos que quis ter com ele sobre, podia ser um momento perfeito para conversarmos sobre nosso relacionamento.

Bom, eu pensei que fosse.

Suspirei alto, o seguindo para dentro do salão de festa. 

About Last Night 2 {Vmin}Onde histórias criam vida. Descubra agora