Capítulo 16

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Jimin on

― Park, você está com o que chamamos de anemia hemolítica.

Anunciou o Dr. Han depois da cacetada de exames que fiz, incluindo exame de sangue e urina, que agora estavam em suas mãos.

Eu odiava os hospitais por um grande motivo. Odiava diagnósticos ruins.

― O que isso significa? ― fui logo o questionando afobado e meio preocupado.

― Taehyung deve saber que é uma doença autoimune que acontece quando o sistema imune passa a produzir anticorpos que atuam destruindo as hemácias do sangue, causando a anemia. ― pareceu explicar simplificadamente, mas não para mim. Já Taehyung sabia do que ele estava falando, dava para ver pelo olhar dele.

― Sim, estudei um pouco sobre isso. ― respondeu, suspirando alto, enquanto eu o encarei de relance.

― E? ― havia um ponto de interrogação bem no meio da minha testa.

― Esse tipo de anemia é bem comum em adultos jovens, como você. ― disse me olhando ― Mas ainda não se sabe exatamente qual a razão pela qual há produção de anticorpos contra as hemácias no geral, no entanto acredita-se que a desregulação do sistema imune pode ser por alguma infecção, o uso de alguns medicamentos ou a presença de uma outra doença autoimune que podem favorecer a ocorrência da anemia hemolítica. ― continuou o Dr. Han.

― E como se resolve isso? ― mais uma pergunta minha.

― O tratamento indicado envolve o uso de medicamentos para regular a atividade do sistema imune, como corticoides e imunossupressores. ― respondeu.

Suspirei um pouco aliviado em saber que poderia apenas tomar remédios, mesmo que odiasse essa opção.

― Mas em alguns casos também indicamos a remoção do baço, chamada de esplenectomia, já que é nesse órgão que as hemácias são destruídas. ― acrescentou.

― Isso está fora de questão. ― recusei.

― Jimin? ― Taehyung me encarou como se eu tivesse dito bobagem.

― Você falou sobre medicamentos, eu opto por isso. ― eu disse decidido. Taehyung desviou o olhar os fechando e balançando a cabeça em negação.

― Como queira. ― o dr. Han concordou, anotando algo e entregando ao moreno ao meu lado. O médico e ele eram amigos, se conheceram quando Taehyung estava fazendo estágio no hospital para idosos onde o Dr. Han também trabalhava voluntariamente. ― Faça com que ele tome todos os dias nos horários corretos.

― Irei providenciar os remédios assim que saímos daqui e o farei tomar todos direitinho. ― Taehyung garantiu.

― Sentir fraqueza, palidez, perda de apetite, dor de cabeça, falha da memória, pele seca, indisposição e desmaios, são comuns dos sintomas da doença. Mas se persistirem mesmo com os medicamentos, peço que retorne imediatamente. ― informou ― De qualquer forma eu gostaria de ver o Jimin daqui duas semanas. ― pediu, anotando algo em seu computador.

― Ele virá ― mais uma vez Taehyung declarou em meu lugar, se levantando.

― Tudo bem, espero que melhore logo, Jimin. ― falou de maneira mais informal, apertando minha mão ao que eu também ficava de pé.

― Obrigado. ― agradeci.

― Eu agradeço pela ajuda, Han. ― Taehyung também agradeceu ao amigo.

― Sempre que precisar. ― o jovem médico sorriu mostrando seus dentes brancos todos aliados, ao que nos acompanhava até a porta de seu consultório.

Saímos, nos despedindo do médico mais uma vez e caminhamos pelo corredor até o elevador. Mas antes de ir embora, passamos na creche do hospital para buscar Nabi.

― O papai já tá bom? ― ela perguntou assim que nos viu correndo na minha direção.

― Estou sim, princesa. ― confirmei, pegando-a no colo.

― Não 100%, mas logo ficará. ― comentou Taehyung ao meu lado.

Lancei um olhar de advertência para ele, mas sorri ao encarar o rostinho de minha filha novamente. Ela me abraçou pelo pescoço enquanto saímos do hospital.

Em casa, eu fui direto para o quarto, depois de deixar Nabi no sofá brincando o Tanzinho, enquanto Taehyung foi na direção da cozinha com a sacola de remédios que havia comprado. Segundos depois ele passou pela porta do quarto segurando um copo d'água e dois comprimidos diferentes na outra mão.

― Tome os dois agora. ― pediu, estendendo-os na minha direção.

Estava terminando de trocar de roupa. Vesti a camiseta de mangas longas e peguei os comprimidos e o copo com água, tomando de uma vez. 

― Satisfeito? ― mostrei a língua e entreguei o copo de volta passando por ele a caminho da suíte.

― O que é que você tem? ― percebeu algo de errado, me seguindo até o banheiro.

― Nada. ― respondi seco.

― Fala comigo.

― Já disse que não é nada.

― Acha que eu acredito? ― arqueou a sobrancelha. Dei de ombro colocando pasta na minha escova e comecei a escovar os dentes.― Jimin eu te conheço muito bem. Sei que tem algo te incomodando. ― comentou, sempre querendo ter a razão.

Bufei, cuspindo dentro da pia e enxaguando a boca e a escova antes de guardá-la. Ajeitei os fios loiros que estavam em meu rosto e o encarei.

― Eu odeio hospitais, médicos e remédios, só isso. ― respondi, passando por ele mais uma vez.

― Não é só isso, é? ― insistiu.

― O que mais você quer que eu diga? ― me virei para ele.

Engoliu em seco com a rispidez em minha voz.

― Talvez o fato de saber que está doente e odiar isso. ― respondeu tomando coragem. ― Você odeia depender das pessoas, sendo uma delas o seu próprio namorado. E acha que agora que está com essa doença vai ter que depender de mim de alguma forma. Estou errado?

Soltei um suspiro alto desviando o olhar.

Ele não estava errado. Porém eu não iria admitir isso. Então, apenas saí do quarto.

― Onde você está indo? ― questionou quando veio atrás de mim e me viu calçando os sapatos.

― Estou indo dar uma volta, o que acha? ― respondi novamente sendo seco.

― Você pode desmaiar de novo se...

― Então nem sair mais eu posso, é isso? ― esbravejei me virando na direção de onde ele estava parado me encarando.

― Papa? ― Nabi me olhou com os olhinhos assustados, nunca tinha me ouvido levantar a voz desse jeito antes.

― Não foi nada, princesa. Desculpa, o papai não quis gritar, foi sem querer. ― sorri, dando um beijinho no topo de sua cabeça.

― Vai sair papai? ― perguntou curiosa, ainda um pouco assustada abraçada ao Tanzinho.

― O papai já volta. ― sorri novamente, pegando meu casaco e minhas chaves, saindo pela porta sem olhar para Taehyung.

Entrei no carro dirigindo para outro lugar onde eu poderia ficar sozinho e pensar melhor. 

About Last Night 2 {Vmin}Onde histórias criam vida. Descubra agora