Asas entre chamas

Um drink para o anjo

    As manhãs nunca foram as mesmas desde a chegada de Wonwoo. Ele era, certamente, a companhia mais inusitada que Jeonghan podia imaginar, mas não tinha como ele pedir por alguém melhor para dividir seu apartamento. Era pacífico ter o meio demônio perambulando pela sala com um livro na mão e três cobertas presas em seus ombros protegendo-o do frio.

    Suas conversas eram rotineiras, desde o café da manhã em que Jeonghan quase não conseguia prestar atenção no colega por causa do sono, até o tempo que passavam em frente à televisão vendo algum programa de comédia que não tinha graça alguma, mas nenhum dos dois se importava de desligar ou mudar o canal porque, estar ali, sentado em silêncio, contemplando a companhia um do outro, já era suficiente para eles.

    Jeonghan aprendeu a apreciar a companhia de Wonwoo assim como o outro fazia consigo e, incrivelmente, eles funcionavam bem juntos.

    Já com relação a situação de Mingyu e Wonwoo, as coisas ainda eram complicadas - se não delicadas, para dizer o mínimo. O anjo ficou sabendo, por meio da criatura fofoqueira que descobriu que Seungcheol era, que o casal havia conversado e se resolvido, mesmo que parcialmente. Wonwoo ainda se recusava dormir no mesmo lugar que alguém que fosse fraco o suficiente para ele invadir os sonhos e isso causava imensa tristeza em Mingyu - coisa perceptível pelo olhar de cachorrinho e os bicos que ele fazia quando levava o namorado e o anjo até em casa e precisava deixar o lugar para ir para sua casa.

    Com Seungcheol as coisas eram diferentes, eles eram a melhor definição de esquisito que ele podia achar. Suas conversas por mensagens quase sempre se tratavam de Wonwoo e Mingyu e de atualizações sobre o casal, e, em outros momentos, sobre como Hansol não parecia mais tão abalado e as enormes olheiras, que antes acompanhavam o visual de cada dia de Seungkwan, já não estavam mais lá.

    Eles quase nunca falavam sobre eles mesmo ou perguntavam um sobre o outro - tirando o estranho dia em que Jeonghan jurou ter lido uma mensagem de Seungcheol dizendo algo sobre ele ficar fofo quando esquecia de pentear os cabelos antes de ir para Manderley em alguma manhã aleatória. Nunca soube se o que leu era verdade, porque a mensagem desapareceu completamente na conversa.

    Todo mundo parecia estar incrivelmente bem nos últimos dias, ou eram atores impecáveis e Jeonghan preferiu acreditar que nenhum deles tinha a capacidade de atuar tão bem - pelo bem de sua saúde mental.

    Aquela noite era a tão esperada em que iriam sair para o lugar escolhido por Hansol e Jeonghan sabia que provavelmente era somente ele não conhecia o lugar já que foi o único a pedir o endereço quando o nome do local foi citado. Não chegou a imaginar que seria uma boate - o letreiro neon dizia muita coisa sobre o lugar - em um dos melhores bairros de Seul segundo sua pesquisa.

    Quando ele se aproximou da entrada com Wonwoo ao seu lado tentando proteger seu corpo do frio, viu de primeira Hyuna sobre um salto gigantesco e uma jaqueta com a bandeira estadunidense gravada no tecido - questionou se estava pouco vestido para a ocasião. Hyojong tinha um dos braços sobre o ombro dela e ele estava vestindo calças largas e uma jaqueta jeans que cobria a camisa arrastão dele. Tinha o detalhe do delineado laranja em torno de seus olhos que foi impossível o anjo ignorar.

    O casal estava destrutivamente impecável.

    A pessoa que reparou sua chegada foi Mingyu, esse ignorou a existência de Jeonghan e correu para o lado Wonwoo. Ele quase não conseguiu perceber o que o Kim vestia, mas ele estava elegantemente simples com calças pretas e uma camisa lisa branca. Jeonghan estava começando a desconfiar que era requisito para entrar naquele grupo, ser estiloso de qualquer jeito e a todo momento.

    - Ainda bem que já chegaram. - Seungkwan se aproximou deles em alguns passos. Jeonghan notou que seu sobretudo caramelo cobria toda sua roupa. - Só falta Seungcheol e podemos entrar.